Quando María e Black se conheceram, suas vidas mudaram para sempre.
Surgiu entre eles uma atração instantânea e feroz. Tinham encontrado essa paixão, que, se tiver sorte, encontra uma vez na vida. A desconfiança e o ciúme tinham lhes separado três anos atrás.
Depois, nenhum deles havia voltado a ser feliz. Um dia Black se inteira de que a vida de María está em grave perigo.
Então corre para seu lado, para salvá-la, prometendo a si mesmo, que não permitirá que se separe dele nunca mais.
Capítulo Um
Londres, 1854
Black bebia em seu escritório.
Estava a várias horas ali, sozinho, bebendo, tentando chegar, o mais rápido possível à inconsciência.
Acreditava que estava levando muito tempo, mas ele era persistente e o conseguiria. Tinha começado essa manhã, quando pensava que a cabeça lhe ia arrebentar, se continuasse se preocupando com ela. Seu cozinheiro foi o único que se atreveu a entrar e tentar falar com ele.
– Chefe, abriremos dentro de uma hora, não pode tratar nesse estado com os clientes - ele nem lhe olhou, muito menos lhe respondeu, foi como se não lhe escutasse. William, vendo que não haveria resposta, abordou pela garrafa pensando que, estando tão bêbado, não se daria conta.
Acabava de fechar os dedos sobre ela, quando Black lhe sussurrou maliciosamente:
– Solta isso, se não quer que te fatie os dedos, e os joguemos no jantar de algum cliente hoje - as palavras estavam perfeitamente moduladas, com o tom necessário para que ao cozinheiro lhe pusessem os cabelos em pé.
Conhecia seu chefe quando estava de mau humor, mas isto era diferente. Parecia como se estivesse esperando algo, ou alguém com o que poder descarregar sua fúria, na realidade dava a impressão de estar desejoso de matar a alguém. Saiu, sem lhe responder, e fechou a porta a suas costas. O maître, outro empregado do restaurante que levava tanto tempo como ele, estava lhe esperando no corredor.
– O que te disse? – o cozinheiro negou com a cabeça, pouco disposto a repetir a ameaça. Ainda tremia interiormente, ao pensar no que lhe havia dito, e em sua expressão ao dizê-lo – É um selvagem! Nunca tinha lhe visto assim, não sei o que lhe acontece - encolheu os ombros sem saber o que mais dizer. O outro homem ficou pensativo.
– Tenho uma idéia, e se chamarmos à marquesa? – o cozinheiro duvidava.
– Não sei o que é pior, se o seu marido descobre…
– Que venha com ela, acredito que agora se dão bem. Qualquer coisa é melhor que isto. Imagine que sai assim a falar com os clientes, - foi colocar o seu casaco - volto em seguida, pegarei uma carruagem para voltar a tempo.
Pouco depois, Gabriel e Alexandra escutavam as explicações atropeladas do maître do THE CLERK, sentados em seu salão. Ela se voltou para seu marido.
– Que estranho! - observou a expressão de seu marido, conhecia-lhe muito bem - você sabe algo disto?
– Não, mulher, o que você tem - era muito inteligente. Não sabia como era possível, que sempre soubesse quando mentia. Ninguém mais se dava conta. Felizmente.
– Gabriel! O que você fez? - voltou-se para o maître do THE CLERK - Está bem, James, não se preocupe, vou em seguida - o homem pareceu tranqüilizar-se ao escutá-la. Assentiu aliviado e saiu quase correndo. Abririam o restaurante em seguida, e tinha que estar ali.
Ela esperou que o mordomo fechasse a porta, e ficou observando seu marido, com os braços cruzados. Gabriel conhecia essa expressão. Quando ficava assim, não podia lutar contra ela. Bom, de maneira nenhuma, podia lutar contra ela.
– Está bem, vêm comigo - entraram no escritório, e ele fechou a porta. Ela ficou de pé, com a mesma cara de aborrecimento.
– Gabriel - avisou, para que se apressasse.
– Sim, já sei. Levei-lhe uma carta de María, acredito que era de despedida.
– Por que uma carta? Por que não foi falar com ele?
– Está em uma missão - Alexandra franziu o cenho pela explicação.
– Acreditava que o ia deixar - protestou.
– Devido à guerra, não tem trabalho no teatro, por ser russa não querem contratá-la. Pelo visto parte do público se queixou, e os donos dos teatros não se atrevem a que atue neles, se por acaso o público não vai ver as peças.
– Mas isso é uma estupidez! É tão inglesa quanto você e eu! Você me disse que faz anos, que lhe concedeu a nacionalidade!
– Sei, sei. Pelo trabalho, não o tínhamos feito público naquele momento, e, depois, não vimos necessidade.
– Você idiota!Você conseguiu - abriu a porta e ficou olhando um momento para Gabriel. – Está bem, vou ver-lhe, há algo mais que deva saber? – não esperou que lhe respondesse, estava muito zangada. Foi à entrada para recolher seu casaco – Perkins, por favor, que preparem a carruagem! - seu marido a seguiu, como ela sabia que o faria.
– A primeira coisa é que não vai sozinha, acompanho-te, e a segunda, que a missão em que María está trabalhando, poderia ser muito perigosa.
– Estupendo! Tudo são boas notícias - resmungou a mulher, enquanto colocava as luvas – Certamente Gabriel, já falaremos de tudo isto. Enquanto o fazemos, quero apenas que saiba que estou muito zangada! - Perkins, o mordomo do Marquês de Bute, não tinha muitos momentos nos que pudesse sorrir com vontade, e aproveitou este. Seu patrão, nesse momento lhe olhou com o cenho franzido.
Imediatamente, o homem abriu a porta da rua, já totalmente sério.
– Senhores - os dois saíram para a carruagem. Alexandra na frente, andando depressa e com cara de aborrecimento, e atrás Gabriel tentando acalmá-la.
Perkins fechou a porta e foi à cozinha, para contar a sua mulher, a cozinheira, o que acabava de ocorrer.
Desde que a senhora marquesa tinha entrado em suas vidas, nunca se aborreciam.
– James, por favor, uma cafeteira com café muito carregado, para o senhor, obrigado. - O maître se foi, aliviado de que alguém tomasse as rédeas da situação. Tinham entrado apressados no escritório de Black, e Alexandra, como sempre, fazia o que queria.
Black lhes olhava com os olhos frágeis. Gabriel sentia por ele, sinceramente. O furacão Alexandra tinha entrado em sua vida, e já não podia fazer nada para evitá-lo. Tirou o casaco e as luvas e os deixou em uma cadeira, logo, agarrou outra e se sentou junto ao seu amigo.
– Black, querido. Estamos aqui para te ajudar.
– Não necessito ajuda. - em sua defesa terei que dizer que, pela menos na fala, quase não se notava que tivesse bebido, além de uma hesitação antes de dizer as frases, como se tivesse que as pensar.
– Está bem, sabe que já está aberto? Já tem clientes nas mesas. Não se preocupe, James se ocupará. Acha que ele sozinho será capaz de fazê-lo? Se não, podemos ficar para ajudar.
– Não, é muito competente - sorriu quando foi capaz de dizer a palavra inteira. Era uma palavra difícil. Sentiu-se orgulhoso. Decidiu beber outro gole, para celebrar que ainda era capaz de dizer palavras complicadas.
– Você gostaria de ir dormir em casa?
Então corre para seu lado, para salvá-la, prometendo a si mesmo, que não permitirá que se separe dele nunca mais.
Capítulo Um
Londres, 1854
Black bebia em seu escritório.
Estava a várias horas ali, sozinho, bebendo, tentando chegar, o mais rápido possível à inconsciência.
Acreditava que estava levando muito tempo, mas ele era persistente e o conseguiria. Tinha começado essa manhã, quando pensava que a cabeça lhe ia arrebentar, se continuasse se preocupando com ela. Seu cozinheiro foi o único que se atreveu a entrar e tentar falar com ele.
– Chefe, abriremos dentro de uma hora, não pode tratar nesse estado com os clientes - ele nem lhe olhou, muito menos lhe respondeu, foi como se não lhe escutasse. William, vendo que não haveria resposta, abordou pela garrafa pensando que, estando tão bêbado, não se daria conta.
Acabava de fechar os dedos sobre ela, quando Black lhe sussurrou maliciosamente:
– Solta isso, se não quer que te fatie os dedos, e os joguemos no jantar de algum cliente hoje - as palavras estavam perfeitamente moduladas, com o tom necessário para que ao cozinheiro lhe pusessem os cabelos em pé.
Conhecia seu chefe quando estava de mau humor, mas isto era diferente. Parecia como se estivesse esperando algo, ou alguém com o que poder descarregar sua fúria, na realidade dava a impressão de estar desejoso de matar a alguém. Saiu, sem lhe responder, e fechou a porta a suas costas. O maître, outro empregado do restaurante que levava tanto tempo como ele, estava lhe esperando no corredor.
– O que te disse? – o cozinheiro negou com a cabeça, pouco disposto a repetir a ameaça. Ainda tremia interiormente, ao pensar no que lhe havia dito, e em sua expressão ao dizê-lo – É um selvagem! Nunca tinha lhe visto assim, não sei o que lhe acontece - encolheu os ombros sem saber o que mais dizer. O outro homem ficou pensativo.
– Tenho uma idéia, e se chamarmos à marquesa? – o cozinheiro duvidava.
– Não sei o que é pior, se o seu marido descobre…
– Que venha com ela, acredito que agora se dão bem. Qualquer coisa é melhor que isto. Imagine que sai assim a falar com os clientes, - foi colocar o seu casaco - volto em seguida, pegarei uma carruagem para voltar a tempo.
Pouco depois, Gabriel e Alexandra escutavam as explicações atropeladas do maître do THE CLERK, sentados em seu salão. Ela se voltou para seu marido.
– Que estranho! - observou a expressão de seu marido, conhecia-lhe muito bem - você sabe algo disto?
– Não, mulher, o que você tem - era muito inteligente. Não sabia como era possível, que sempre soubesse quando mentia. Ninguém mais se dava conta. Felizmente.
– Gabriel! O que você fez? - voltou-se para o maître do THE CLERK - Está bem, James, não se preocupe, vou em seguida - o homem pareceu tranqüilizar-se ao escutá-la. Assentiu aliviado e saiu quase correndo. Abririam o restaurante em seguida, e tinha que estar ali.
Ela esperou que o mordomo fechasse a porta, e ficou observando seu marido, com os braços cruzados. Gabriel conhecia essa expressão. Quando ficava assim, não podia lutar contra ela. Bom, de maneira nenhuma, podia lutar contra ela.
– Está bem, vêm comigo - entraram no escritório, e ele fechou a porta. Ela ficou de pé, com a mesma cara de aborrecimento.
– Gabriel - avisou, para que se apressasse.
– Sim, já sei. Levei-lhe uma carta de María, acredito que era de despedida.
– Por que uma carta? Por que não foi falar com ele?
– Está em uma missão - Alexandra franziu o cenho pela explicação.
– Acreditava que o ia deixar - protestou.
– Devido à guerra, não tem trabalho no teatro, por ser russa não querem contratá-la. Pelo visto parte do público se queixou, e os donos dos teatros não se atrevem a que atue neles, se por acaso o público não vai ver as peças.
– Mas isso é uma estupidez! É tão inglesa quanto você e eu! Você me disse que faz anos, que lhe concedeu a nacionalidade!
– Sei, sei. Pelo trabalho, não o tínhamos feito público naquele momento, e, depois, não vimos necessidade.
– Você idiota!Você conseguiu - abriu a porta e ficou olhando um momento para Gabriel. – Está bem, vou ver-lhe, há algo mais que deva saber? – não esperou que lhe respondesse, estava muito zangada. Foi à entrada para recolher seu casaco – Perkins, por favor, que preparem a carruagem! - seu marido a seguiu, como ela sabia que o faria.
– A primeira coisa é que não vai sozinha, acompanho-te, e a segunda, que a missão em que María está trabalhando, poderia ser muito perigosa.
– Estupendo! Tudo são boas notícias - resmungou a mulher, enquanto colocava as luvas – Certamente Gabriel, já falaremos de tudo isto. Enquanto o fazemos, quero apenas que saiba que estou muito zangada! - Perkins, o mordomo do Marquês de Bute, não tinha muitos momentos nos que pudesse sorrir com vontade, e aproveitou este. Seu patrão, nesse momento lhe olhou com o cenho franzido.
Imediatamente, o homem abriu a porta da rua, já totalmente sério.
– Senhores - os dois saíram para a carruagem. Alexandra na frente, andando depressa e com cara de aborrecimento, e atrás Gabriel tentando acalmá-la.
Perkins fechou a porta e foi à cozinha, para contar a sua mulher, a cozinheira, o que acabava de ocorrer.
Desde que a senhora marquesa tinha entrado em suas vidas, nunca se aborreciam.
– James, por favor, uma cafeteira com café muito carregado, para o senhor, obrigado. - O maître se foi, aliviado de que alguém tomasse as rédeas da situação. Tinham entrado apressados no escritório de Black, e Alexandra, como sempre, fazia o que queria.
Black lhes olhava com os olhos frágeis. Gabriel sentia por ele, sinceramente. O furacão Alexandra tinha entrado em sua vida, e já não podia fazer nada para evitá-lo. Tirou o casaco e as luvas e os deixou em uma cadeira, logo, agarrou outra e se sentou junto ao seu amigo.
– Black, querido. Estamos aqui para te ajudar.
– Não necessito ajuda. - em sua defesa terei que dizer que, pela menos na fala, quase não se notava que tivesse bebido, além de uma hesitação antes de dizer as frases, como se tivesse que as pensar.
– Está bem, sabe que já está aberto? Já tem clientes nas mesas. Não se preocupe, James se ocupará. Acha que ele sozinho será capaz de fazê-lo? Se não, podemos ficar para ajudar.
– Não, é muito competente - sorriu quando foi capaz de dizer a palavra inteira. Era uma palavra difícil. Sentiu-se orgulhoso. Decidiu beber outro gole, para celebrar que ainda era capaz de dizer palavras complicadas.
– Você gostaria de ir dormir em casa?