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14 de março de 2011

Shanna


Por trás das paredes da prisão de Newgate um pacto é selado em segredo: um arrojado criminoso irá se casar com uma rica herdeira em troca de uma inesquecível noite de prazer.

Os frágeis votos de casamento se perderam e a promessa foi quebrada.
Com seu espírito sensual e livre Shanna foge para o paraíso luxuriante das Caraíbas, abandonando o belo estranho com quem se casou a força.
Mas Ruark Beauchamp estará eternamente entrelaçado no destino de Shanna e não há grades que o impedirá de buscar o que é legitimamente seu.

Capítulo Um

Meia-noite - 18 de novembro de 1749 Londres.
A noite envolveu a cidade em sua escuridão fria e nebulosa.
A ameaça de inverno pairava no ar. Fumaça ácida atacava as narinas e a garganta, pois em todas as casas havia fogos acesos e alimentados contra o friozinho vindo do mar que atravessava os ossos.
Nuvens baixas gotejavam finas gotículas de umidade que se misturavam, à ferrugem vomitada pelas altas chaminés de Londres antes de desintegrar-se em fina película que cobria todas as superfícies.
A deplorável noite mascarou a passagem de uma carruagem que se inclinava pelas ruas estreitas como se fugisse de alguma pavorosa calamidade.
Ia aos solavancos e cambaleava precariamente sobre os paralelepípedos enquanto suas rodas altas espalhavam água e lama.
Na tranqüilidade que se seguia à passagem da carruagem, o denso líquido escoava-se lentamente de volta a poças espelhadas, salpicadas por gotinhas ou harmoniosamente decoradas com águas encrespadas.
O cocheiro, sinistramente volumoso e vestido de preto, puxando as rédeas, praguejava contra a parelha de cavalos malhados, mas sua voz se perdia em meio ao ruído surdo dos cascos e das rodas que se agitavam.
O estrépito da cavalgada ecoava na noite gelada até dar a impressão de que vinha de todas as direções.
O formato escuro da carruagem corria por opacas poças de luz lançadas pelas bruxuleantes lanternas às portas das fachadas barrocas pelas quais passava.
Gárgulas sorridentes contemplavam a rua do alto de seus postos, onde se agachavam em beirais de telhados de pedra, enquanto finos túneis de chuva escorriam de suas bocas de granito, como se estivessem esfaimadas pelas presas que passavam abaixo de seus pousos.
Shanna Trahern recostou-se no assento de veludo vermelho da carruagem para firmar-se contra a velocidade vertiginosa.
Não se preocupava com a lama na rua; na verdade, apenas seus pensamentos lhe ocupavam a mente.
Estava sentada sozinha e em silêncio.
Seu rosto não tinha expressão, mas de vez em quando a lanterna oscilava a um solavanco da carruagem e sua luz débil captava o brilho dúbio e instável da profundidade dos olhos azul-esverdeados.
Se algum homem os olhasse naquele instante, não vislumbraria qualquer traço de cordialidade para animá-lo nem nenhum sinal de amor para lhe consolar o coração.

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