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19 de agosto de 2010

Um Homem para Chamar de Meu

Nova Inglaterra, 1870.

Marian Laton...

Durante anos, Marian Laton escondeu seu rosto por trás de grandes óculos que deformavam os traços de seu rosto e seus preciosos olhos. Também ocultou seu corpo em roupas cinza que não permitem entrever nem o mais mínimo sinal de uma curva feminina. No entanto, esta imagem de jovem descuidada e desalinhada obedece a um plano de vida, uma ação destinada a um único fim: diferenciar-se de sua cruel e caprichosa irmã gêmea Amanda, capaz de enfeitiçar com sua beleza a qualquer homem que cruze em seu caminho.
A convivência nunca foi fácil para Amanda e Marian. Mas depois da morte de seu pai, tudo resultará ainda mais insofrível. Ambas deverão mudar-se de sua cômoda e elegante casa do noroeste americano pelo rancho que sua tia Kathleen Duun tem em Tejas. Para Amanda, a disposição paterna é uma autêntica maldição. Em mudança, para Marian, marcada por uma existência triste e opaca, esta nova vida suporá uma verdadeira aventura… sobretudo quando conhece a Chad Kincaid, um bonito vaqueiro filho de um rancheiro vizinho que acorda na jovem sentimentos até então desconhecidos. Mas a bela e coquete Amanda, que durante anos converteu aos homens em animais de estimação, não está disposta a deixar passar a ocasião de fazer cair em suas redes ao rude Chad. Com o que não contava é que Kinkaid fosse de outra espécie: um vaqueiro que, simplesmente, sabe ver além de grandes óculos deformantes.

Chad Kincaid...

Apesar de saber que herdará a propriedade de seu pai, Chad prefere o trabalho duro a viver sob a sombra deste. Marian está fascinada com a incrível masculinidade de Chad, mas sabe que, como ocorreu com todos os homens que ela e sua irmã conheceram, ele acabará escolhendo a Amanda. Chad não pode deixar de sentir-se fascinado por Amanda, mas logo começa a ver além da fachada de garota aborrecida que apresenta Marian, e descobre sua afeição pela aventura, sua valentia ante o perigo e seu senso de humor... Mas como pode ele, um simples cowboy sem experiência mundana, convencer a Marian de que para ele não existe outra mulher além dela?
Em uma história tão surpreendente como deliciosa, Johanna Lindsey reflete com habilidade e embriagadora emoção, o poder transformador do primeiro amor. Fazendo ornamento de um profundo conhecimento dos sentimentos dos homens, Lindsey tem escrito uma de suas mais absorventes novelas, que suas leitoras não quererão abandonar até a última página.

Capítulo Um

Mortimer Laton foi sepultado pela manhã em Haverhill, Massachusetts, a cidade onde tinha nascido e vivido toda sua vida. De fato, a cidade mudara seu nome pelo de Haverhill em 1870. Quando ele nasceu e se criou nela, a conhecia como Pentucket. Sua esposa, Ruth, achava-se enterrada em um dos cemitérios mais antigos, que já estava fora de uso porque chegou ao limite de sua capacidade pouco depois que a sepultaram. Não lhe teria importado que seu marido não repousasse toda a eternidade a seu lado. Na realidade, certamente o teria preferido assim, já que não se amavam.
Na grande lápide do túmulo de Mortimer se lia: «Aqui descansa Mortimer Laton, querido pai de Amanda e Marian.» Essa breve inscrição era obra de Amanda Laton, e lhe parecia ser mais adequado. Adorara a seu pai e ele, por sua vez, foi o pai perfeito para ela e lhe proporcionou tudo o que uma menina necessitava para sentir-se amada e protegida. Marian, se tivesse tido que dar sua opinião, teria arrancado a palavra «amado». 
O funeral foi uma pequena reunião, deprimente como a maioria dos funerais, apesar do bom tempo que imperava nessa manhã e das flores primaveris que enchiam os jardins. Só tinham assistido os criados de Mortimer, alguns de seus sócios e suas duas filhas.
O ofício tinha transcorrido em um notável silêncio. Essa manhã não houve amostras de histeria nem sonoros prantos, diferente do funeral de Ruth sete anos antes, em que Marian dera um espetáculo ao chorar desconsolada. Mas é que havia sentido que com a morte de sua mãe tinha perdido à única pessoa que a amava de verdade.
Hoje deveria ter ocorrido algo um pouco parecido. Amanda, que foi a preferida de seu pai desde o dia que nasceu, deveria ter chorado a lágrima viva. Mas desde que as duas irmãs receberam a notícia de que seu pai morreu no caminho de volta da viagem de negócios que fez a Chicago na semana anterior, ao cair do trem, quando passava de um vagão ao seguinte, Amanda não derramara  uma só lágrima de dor.
Os criados sussurravam que sofria de uma estranha forma de comoção, Marian teria estado de acordo, salvo pelo fato de que sua irmã não negava que seu pai houvesse falecido. Falava de sua morte e a comentava sem emoção, como se se tratasse de um acontecimento mundano que não a afetasse muito. Comoção? Pode ser, mas de uma classe que Marian não viu nunca. Por outro lado, Amanda era uma pessoa egocêntrica, como Mortimer. Era provável que lhe preocupasse mais como ia afetar a sua morte que esta em si.
Mortimer só foi capaz de amar a uma pessoa em todo tempo. Marian se dera conta disso quando era muito pequena e, ao final, deixara de esperar que fosse de outro modo. Por outra parte, jamais viu seu pai comportar-se de uma forma que indicasse que estava equivocada.
Seu pai não amou a sua mãe. O seu foi um matrimônio arranjado. Não eram a não ser duas pessoas que viviam juntas, compartilhavam a mesma casa e alguns interesses comuns. Levavam-se bem, mas não existia amor entre eles. Seus avós paternos morreram antes que Marian nascesse, de maneira que não viu de que modo se comportava com eles seu pai. E a única irmã que restava mudara de cidade quando Marian ainda era muito menina. Mortimer jamais falava dela o que indicava que não se importava, seja o que for que tivesse sido de sua vida.
Mas amou a Amanda. Disso ninguém tinha a menor dúvida. Desde o dia em que nasceu, seu pai se mostrou encantado com ela e a tinha repleto de cuidados, malcriada em realidade. As duas irmãs podiam estar na mesma habitação, mas ele só via a Amanda, como se Marian fosse invisível.
Em qualquer caso, agora já não importava. Marian podia deixar de atormentar-se por isso. Não era que não tivesse satisfeito suas necessidades materiais durante todo aquele tempo. Nesse sentido as duas irmãs tinham recebido o mesmo trato. Apenas, sim tinham desatendido as suas necessidades emocionais.