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16 de fevereiro de 2021

Para sempre na Eternidade

Trilogia Wyckerley

Connor Pendarvis tem um passado amargo e uma ambição - e expôr as duras condições de trabalho na mina de cobre da Srta. Sophie Deene é apenas o começo. 

Sophie Deene é filha de seu pai - orgulhosa, ferozmente independente ... e afeita às convenções. Ela poderia contratar um homem da Cornualha bonito e insolente para trabalhar na mina, mas não se apaixonaria por ele. Impossível, impensável.
O que as pessoas diriam? Mas ela engole seu orgulho por amor,
desafiando a todos, nunca pensando que Connor poderia traí-la. E ele arrisca tudo o que ele pensou que queria por um amor que vai durar .

Capítulo Um

O relógio da torre na Igreja de Todos os Santos atingiu o quarto de hora com um estrondo. Connor Pendarvis, que estava encostado no parapeito de uma ponte olhando para o rio Wyck, endireitou-se impaciente. Jack estava atrasado. Outra vez. Ele já deveria estar acostumado a isso - e estava, mas isso não deixou o atraso habitual do irmão menos irritante.
Pelo menos não teve que esperar por Jack na chuva. No típico estilo de South Devon, a tarde passara de cinza a clara em questão de minutos, e agora o brilho do sol na forte correnteza do pequeno rio era ofuscante. Era junho, e o ar puro cheirava a madressilva. Os pássaros cantavam, as abelhas zumbiam, as íris em aglomerados amarelos brilhantes floresciam ao longo da margem do rio. As casas de campo que ladeavam a High Street ostentavam novas camadas de tinta em tons pastel caprichosos, e cada jardim era uma profusão de flores de verão.
O relatório da Sociedade Rhadamanthus sobre Wyckerley dizia que se tratava de um vilarejo pequeno e comum em uma paróquia pobre, mas Connor discordava. Ele achava que os autores do relatório deviam ter uma ideia estranha do que significava pobreza, ou nunca haviam estado em Trewythiel, a vila na Cornualha onde ele cresceu. Wyckerley era hospitaleiro, bonito e limpo - o oposto de Trewythiel em todos os sentidos. Connor nascera lá, e um por um, vira sua família morrer. Antes dos vinte anos, havia enterrado todos eles.
Todos, exceto Jack. E lá vinha ele, balançando um pouco. Mesmo daqui, Connor podia ver o brilho revelador em seus olhos; isso significava que ele acabara de beber uma, ou duas ou três na primeira e única cervejaria de Wyckerley, a George and Dragon. Mas sua magreza e a concavidade cinzenta de suas bochechas sufocaram qualquer coisa reprovadora que Connor pudesse ter dito; em vez disso, sentiu aquele aperto de dor no peito que o dominava em momentos singulares. Jack ainda não tinha trinta anos, mas parecia pelo menos dez anos mais velho. O médico em Redruth dissera que sua doença estava sob controle, então se preocupar com ele não fazia sentido. Connor dizia isso a si mesmo todos os dias, mas não adiantava. O medo pelo irmão era tão sombrio e constante como a sua própria sombra.
—Não fique olhando para mim — ordenou Jack a seis metros de distância. — Trouxe sua maldita carta e há dinheiro dentro dela, posso dizer. O que me torna o portador de boas novas. — Tirando um envelope do bolso do casaco desalinhado, ele o entregou com um floreio. — Agora, onde está meu agradecimento?
—Eu diria que você já bebeu. —Mas ele disse isso com um sorriso, porque Jack podia fazer uma rosa vermelha ruborizar com seu charme - e porque ele estava certo sobre o envelope; tinha um peso bom e sólido que dizia que os garotos Pendarvis não passariam fome esta noite em Wyckerley.
—Abra lá, Con. Embaixo das árvores. É mais fresco.
—Você está cansado, Jack?
—Não. O que eu estou é quente.
Connor não disse mais nada, e eles caminharam em direção a um arvoredo de carvalhos na beira da área verde do vilarejo, em frente à antiga igreja normanda. Mas o sol da tarde estava morno, não quente, e ele sabia que era o apoio do banco de ferro sob os carvalhos que Jack queria, não a sombra fresca.
—O George é um lugar muito agradável — observou ele, enquanto caminhavam.
—É, agora.
—Oh, de fato. A cerveja é boa, e há uma garota que a serve, chamada Rose. Eu acho que ela gosta de mim.
Connor revirou os olhos. —Jack, estamos na cidade há duas horas. Você não pode ter feito uma conquista já.
—Não posso? —Ele deu um sorriso malicioso. Apenas um ano atrás, o branco de seus dentes teria iluminado seu rosto corado e saudável, e o brilho em seus olhos poderia ter comprometido uma freira. Agora a pele se esticava sobre os ossos de sua mandíbula, e seu sorriso parecia esquelético. Cadavérico. — Ela gosta de mim, como não. Eu disse que voltaria hoje à noite com meu irmão mais novo, e ela poderia escolher entre nós.
—Hah.
—Hah! Oh, é um bom lugar, mesmo para você, vossa senhoria. As canecas estão limpas e ninguém cospe no chão. Eu direi aos homens que devem cuidar de sua linguagem grosseira, pois há um advogado entre eles.
Connor bufou. Uma vez, ele sonhara em se tornar advogado, mas seus sonhos morreram há muito tempo. Ele ria quando Jack o chamava de —vossa senhoria— ou —meritíssimo— como uma piada, mas sob a pose descuidada havia um arrependimento tão profundo que ele parou de pensar nisso.
Sob as árvores, a luz do sol brincava na grama em padrões manchados, mudando com a brisa. Connor esticou as pernas compridas, observando Jack fazer o mesmo. Jack era mais alto, mais velho e, até ficar doente, muito mais forte. Quando eles eram meninos, ele sempre fora o líder, o protetor. Agora seus papéis haviam se invertido e os dois odiavam isso. Não podia falar disso. Irônico que, nos últimos meses, eles tenham até mudado de nome.
—Então —disse Jack, estendendo os braços pela parte de trás do banco —quanto os Rhads despenderam dessa vez?
O envelope simples não tinha endereço de remetente. Connor o abriu e folheou as notas dentro da carta dobrada de uma página. — O suficiente para cobrir a nota de depósito que acabei de assinar para nosso novo alojamento.
—Bem, isso é um alívio para você, doutor. Agora você não será preso por declarações falsas de deturpação fiduciária de sua reputação pessoal. — Jack riu de sua própria piada; ele nunca se cansava de inventar nomes para leis e estatutos, quanto mais idiota soassem, melhor.  Connor disse: — Tive de pagar ao agente pelo aluguel de seis meses. Quarenta e seis xelins. — Não era o dinheiro de Connor, mas ainda parecia um desperdício, já que ficariam em Wyckerley no máximo por dois meses.
—Como é o novo lugar, então?

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Trilogia Wyckerley
1 - Lealdades Enfrentadas
2 - A Mulher Cativa
3 -Para sempre na Eternidade
Concluída


2 de agosto de 2011

A Mulher Cativa

Trilogia Wyckerley

Uma atraente mulher cumpre pena pelo assassinato de seu marido. Ao sair em liberdade condicional, Rachel é presa de novo por vadiagem, mas desta vez o visconde D'Aubrey, um dos magistrados que a julgam, oferece-lhe a oportunidade de redimir-se trabalhando como governanta para ele. Rachel suspeita das intenções do visconde, um jovem libertino e alinhado, mas nada pode ser pior que a prisão. Ou ao menos era nisso ela acreditava.

Capítulo Um

—Bastían,você não tem consideração! Como pode me dispensar deste modo? Já não deseja mais a Lili?
—Te adoro - assegurou Sebastian Verlaine apartando mais uma vez a mão obstinada de sua amante de sua coxa. Pela janela da carruagem viu desaparecer progressivamente as chaminés de Lynton Great Hall, sua duvidosa herança, depois da fileira de velhos carvalhos. Não podia evitar não gostar de sua nova casa. Pois era difícil admirar sua grande magnificência quando pensava nas goteiras, descascados, as paredes desmoronadas e no quanto custariam os mínimos acertos.
—Por acaso não nos damos bem? Não nos divertimos brincando em sua nova baignoire? Hã? Bastían me escute!
—Foi maravilhoso, querida - respondeu maquinalmente, beijando-lhe os dedos. Cheiravam a perfume e sexo, uma essência que nesse momento ele não era capaz de apreciar, ou ao menos não na medida em que solicitava um novo esforço a sua virilidade. Chegava ao ponto onde teria que dizer chega, e quatro dias com suas noites na íntima companhia de Lili Duchamps já era, como diria ela mesma, “plus qu'il n'en fant” mais que suficiente.
—Oui, querido—concluiu ela, Colocando-lhe o dedo indicador nos lábios e batendo em seus dentes com a unha—. Esqueça de seus estúpidos negócios e vem comigo a Londres. Nunca fizemos  amor em um trem, oui.
—Juntos, não - reconheceu depois de pensar. Mordeu-lhe o dedo causando dor e ela o tirou de sua boca olhando-o fixamente. Teria gostado de poder dizer:  “Fica linda quando se zanga”, mas não seria verdade.
—Que crueldade!  Chama-me para vir... a Piymouth - pronunciou como se fosse a Antártida—, e obrigar--me a pegar o trem para Londres totalmente sozinha... c'est bar-bare, c'est vil!
—Mas se veio sozinha - apontou—, e agora só tem que fazer o mesmo, mas ao contrário. —por cima de seu cabelo louro, perfeitamente arrumado, observou o pitoresco desfile de casas com telhados de palha à medida que a carruagem avançava ruidosamente para o Wyckerley sobre os paralelepípedos de High Street. Supôs que as cabanas teriam encanto, com suas águas-furtadas, frondosos jardins e fachadas de cor clara; mas interrompeu sua apreciação estética ao pensar que certamente na maioria delas viviam seus arrendatários. Deste ponto de vista não eram tão encantadoras; era tal qual à casa principal, um montão de velhas construções que reclamavam seu dinheiro e sua atenção.
—Mas por que não pode vir comigo? Odeio-te! —Elevou a mão, mas ele a agarrou antes que pudesse lhe dar uma bofetada. Agora que já conhecia seus ataques de fúria, não voltaria a pegá-lo de surpresa.
—Cuidado - disse com o mesmo tom suave e ameaçador com que a tinha seduzido, o fato de que seguisse sendo eficaz era um dos motivos de que sua relação tivesse começado a esfriar-se—. Não brinque com minha paciência, Ma chérie, ou terei que te castigar.
O brilho resplandecente dos excitados olhos dela o fez rir...
—OH! —gritou ela, batendo em seu peito com os punhos—. Besta! Canalha! Porco ingrato!
—Não, querida, isso  é você. —corrigiu, mantendo as mãos dela sobre o colo. O inglês de Lili não era fluente e em ocasiões o chamava do mesmo modo que seus desdenhosos amantes a chamavam. - Agora me beije e diga adeus. A justiça me espera.

Trilogia Wyckerley
1 - Lealdades Enfrentadas
2 - A Mulher Cativa
3 -Para sempre na Eternidade
Série concluída

1 de agosto de 2011

Lealdades Enfrentadas

Trilogia Wyckerley
Anne vive atormentada por um matrimônio infeliz. Geoffrey, seu marido, é um rico aristocrata mais interessado no jogo, mulheres e campanhas militares que nas obrigações domésticas. Ante tal situação, Anne só encontra consolo na relação com Christian, o atraente pároco do Wyckerley. Este sente por ela um grande afeto, mas dada sua profunda religiosidade unicamente pode lhe oferecer amizade. Entretanto nem sequer a vontade mais férrea resiste quando o amor e o desejo se transbordam.

Capítulo Um

Lorde D´Aubrey era um homem a quem resultava difícil amar inclusive em seu leito de morte. “Deus, me dê paciência e humildade”, rogou o reverendo Christian Morrell, que tinha por profissão - se assim podia considerar, amar inclusive aquilo que inspirava antipatia. Inclinado sobre a cama, sem chegar a tocá-la - apesar de estar doente, o ancião visconde ainda se incorporava se alguém que não fosse seu doutor se aproximava muito-, Christy perguntou a sua senhoria se queria tomar os sacramentos.
--Para que? Para ir direto ao céu? Você acredita que irei ao céu, vigário? Temo-me que... –ficou sem fôlego, e seu rosto apergaminado ficou lívido até que conseguiu aspirar uma baforada de ar.
Estava muito fraco para tossir e continuou tomando ar até que passou o espasmo. Logo ficou exausto, com as mãos apoiadas sobre o peito fundo.
Christy sentou outra vez na cadeira de respaldo alto que tinha aproximado da cama tanto como o ancião tinha permitido. O abajur de azeite que estava junto ao leito mal conseguia iluminar aquele dormitório grande e austero, de maneira que tinha que forçar a vista para ler o livro de orações. Tratou de recordar que detrás dos pesados cortinados brilhava o sol de meio-dia em uma primavera espetacularmente bela no Devonshire. A vida parecia uma frivolidade aí dentro, uma quimera. Fora cantavam as cotovias, zumbiam os insetos, e os esquilos subiam pela hera, mas na habitação do visconde doente Christy só ouvia o tictac de seu relógio de bolso.
Não pôde evitar pensar: “O doutor Hesselius deveria estar aqui”.
—Manda-me chamar se necessitar, embora duvide que seja assim - havia dito o doutor duas horas antes, nessa mesma habitação—. Não sente nenhuma dor... Normalmente não sofre, neste estado avançado da enfermidade. Duvido que passe de hoje. Fiz quanto pude. O velho Edward está em suas mãos agora, reverendo.
E Christy tinha assentido grave, serenamente, como se aquela predição não o desmoralizasse.
O reverendo se considerava, ao menos quando tinha um bom dia, um padre bastante eficiente, tendo em conta que era novo no cargo e que suas melhores qualidades eram as abnegações e as perseveranças. Mas possuía numerosos defeitos, que tinham um perverso modo de multiplicar-se e combinar-se em momentos como aquele, quando seu mais profundo desejo era confortar e consolar ao necessitado. Edward Verlaine representava um desafio especial, e Christy se desesperava porque não estava à altura das circunstâncias.
As lembranças se impunham sobre os esforços por rezar. Naquela habitação escassamente mobiliada, o escuro retrato com marco dourado do avô de lorde D'Aubrey ressaltava sobre o suporte da chaminé. O estranho sombreado cinza sob o nariz do aristocrático antepassado arrancou ao Christy um sorriso, embora fosse quase uma careta. Recordava o dia, possivelmente vinte anos atrás, em que ele e Geoffrey, seu melhor amigo, tinham entrado às escondidas na habitação, rindo e fazendo-se calar um ao outro, alterados e nervosos. Christy não acreditava que Geoffrey se atreveria realmente a fazê-lo, mas o fez; raptou uma cadeira e pintou com carvão um bigode no carrancudo rosto de seu bisavô. Ainda ficavam rastros, pois o carvão tinha demonstrado uma notável resistência aos numerosos esforços que se fez por apagá-lo. Christy  perguntava se Geoffrey conservaria ainda as marcas da surra que seu pai tinha ordenado lhe dessem e que administrou o mordomo, pois inclusive quando estava colérico Edward Verlaine mantinha a distância.

Trilogia Wyckerley
1 - Lealdades Enfrentadas
2 - A Mulher Cativa
3 - Não Traduzido