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12 de novembro de 2024

A Joia do Rei

Trilogia Medieval Plantageneta

Ela era sua loucura e sua paixão. 

Com seus olhos cor de safira e cabelos escuros e sedosos, a Princesa Eleanor era uma beleza encantadora feita para o prazer de um homem. Mas quando uma noiva criança ficou viúva em tenra idade, ela jurou nunca mais se casar e fez um voto de castidade eterna... até que Simon de Montfort marchou para a Inglaterra e fixou seu olhar sombrio e ardente sobre ela, a irmã mais nova do rei Henrique, a joia mais preciosa da família real. Ousado, arrogante e invencível, o imponente cavaleiro normando inspirava admiração nos homens mais corajosos... e um desejo imprudente no coração Ela era seu prêmio e seu amor. Eles o chamavam de Dragão, mas o senhor da guerra mais temido e perigoso de todo o país tinha uma fraqueza fatal. Inflamado pela beleza incandescente e pela inocência inebriante de Eleanor, ele a perseguiria com uma paixão que exigia rendição incondicional... paixão que irromperia em escândalo e abalaria o reino em guerra, manchando as páginas da história com sangue e traição...

Capítulo Um

A princesa Eleonor Catarina Plantageneta abriu os olhos ao ouvir o chilrear dos passarinhos que saudavam o amanhecer. Seu coração explodiu de felicidade ao lembrar que o dia finalmente havia chegado. Ela tirou os cobertores com impaciência e correu descalça até o espelho prateado polido. 
Não foi diferente do dia anterior. Seus cabelos pretos eram uma massa bagunçada, a clareza natural de sua pele havia sido escurecida pelo excesso de sol e sua boca ainda tinha o traço teimoso que revelava claramente que ela sempre impôs sua vontade à vida. 
Ela sempre iria se impor a ela, ela pensou. Impor a própria vontade era o que tornava a vida doce. Algumas coisas não aconteciam tão facilmente quanto outras, a menos que houvesse uma determinação inabalável, e mesmo que ela precisasse tornar a vida de outra pessoa um inferno, ela sempre conseguia o que queria. Ela dominava os irmãos desde os cinco anos e era o terror da creche.
 Eles eram todos mais velhos que ela, um era o rei da Inglaterra, segundo todos os relatos, mas ela sabia como impor sua vontade a todos, alguns jogando limpo, outros jogando não tão limpo. Os cantos de sua boca se contraíram ao se lembrar do dia em que selou seu destino. Seus irmãos Henrique e Ricardo, então com quatorze e doze anos respectivamente, colocaram um furão num saco e foram caçar coelhos.
—Espere por mim! — Ela gritou com uma voz imperiosa, lutando para calçar os sapatos que ainda estavam úmidos por ter chapinhado no lago.
 —Você não vem, Verme! —, gritou o rei Henrique. 
—Não me chame assim, seu bastardo! — Ela gritou furiosamente. 
—Vou falar para a criada que você xingou —, disse Isabel, que tinha seis anos. Eleonor olhou para a irmã com desdém. 
—Você sabe que eu xingo... e você ainda se mija. Joana disse com a nobre sabedoria dos seus dez anos: —Você não precisa sair do jardim. Se você for embora com os meninos de novo, eu contarei. Eleonor pegou no saco que continha o furão, atirou-o a Joana e, franzindo a testa até se transformar numa horrenda gárgula, disse com voz ameaçadora: —Se você contar, encontrará um furão em sua cama em uma noite escura. Joana gritou e agarrou a mão da pequena Isabel. 
—Está ruim, vamos embora. Ricardo, duque da Cornualha, agarrou Eleanor pela orelha e tirou o saco. —Vá brincar com as meninas, Verme, porque você não vem conosco. Eleonor colocou os punhos nas ancas com decisão, projetando o queixo de forma beligerante. 
—Se você não me deixar ir com você, eu direi que você persegue as empregadas e faz cócegas nelas com seus projetos de bigode. 
— Bandeira com cara de verme—, disse o jovem Henrique. Ricardo, embora mais jovem que o rei, era mais forte e dominante. Ele jogou a cabeça para trás e riu. —Ela é menos corpulenta que uma formiga e já manda na casa de uma forma ou de outra. Vamos, Worm3, aposto que você não tem estômago para esse esporte. 
A verdade é que ela não tinha mesmo. Ela observou, horrorizada, enquanto seus irmãos colocavam a esquiva criatura em uma toca e esperavam com um saco na outra extremidade até que o coelho assustado saísse. Ela simpatizava totalmente com os coelhos e seu coração se partia, ao pensar naquelas criaturas morrendo de medo. Seus irmãos riram de suas lágrimas e ela as enxugou com os dedos sujos, deixando rastros de terra no rosto.
Ela começou a correr em direção ao palácio para que não vissem que ela estava triste e chorando. Mas eles a seguiram rindo, zombando dela porque ela havia permitido que eles vissem sua fraqueza. Henrique tinha cabelos dourados, como o de seu avô, o grande rei Henrique II, e a cabeça de Ricardo era avermelhada como a do tio que lhe deu o nome, Ricardo Coração de Leão. Eleonor, a mais nova da família, foi a única que herdou os cabelos escuros dos pais, os odiados reis João e Isabel de Angoulême. Seus irmãos zombavam impiedosamente daquela cor de cabelo.
—Você notou o quanto a menina parece uma barata? —, disse Ricardo. —A última da ninhada é sempre uma fraca, mas ela é tão pequena que suspeito que seja uma nanica—, disse Henrique, rindo. Eleonor nunca se sentiu tão infeliz. Ela estava enojada, suada e cansada, e uma dor tomou conta de seu calcanhar. Ela parou de correr, tirou o sapato e viu uma bolha incandescente. 
— Droga! — Ela murmurou, jogando o sapato em alguns arbustos. Seus irmãos a alcançaram quando o palácio apareceu. 
—Alguém acabou de chegar—, disse Ricardo. —É o marechal!








Trilogia Medieval Plantageneta
1- O Falcão e a flor
2- A Joia do Rei

15 de outubro de 2024

O Falcão e a flor

Trilogia Medieval Plantageneta

A beleza irresistível de Jasmine era capaz de deixar um homem calado de desejo. 
Mas a jovem jurou que ninguém jamais governaria seu coração... até que ela viu o rosto do próprio diabo em sua bola de cristal: um cavaleiro moreno e sinistramente bonito estava disposto a matar para torná-la sua.Este homem, chamado Falcon de Burgh, possuído por uma paixão cega e temerária, decidiu conquistar o coração ardente da jovem, arriscando a sua vida.

Capítulo Um

A jovem virgem ergueu os braços enquanto a velha cobria a sua figura nua com um manto prateado, tecido tão fino quanto uma teia de aranha. O tecido transparente caía suavemente até os tornozelos, preso por delicadas correntes de ouro incrustadas com âmbar, escolhido por suas propriedades místicas. Os cabelos encaracolados da donzela, claros como o luar e esplêndidos, caíam em cascata até a cintura.
A velha desapareceu nas sombras do cenáculo da torre enquanto a jovem avançava com passos graciosos até entrar no círculo formado por treze velas verdes. Ela caminhava com uma graça de movimento tão fluida que as chamas mal oscilavam antes de subir novamente, primeiro amarelas, depois estreitando-se e alongando-se até ficarem azuis.
A jovem iniciava o ritual amassando ervas e temperos em uma tigela de alabastro e depois queimando-os lentamente com a ajuda de um graveto comprido. O cheiro de alecrim, cravo e mirra subia em espirais de fumaça aromática que dominavam os sentidos. Assim como lhe foi ensinado, ela ergueu o cálice incrustado de joias, bebeu um gole de vinho tinto e, com uma voz clara e bela, recitou seu desejo mágico:
—Invoco a todos os poderes do universo para ordenar ao rei e à rainha da Inglaterra que convoquem sua corte real. Bendito seja.
Então olhou atentamente para uma esfera de cristal, que parecia se encher de fumaça cinza que primeiro girou antes de se dissipar lentamente. Seus olhos eram de uma cor lavanda incomum que escureceram para púrpura enquanto olhava para o interior da esfera. Começou a «ver» um casal real, coroado e sentado em seus tronos. A bola de cristal encheu-se de fumaça cinzenta e depois clareou novamente para mostrar o rei e a rainha navegando em um navio cruzando o mar que separava o continente da Inglaterra.
A anciã observava a neta com um orgulho possessivo, com olhos astutos e velados que outrora foram tão belos como os da donzela. «Bastarda de um bastardo», Estelle sussurrou enquanto observava a jovem, em seguida levantou a mão para remover as palavras feias do ar antes que elas tivessem a chance de vagar pelo tempo e espaço. Sempre houve pelo menos duas maneiras de ver as coisas. Jasmine era uma filha natural, fruto do amor, e desde criança lhe dizia incessantemente que era uma princesa de sangue real!
William Longsword, filho ilegítimo do falecido grande rei Henrique II, tomou a bela filha de Estelle como amante. Receber sua semente significou sua morte. Ela era muito delicada e pequena para dar à luz. A bebê deles era fraca e doente, mas sobreviveu graças aos esforços e cuidados determinados de Estelle. Agora ela ruminava que Jasmine, tão frágil e delicada quanto a flor que lhe deu seu nome, logo completaria dezoito anos. Por um momento desejou poder mantê-la sempre como uma menina, mas imediatamente esboçou um sinal cabalístico para apagar esse desejo egoísta.
De repente, Jasmine riu e saiu correndo do círculo de velas.
—Estelle, estou congelando, pegue minha camisola de lã.
A avó correu para protegê-la e depois se abaixou para apagar as velas.
—Foi perfeito, Jasmine. Faremos exatamente o mesmo quando recebermos aqui as mulheres da aldeia amanhã à noite.
—Desta vez consegui até ver o rei e a rainha. Será que a magia teria sido ainda mais poderosa, talvez, se tivesse invocado seus nomes, Richard e Barengaria?
—Não—, respondeu Estelle, balançando a cabeça com firmeza. Lembre-se sempre que você não deve especificar mais do que o necessário, pois isso diminui as chances de ver seu desejo realizado. O que você quer é que uma corte real seja estabelecida na Inglaterra para que você possa ser uma dama de companhia da rainha, seja ela quem for.
Jasmine riu e assentiu.
—Mesmo que seja a Rainha Leonor.
—Cuidado com o seu ciúme! 



Trilogia Medieval Plantageneta
1- O Falcão e a flor