Chloe Gresham não esperava uma recepção calorosa, afinal, seu novo guardião era um total desconhecido.
Mas quando Sir Hugo Lattimer adentrou Denholm Manor, depois de uma noite de farra e descobriu que ele estava vinculado a uma jovem pupila incontrolável e bonita, o belo solteiro deixou perfeitamente claro que não queria nada com ela.
Chloe, no entanto, tinha suas próprias idéias...
Impulsionado por memórias sombrias de um desesperado tormento, a última coisa que Hugo precisava era uma estudante irritante, enfurecedora, imprevisível, e especialmente uma cuja deslumbrante beleza e sensualidade natural desafiavam o seu autocontrole.
No entanto, ele devia à moça e para isso precisava transformá-la em uma dama e casá-la com um jovem senhor rico, em Londres. E, por Deus, iria fazê-lo... caso pudesse resistir à tentação de levá-la para sua cama... e se também pudesse mantê-la a salvo daqueles que usaria uma jovem inocente para executar uma desavergonhada vingança.
Capítulo Um
Agosto de 1819,
Já tinha avançado a manhã quando o fatigado cavalo percebeu, por fim, o aroma do lar, transpôs a entrada de pedra e entrou pelo acidentado atalho que conduzia à casa senhorial de Denholm Manor.
O animal soprou pelo nariz, levantou a cabeça e, quando a casa branca e negra, protegida em parte pelas árvores, apareceu ante sua vista, pôs-se a trotar. O sol quente iluminava as janelas gradeadas e iluminava as vigas vermelhas do teto alto.
A casa tinha um ar de descuido que se manifestava no caminho com seus sulcos de lodo endurecido invadido de ervas daninhas nos emaranhados arbustos, um triste resto do que tinham sido em outros tempos cercas vivas lindamente podadas.
Hugo Lattimer deteve seu cavalo, sem registrar nada disso. Só percebia que lhe palpitava a cabeça, tinha a boca ressecada e lhe ardiam os olhos. Era incapaz de recordar como havia passado as horas transcorridas desde que saíra de sua casa na noite anterior: certamente, em alguma taverna dos subúrbios de Manchester, bebendo um desses conhaques que queimam as tripas e divertindo-se com alguma rameira, até cair sem sentido. Era seu modo habitual de passar as horas noturnas.
Sem necessidade de receber indicações, o cavalo passou por debaixo do arco de entrada que havia a um lado da casa e entrou no pátio pavimentado. Então Hugo notou que em sua ausência tinha acontecido algo fora do comum.
Piscou, sacudiu a cabeça e observou perplexo, a carruagem de aluguel que descansava ao pé da escadaria de entrada da casa. Visitas... Ele jamais recebia visitas. A porta lateral estava aberta; isto também era pouco usual. Em que diabos estaria pensando Samuel?
Já abria a boca para gritar chamando Samuel quando um cão mestiço saiu saltando pelo vão da porta, ladrando a mais não poder, e desceu os degraus mostrando os dentes, o pelo do pescoço arrepiado, e em uma demonstração de incongruência, meneando a cauda como se lhe desse as boas-vindas.
O cavalo relinchou assustado e escorregou de lado pelas pedras. Hugo lançou uma maldição e o reprimiu. O cão desconhecido saltava ao redor do cavalo e cavaleiro, ladrava e movia a cauda como se estivesse saudando dois amigos que fazia muito não via.
— Samuel! — Vociferou Hugo, saltando de sua montaria e fazendo uma careta quando o violento movimento lhe provocou uma aguda dor na cabeça. Ficou de cócoras, aproximou sua cabeça ao buliçoso cão e explodiu: — Silêncio! — Em um tom tão baixo e feroz que o animal retrocedeu, meneando a cauda, desconcertado, e deixando pender fora de sua boca uma língua muito longa e babosa.
Samuel não aparecia; lançando um xingamento baixo, Hugo soltou as rédeas, deu ao cavalo uma palmada na garupa, sinal conhecido para que se fosse para o estábulo, e subiu os degraus da escadaria lateral de dois em dois, com o cão junto a seus calcanhares e em um bendito silêncio... por hora. Hugo se deteve no grande vestíbulo, com a sinistra sensação de que essa não era sua casa.
Um feixe de luz entrava pela porta aberta do outro lado do enlameado piso; as bolinhas de pó bailavam nos raios que entravam pelas janelas gradeadas; uma grossa capa de pó cobria o aparador de carvalho apoiado contra a parede e a maciça mesa Tudor, da mesma madeira.
Tudo isso estava como sempre. Mas o centro do recinto estava cheio de baús, caixas e artigos variados que, a princípio, Hugo não conseguiu identificar. Depois de uns instantes, sob seu olhar incrédulo, um desses objetos se definiu como uma gaiola com um papagaio.
Depois de havê-lo examinado melhor descobriu que tinha uma só pata. Inclinava a cabeça e lançava uma enxurrada dos mais obscenos insultos que Hugo jamais tinha ouvido em seus dez anos de serviço na Armada de Sua Majestade.
Desconcertado, virou-se lentamente. Sem querer, pisou no rabo do cão e este disparou, se lamentando, e depois a estendeu como um peludo leque sobre o piso.
— Fora.
Chloe, no entanto, tinha suas próprias idéias...
Impulsionado por memórias sombrias de um desesperado tormento, a última coisa que Hugo precisava era uma estudante irritante, enfurecedora, imprevisível, e especialmente uma cuja deslumbrante beleza e sensualidade natural desafiavam o seu autocontrole.
No entanto, ele devia à moça e para isso precisava transformá-la em uma dama e casá-la com um jovem senhor rico, em Londres. E, por Deus, iria fazê-lo... caso pudesse resistir à tentação de levá-la para sua cama... e se também pudesse mantê-la a salvo daqueles que usaria uma jovem inocente para executar uma desavergonhada vingança.
Capítulo Um
Agosto de 1819,
Já tinha avançado a manhã quando o fatigado cavalo percebeu, por fim, o aroma do lar, transpôs a entrada de pedra e entrou pelo acidentado atalho que conduzia à casa senhorial de Denholm Manor.
O animal soprou pelo nariz, levantou a cabeça e, quando a casa branca e negra, protegida em parte pelas árvores, apareceu ante sua vista, pôs-se a trotar. O sol quente iluminava as janelas gradeadas e iluminava as vigas vermelhas do teto alto.
A casa tinha um ar de descuido que se manifestava no caminho com seus sulcos de lodo endurecido invadido de ervas daninhas nos emaranhados arbustos, um triste resto do que tinham sido em outros tempos cercas vivas lindamente podadas.
Hugo Lattimer deteve seu cavalo, sem registrar nada disso. Só percebia que lhe palpitava a cabeça, tinha a boca ressecada e lhe ardiam os olhos. Era incapaz de recordar como havia passado as horas transcorridas desde que saíra de sua casa na noite anterior: certamente, em alguma taverna dos subúrbios de Manchester, bebendo um desses conhaques que queimam as tripas e divertindo-se com alguma rameira, até cair sem sentido. Era seu modo habitual de passar as horas noturnas.
Sem necessidade de receber indicações, o cavalo passou por debaixo do arco de entrada que havia a um lado da casa e entrou no pátio pavimentado. Então Hugo notou que em sua ausência tinha acontecido algo fora do comum.
Piscou, sacudiu a cabeça e observou perplexo, a carruagem de aluguel que descansava ao pé da escadaria de entrada da casa. Visitas... Ele jamais recebia visitas. A porta lateral estava aberta; isto também era pouco usual. Em que diabos estaria pensando Samuel?
Já abria a boca para gritar chamando Samuel quando um cão mestiço saiu saltando pelo vão da porta, ladrando a mais não poder, e desceu os degraus mostrando os dentes, o pelo do pescoço arrepiado, e em uma demonstração de incongruência, meneando a cauda como se lhe desse as boas-vindas.
O cavalo relinchou assustado e escorregou de lado pelas pedras. Hugo lançou uma maldição e o reprimiu. O cão desconhecido saltava ao redor do cavalo e cavaleiro, ladrava e movia a cauda como se estivesse saudando dois amigos que fazia muito não via.
— Samuel! — Vociferou Hugo, saltando de sua montaria e fazendo uma careta quando o violento movimento lhe provocou uma aguda dor na cabeça. Ficou de cócoras, aproximou sua cabeça ao buliçoso cão e explodiu: — Silêncio! — Em um tom tão baixo e feroz que o animal retrocedeu, meneando a cauda, desconcertado, e deixando pender fora de sua boca uma língua muito longa e babosa.
Samuel não aparecia; lançando um xingamento baixo, Hugo soltou as rédeas, deu ao cavalo uma palmada na garupa, sinal conhecido para que se fosse para o estábulo, e subiu os degraus da escadaria lateral de dois em dois, com o cão junto a seus calcanhares e em um bendito silêncio... por hora. Hugo se deteve no grande vestíbulo, com a sinistra sensação de que essa não era sua casa.
Um feixe de luz entrava pela porta aberta do outro lado do enlameado piso; as bolinhas de pó bailavam nos raios que entravam pelas janelas gradeadas; uma grossa capa de pó cobria o aparador de carvalho apoiado contra a parede e a maciça mesa Tudor, da mesma madeira.
Tudo isso estava como sempre. Mas o centro do recinto estava cheio de baús, caixas e artigos variados que, a princípio, Hugo não conseguiu identificar. Depois de uns instantes, sob seu olhar incrédulo, um desses objetos se definiu como uma gaiola com um papagaio.
Depois de havê-lo examinado melhor descobriu que tinha uma só pata. Inclinava a cabeça e lançava uma enxurrada dos mais obscenos insultos que Hugo jamais tinha ouvido em seus dez anos de serviço na Armada de Sua Majestade.
Desconcertado, virou-se lentamente. Sem querer, pisou no rabo do cão e este disparou, se lamentando, e depois a estendeu como um peludo leque sobre o piso.
— Fora.