Das ruas de Boston do século XIX até a selvagem fronteira ela teceu uma ede de mentiras para conquistar seu amor!
A encantadora Anna Reardon de temperamento ardente foi forçada a mentir para fugir da vida miserável que a envergonhava... para se tornar a noiva por correspondência de Karl Lindstrom na bela e traiçoeira região selvagem de Minnesota. Karl perdoou Anna por suas mentiras, mas ainda havia um terrível e vergonhoso segredo que ela tinha que esconder dele, sabendo que sua revelação destruiria o amor que se tornara sua própria vida!
Capítulo Um
Anna Reardon havia feito algo imperdoável. Havia mentido desavergonhadamente para que Karl Lindstrom se casasse com ela. Havia enganado esse homem intencionalmente, a fim de que lhe enviasse o dinheiro para viajar a Minnesota como sua “noiva por correspondência”. Ele esperava uma moça de vinte e cinco anos, hábil
cozinheira, experiente dona de casa, disposta trabalhadora rural e... virgem.
Mais ainda, esperava que chegasse só. A única coisa sobre a qual não mentiu, foi sua aparência. Ela se descreveu com precisão como uma irlandesa, com o cabelo da cor do uísque, alta, magra, de olhos castanhos, orelhas chatas, com algumas sardas, de feições comuns, com todos os dentes e sem marcas de varíola.
Quanto ao resto das cartas, eram uma série de mentiras muito bem forjadas para fazer com que o crédulo Karl lhe enviasse o dinheiro da passagem, dando-lhe assim a oportunidade de escapar de Boston. Apesar destas invenções, Anna não achou fácil mentir.
Desde o momento em que a mocinha, desesperada e desabrigada, havia ditado as cartas ao irmão mais novo, estas pesavam sobre sua consciência como um castigo. De fato, cada vez que voltava a contar suas mentiras, o castigo se manifestava em uma aguda dor na boca do estômago e mesmo agora, somente a alguns minutos do encontro com Karl Lindstrom, invadia-a um sofrimento tão intenso como nunca antes tinha experimentado. A dor tinha ficado cada vez mais intolerável durante a longa e tediosa viagem até o Oeste, viagem que havia
começado um mês atrás depois que as geleiras se dissolveram nos Grandes Lagos.
Anna e seu irmão, James, tinham viajado de trem de Boston a Albany durante todo o mês de junho, depois de barco pelo canal até Buffalo. Depois viajaram em um navio a vapor pelo lago, cujo destino era uma fossa lamacenta chamada Chicago, uma cidade que em 1854, consistia só em uma estrada de madeira, que ia desde o barco até o hotel. Mais adiante, se estendia a região deserta que Anna e seu irmão acabavam de atravessar. Uma carroça levou-os a Galena, no território de Illinois. Esta parte da viagem demorou uma semana inteira durante a qual os mosquitos, o clima e o chocalho da carroça por terrenos irregulares contribuíram para o mal-estar geral. Em Galena, tomaram um barco a vapor para St. Paul, onde embarcaram em outra carroça puxada por bois que os levou a alguns quilômetros das Cataratas de St. Anthony. Meu Deus!
Comparada a Boston, a cidade era completamente decepcionante, nada mais do que algumas construções rudimentares, toscas e sem pintura. Fez Anna pensar no que esperar de Long Prairie, a cidade fronteiriça onde ela encontraria seu futuro marido.