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23 de julho de 2019

O Anjo e o Canalha

Série Os Irmãos Kensington 

Phillip Kensington, marquês Huntley, foi ferido e dado como morto antes de ser descoberto e levado a uma abadia próxima para recuperar-se. 

Tinha sido um bêbado, uma desgraça, e a ruína de mais de uma mulher decente. Mas não demora para ver-se reformado, e apaixonado por uma mulher que não pode ter. Ângela Sullivan planejava dedicar sua vida a um homem celestial e imortal. Em troca, vê-se cuidando de um diabolicamente belo canalha, que provoca sentimentos que acreditava ter dominado fazia muito tempo. Odeia seus célebres pecados, mas nunca contou apaixonar-se profundamente pelo pecador. Seus passados não demoram em alcançá-los, e uma segunda oportunidade ao amor parece ser muito a se esperar. Aí é quando intervém lady Palmerston, uma parente longínqua de Ângela, com seu próprio e negligente modo de se conduzir como acompanhante e que deve assegurar um final feliz para as duas pessoas que a sociedade espera ver casadas.

Capítulo Um

Abadia de Stanbrook, Sussex, Inglaterra, setembro de 1821
Ao abrir os olhos, Phillip não reconheceu o que viu. Uma luz estranha e sedosa lhe deslumbrava. Deu-se conta de que tinha amanhecido. Não era capaz de recordar quando tinha sido a última vez que tinha visto a luz da manhã. Para ele, era um espaço de tempo que passava dormindo atrás de cortinas de veludo, depois de ter estado toda a noite bebendo, jogando cartas e em companhia feminina. Piscou até que seus olhos se acostumaram à luz. O que fazer pela manhã? «Tomar o café da manhã» recordou, dando a volta na cama e encolhendo-se de dor. 
Procurou a campainha para chamar o serviço. Os músculos do braço e o peito lhe doíam. Procurou em vão pela campainha. Não havia! Como ia comer se não podia chamar a nenhum criado? Iria morrer de fome. Phillip se voltou uma vez mais na cama para deitar-se de barriga para cima, algo que lhe resultou bastante doloroso. Que diabos teria feito? E onde demônios estava? Jogou uma olhada ao lugar onde se achava: pelo estreito que era, certamente se tratava de uma cela. Estava em um cárcere. 
As paredes e o chão eram de pedra cinza. Havia uma porta e na parede oposta uma janela, pela qual se via o céu. Não havia tapetes nem cortinas, nem nada que não fosse estritamente necessário: a estreita cama sobre a qual jazia, uma mesinha de noite e uma cadeira, ambas de tão má qualidade que Phillip se perguntou se eram obra de algum carpinteiro bêbado. Fim do inventário. 
Esse lugar não tinha nada a ver com nenhuma das casas que tinha ocupado em seus vinte e nove anos de vida. Cliveden, a residência ducal onde tinha passado sua juventude, tinha conhecido épocas melhores, mas ao menos conservava os tapetes em todas as habitações. E o apartamento de Paris, do qual tinha fugido recentemente — isso sim recordava, — embora pequeno, — só dez habitações — estava decorado com um gosto requintado. Inclusive a habitação da donzela tinha cortinas. Não deixava de se perguntar onde diabos se encontrava. 
Não podia sair de suas dúvidas porque faltava a ditosa campainha. Sem ela não podia chamar um criado para que respondesse suas perguntas. Phillip acabou por chegar à conclusão de que não tinha conseguido livrar-se de seus perseguidores. Ao tratar de recordar o que tinha acontecido, começou a sentir uma dor aguda na cabeça. 
Tudo que se lembrava era da escuridão fechada da noite, do som constante dos cascos dos cavalos e da chuva fria que lhe golpeava a cara impregnando-o até os ossos. Recordava estar olhando de maneira constante para trás, para ver se pôr fim os tinha despistado. Depois disso, não recordava mais nada.
Tendo em conta a dor que sentia e a espécie de cela em que se encontrava, tinha chegado à conclusão de que o tinham alcançado. Mas estava muito cansado e dolorido para pensar nisso agora. Nem sequer ficavam forças para preocupar-se pelos passos que às vezes se ouvia no corredor, passando diante de sua porta. Seu interesse despertou quando viu entrar no quarto, uma mulher com uma bandeja na qual esperava que houvesse comida. — É um anjo.








Série Os Irmãos Kensington 
1- Gêmeos e Rivais
2-  O Anjo e o Canalha
Série concluída

16 de julho de 2019

Gêmeos e Rivais

Série Os Irmãos Kensington

Uma americana recém-chegada Emília Highhart, está na boca de toda Londres.

Possui beleza, encanto, inteligência e certo exotismo. Infelizmente, a graça não é uma de suas virtudes. Escadas, portas e inclusive o chão parecem ser seus inimigos, deixando-a com frequência prostrada e mortificada no meio de um monte de musselina. Contudo, seu cartão de dança não demora em encher-se com os nomes dos homens mais adequados no seu primeiro baile. Mas Emília só tem olhos para um homem... Aquele que sua tia apontava como inadequado, lorde Phillips... Na realidade, não se tratava do verdadeiro lorde Phillips. Enquanto o verdadeiro Phillip, dedicava-se a esbanjar os recursos da família, seu gêmeo, Devon, o “substituto” deveria assistir a atos sociais atuando como lorde Phillips... Tudo por alguns malditos minutos de diferença. Ambos os homens não demoraram em iniciar uma competição por Emília. E sob a vigilância, não tão estreita, de lady Palmerston, tia e acompanhante da jovem dama, Emília será cortejada em segredo por dois homens diferentes, mas com o mesmo rosto. Mas só um deles é o amor de sua vida...

Capítulo Um

Londres, 1818 
A senhorita Emília Highhart estava sempre tropeçando e caindo. E desta vez, no entanto, quando ela tropeçou, em vez de terminar com hematomas em partes inomináveis de sua anatomia, ela se apaixonou. Ela soube que era amor instantaneamente. E ficou satisfeita em perceber, porque a verdade era que sua cabeça parecia incapaz de pensar.
Aconteceu assim: foi o primeiro baile de sua primeira temporada em Londres, e dada a sua desastrosa tendência a tropeçar a qualquer momento, ela olhou aterrorizada para a escadaria de mármore que se curvava para o corredor. Dentro de seus delicados sapatos de cetim, rosa pálido e adornados com contas, os dedos dos pés estavam se encolhendo com ansiedade.
Enquanto ela fazia uma pausa para reunir coragem para descer, olhou com admiração para as senhoras que deslizavam como cisnes pelas águas de um lago sereno naquele chão encerado. Sua própria tia e acompanhante, Lady Palmerston, parecia flutuar escada abaixo sem olhar para os pés nem se agarrar ao corrimão. Ela até conseguia sorrir para seus amigos ao mesmo tempo!
Emília ficou parada por muito tempo, então respirou fundo, segurou o corrimão com força, deu um passo indeciso e rezou. Ela já estava no meio do caminho e estava indo muito bem, quando aconteceu.
Por um segundo, ela olhou para baixo e viu um homem tão fascinante que teve que parar. Parecia que tinha acabado de sair das páginas de um daqueles romances populares que lia com frequência.
Nossa, nunca viu um homem tão... Masculino na vida real. Mas não era apenas seu peito largo no terno preto e branco, ou suas feições firmes, ou seus cabelos negros, curtos e penteados para trás de uma maneira casual que acentuava as maçãs do rosto que pareciam ter sido cinzelados em granito. Claro, ele era bonito e só um tolo poderia dizer que não era.
No entanto, foi sua maneira de se comportar que conquistou seu coração. Ele se movia com firmeza e determinação, como se tivesse um objetivo, absolutamente certo de que seu corpo não iria traí-lo. Emília sentiu uma grande inveja. Ele deu um passo decidido para cima; ela, um passo delicado para baixo. Seus olhos se encontraram, eles não se afastaram. E assim continuaram.



Série Os Irmãos Kensington 
01- Gêmeos e Rivais