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18 de junho de 2011

A Espada E A Chama

Saga Astur  

Morvan, conhecido como o Impassível por sua habilidade para ocultar seus sentimentos, é um jovem e nobre guerreiro godo. 

Depois de anos de serviço, o príncipe Pelagius lhe concedeu ao fim um feudo no que assentar-se...Mas não contava com que ali encontraria com a muito bela ladra que tentou lhe roubar o cavalo.
Lua é a filha menor de Galo, o chefe de um importante povoado medieval.
Quando Morvan chega a vila para ocupar o lugar de seu pai, a primeira reação da jovem é de puro ódio.
Entretanto, o compromisso de Morvan com Alla, a irmã mais velha de Lua, acorda nela sentimentos que até então tinham permanecido ocultos.
No ano 711 o último rei godo , Rodrigo, sucumbe na batalha de Guadalete ante os exércitos muçulmanos depois do pedido de ajuda a estes por parte de seus rivais ao trono Egica e Witiza.
Inicia-se deste modo a conquista da Hispania e o desmoronamento do reino.
O imparável avanço dos sarracenos tem resposta em um longínquo reduto das montanhas cántabras onde numerosos aristocratas germanos tinham procurado refúgio.
É aqui onde Pelagius (Pelayo), possivelmente um destes aristocratas, forma uma frente comum com os selvagens habitantes destas terras, os rebeldes clãs astures, para enfrentar à ameaça muçulmana.
A primeira escaramuça de renome tem lugar em Covadonga no ano 722, batalha que deu início à retomada dos territórios cristãos.

Capítulo Um

Montanhas Cántabras, Últimos dias da primavera do ano 727
Morvan observou com perplexidade seus novos feudos do lombo de seu cavalo.
Por algum néscio motivo, tinha esperado encontrar-se com verdes pradarias e suaves colinas repletas de ovelhas, não com aquele terreno inclinado impossíveis e penhascos inexpugnáveis aos que as nuvens ficavam ancoradas convertendo o céu em um manto cinza.
O estreito vale se encaixava com dificuldade entre as margens verticais de colinas colossais a cujas cúpulas só tinham acesso as águias.
Algo de sua decepção deve ter transluzido em seu rosto, pois a única mulher que o acompanhava, a velha Isenda, emitiu um suspiro da fila de homens que o seguiam a cavalo.
—Deve haver um lugar onde possamos acampar —grunhiu Morvan estalando a língua e olhando as verdes paredes que os rodeavam diminuindo-os com sua majestade.
Continuou imóvel, com o olhar cravado em seu agreste senhorio antes de incitar a sua montaria a continuar com um golpe de joelhos.Buraq , um lusitano treinado para a arte da guerra, cabeceou nervosamente dilatando seus olhos, resistindo a prosseguir pelo estreito atalho que serpenteava pela abrupta ladeira.
«Você também, meu amigo?», grunhiu para si mesmo enquanto aplicava maior força em seus joelhos em uma tentativa de fazê-lo avançar.
A exausta expedição entrou no desfiladeiro seguindo o tortuoso discorrer de um rio de águas bravas.
A persistente garoa tinha impregnado já seus mantos, intumescendo-os, mas nenhum dos guerreiros se atreveu a emitir queixa alguma quando o canto das corujas anunciou a chegada da noite.
Morvan se deu por vencido e, ao não achar nenhum lugar que servisse a seus propósitos, assinalou uma pequena clareira no denso bosque de mato e carvalhos que confinava com o pedregoso caminho.
—Acampemos aqui —ordenou desmontando de um salto.


Saga Astur
1 - O Merlo Branco 
2 - A Espada e Chama
Série concluída

O Merlo Branco

Saga Astur
Passaram os anos e Bodius alcançou por fim seu sonho de tornar-se um guerreiro às ordens do duque Alfonso.

Em sua última missão, o conde Abrino o faz prometer em seu leito de morte que encontrará a sua filha Auria e lhe dará amparo frente à avareza de seu meio-irmão.
O primeiro lugar onde Bodius irá procurar à misteriosa moça será no torreão do Ninho do Corvo, lugar maldito e temido por todos quantos o conhecem.
Auria converteu o ruinoso torreão do Ninho do Corvo em seu lar e aceita sua solitária existência com resignação.
Apontada como maldita e rechaçada desde sua infância finalmente se sente a salvo, mas a chegada daquele guerreiro nortista de olhos castanhos e cabeleira selvagem faz mudar toda sua vida.
Ele diz estar ali para protegê-la sem saber que é ele quem deve proteger-se de suas visões.
Afinal de contas ela é Auria
"A Maldita" e nem sequer o doce desejo que o guerreiro desperta em seu interior conseguirá mudar seu destino.

Comentário da Revisora Ana Cláudia:

Amei o livro, a historia do casal é muito bonita, ela com dons paranormais é exilada pelo pai acusada de ser amaldiçoada vive sozinha em um torreão decadente, ele um guerreiro rude que é designado pelo pai arrependido e à beira da morte para protegê-la, entre idas e vindas os dois se apaixonam e vão ter que lutar muito para realizar o sonho de viver juntos.
Não tem muitas cenas hot, mas vale a pena ser lido.

Capítulo Um

Ano 738, limites do ducado cântabro

A manhã chegava silenciosa, quase nas pontas dos pés. Auria inalou seu frescor enchendo os pulmões com sua doçura do alto do torreão em ruínas.
Lentamente, a frágil linha do horizonte foi tomando cor, como se um pincel invisível deslizasse sobre ele.
A moça permaneceu imóvel, envolta em sua capa de peles enquanto a brisa primaveril se enredava nas mechas platinadas de seu cabelo.
Aquele seria mais um dia com a solidão como única companheira.
Por que sentir-se triste?
Aquilo era o que sempre tinha desejado, estar longe de tudo, de todos, viver em paz consigo mesma.
Tinha renunciado ao seu povo porque na realidade não era seu povo, mas estranhos alheios a ela que a assinalavam como maldita, estigma que arrastava como um manto de desonra desde seu nascimento.
A solidão lhe evitava as olhadas fugidias, o desprezo e o medo que sua presença suscitava.
Em seu pequeno mundo, a vida transcorria com tranquilidade, sem que nenhum olhar pudesse lhe fazer mal.
Seus olhos verdes refletiram a tristeza contida em seu ser como um poço sem fundo.
O voo das andorinhas e o canto dos pardais anunciavam o fim do inverno, e com ele, o fim da relativa paz que tinha desfrutado durante aqueles meses de dias cinza e noites eternas.
As legiões sarracenas pareciam despertar com os primeiros calores, e atravessavam o território em busca de novas conquistas, como se a primavera alimentasse sua ambição. Às vezes o conseguiam, em outras ocasiões eram os exércitos cristãos quem cavalgava atrás deles repelindo-os.
Felizmente, uns e outros evitavam deter-se naquelas terras ermas e sombrias que eram agora seu lar.
Tinham transcorrido quatro anos desde sua chegada ao torreão em ruínas.
Quatro anos de relativa paz, porque os sonhos e as visões continuavam presentes, embora com menor intensidade que antes.
O primeiro raio de sol iluminou lentamente o céu fazendo retroceder as sombras da torre e banhando seu rosto.
Com um suspiro, Auria deu por finalizado aquele ritual diário antes de retornar ao interior da torre fazendo a recontagem mental das tarefas que tinha por diante.
O tétrico interior lhe ofereceu uma morna acolhida.
Com passo cuidadoso, a jovem desceu pelos restos da lúgubre escada de pedra sem necessidade de iluminá-la.


Saga Astur
1- O Merlo Branco 
2- A Espada e Chama
Série concluída