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13 de outubro de 2017

Rio de Paixões

Dois dias antes de suas bodas com o marquês Maurice du Mercier, a bela Shemaine é sequestrada e enviada às Colônias como prisioneira. 

Em meados do século XVIII, muitos condenados eram enviados às colônias inglesas na América, onde deviam trabalhar como serventes durante longos anos. 
Shemaine consegue sobreviver à viagem, mas sua grande beleza e seu caráter intrépido provocam o ódio e a inveja das pessoas que a rodeiam. 
Ao atracar o navio na costa da Virginia, a prisioneira é comprada por Gage Thornton. O homem é considerado um assassino pelos habitantes do povoado e só adquiriu Shemaine para que cuide de seu pequeno filho. 
Não sabe que talvez seu coração possa trai-lo. Logo o temor da jovem desaparecerá frente à ternura de Gage, e ambos se apaixonarão profundamente. Arrastados por uma corrente de paixões e ódios, Gage e Shemaine deverão lutar contra seus perversos inimigos para salvar seu amor. 

Capítulo Um 

Newportes Newes, Virginia, 25 de abril de 1747. 
O London Pride roçou contra o cais quando as rajadas cada vez mais intensas de um vento do nordeste balançaram lentamente o navio amarrado. Perto dos batentes dos mastros passavam as nuvens, como escuros presságios da tormenta que se aproximava. As gaivotas mergulhavam do cordame do navio, acompanhando com seus roucos grasnidos o ruído das correntes que carregavam uma dupla fila de sentenciados fracos e esfarrapados, que saíam pela escotilha arrastando os pés sobre as gastas tábuas da coberta. 
Os homens, presos com grilhões nos tornozelos e unidos entre si por menos de um metro de corrente, receberam a ordem de alinhar-se para serem inspecionados pelo contramestre. As mulheres, por outro lado, estavam algemadas separadamente e podiam mover-se a seu próprio ritmo pela proa, onde lhes tinham ordenado aguardar. Mais adiante, a popa, um marinheiro que limpava o convés, interrompeu sua tarefa para observar a este último grupo. 
Depois de um precavido olhar à ponte de comando, a persistente ausência do capitão Fitch e de sua bovina esposa o animaram e, depois de guardar depressa seu balde e sua vassoura, aproximou-se com passo seguro pelo convés. 
Rebolando como um galo ao redor das esfarrapadas mulheres, com seu sorriso luxurioso e suas rudes maneiras, provocou um muro quase sólido de defesa, constituído por turvos olhares. Houve só uma exceção: uma rameira de olhos escuros e cabelos negros, que tinha sido condenada por roubar dinheiro dos homens com quem se deitava e de causar feridas graves a um bom número deles. Ela foi quão única dedicou um sorriso promissor ao marinheiro. 
—Senhor Potts, faz quase uma semana que não vejo a pequena trotona — comentou com aspereza a rameira, dirigindo uma careta triunfal a suas furiosas companheiras
—. Não vai me dizer que a pequena mendiga encontrou a morte no paiol das correntes? O teria bem merecido por me golpear o nariz. Uma menina miúda de cabelos lisos castanhos abriu passo entre o grupo de mulheres e replicou com vivacidade à prostituta:
 —Pode soltar todo seu veneno, Morrisa Hatcher, mas aqui todas nós sabemos que milady te deu seu castigo, nem mais nem menos. Pelo modo como lhe golpeou as costelas quando ela não estava olhando, você deveria ter sido trancada no paiol das correntes!