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8 de julho de 2015

Tahir


Quando Beatriz Ayala acorda, depois de quase morrer no deserto, só tem uma coisa em mente: voltar para sua casa, na Espanha, de onde foi brutalmente arrancada para ser vendida como escrava.

Nada, nem ninguém, vai impedi-la. Nem mesmo Tahir Abdul-Azim, o líder Tuareg poderoso que a salvou das garras da morte, tão atraente e imponente que desperta nela um desejo fulgurante, impossível de dominar. Mas ele não parece pensar da mesma forma. 
Tahir vive para o seu povo e está disposto a fazer qualquer sacrifício por ele. Especialmente, se o sacrifício inclui se encarregar de uma mulher bonita e teimosa, pela qual se sente irresistivelmente atraído. Consciente de que pertencem a mundos completamente diferentes, mas disposto a superar seu caráter obstinado para se tornar o mestre de toda a sua paixão, ele a aceita como hóspede. 
Assim, começam uma aventura, em um país devastado por lutas internas pelo poder e os efeitos devastadores da colonização, onde Beatriz será capaz de superar todos os tipos de perigo, exceto um: resistir ao feitiço obscuro do homem que vai protegê-la com sua própria vida, invadindo, com força, o seu coração.

Capítulo Um

Arredores de Fezzan, Líbia, outubro 1890
- Vamos linda, mantenha-se em movimento. Isso mesmo, muito bem. Provocante, sedutora, para me deixar louco...
Os olhos castanhos brilharam, complacentes, convidativos, aconchegantes. Suas pernas começaram a dança que ele tanto gostava. Elas eram longas, elegantes, e dotadas com movimentos que pareciam sensuais e cheios de um brilho inconfundível de vida. Não era a primeira vez que fazia esse jogo, mas sempre o excitava, da mesma maneira. Os olhos absorviam com prazer a suavidade do seu corpo, a inocência escorrendo por todos os poros da sua pele. Ele a queria em suas mãos com a avidez sem vergonha, de sempre.
Sentiu o corpo ficando tenso e suava muito sob a roupa. Seus sentidos se acentuaram, incentivando-o. Ele se moveu com a agilidade de um gato para se aproximar dela. O batimento cardíaco acelerou seu ritmo enquanto seus olhos se cravavam no pescoço longo e fino que foi oferecido, quando ela inclinou a cabeça para o chão.
- Oh, por Deus, isso já é demais para mim. Como eu te amo! Você vai me matar de tanto prazer...
Tahir trincou os dentes, disfarçadamente. O Wadi, um vale formado pelo leito do rio, após a estação chuvosa, que levava a pouca água existente, estava em completo silêncio. 
Formada por um delicioso contraste de texturas e cores, a partir de uma vasta área rochosa, as areias começavam um pouco mais além, e a relva tímida parecia ser alimentada pela umidade. O canal do rio apresentava um solo ligeiramente úmido, mas entrecortado em muitas áreas. Apesar de ainda estarem na estação das chuvas, estas eram escassas, fracas e irregulares.
Esperou, pacientemente, sua oportunidade, postado atrás de uma pedra, e observou que a jovem gazela fêmea ainda não tinha notado sua presença. De repente, olhou em volta, farejando o ar. Aquela manhã seu instinto não deixava de adverti-lo de que havia algo, uma presença, mas que não era perigosa. Assim, Tahir resolveu ignorá-lo até ter conseguido seu objetivo. A carne da gazela era um bem precioso em sua confederação de tribos, depois da escassez que os assolou um ano atrás, dizimando sua população. Ele não ia deixar que escapasse.
Pelo menos uma dúzia de tribos ou castas dependiam das suas decisões. Estava orgulhoso de pertencer à mais poderosa, composta por nobres guerreiros. O Conselho o havia escolhido como o amenokal, a cabeça sobre a qual recaía o peso de todas as decisões políticas e militares; um homem cujo valor é equiparado ao seu alto conceito de moral e honra.
Um homem disposto a se sacrificar em busca do que pensava ser justo. Era considerado extremamente equilibrado, muito intuitivo, e costumava utilizar essa intuição.
Apenas uma vez, seu sexto sentido havia falhado, há cinco anos atrás, e as consequências trágicas o perseguiriam por toda a vida. Tahir balançou a cabeça. 










(Tuareg)-Tahir = biblioteca