15 de maio de 2009

Brumas da Paixão



Escócia, 532

Desejo nas Terras Altas...

Contagiada pela magia de um espetáculo sensual diante de si, Deidre de Languedoc é salva por pouco de ser violentada.
Seu salvador, Gilead MacOengus, é um homem atraente, de força viril e máscula perfeição. Ele a leva para a segurança de seu castelo, mas assim que chega lá, Deidre se vê lançada em meio a brigas familiares e conflitos conjugais.
Gilead não acredita no relato de Deidre que afirma ter sido atacada por bandidos na floresta.
No entanto, a beleza da jovem o deixa enfeitiçado. Ele sente que Deidre está escondendo a verdade, e com a iminência de uma invasão saxônia, ele sabe que deve reagir com o bom senso, não com a emoção.
No entanto, como resistir àquela jovem tentadora que o fascina, a única mulher cuja paixão está à altura de seu próprio desejo?...

A Pedra Filosofal sempre teve uma aura intrigante em torno de si.
O que ela é exatamente? De onde veio? Qual é sua finalidade?
Laurence Gardner, em seu livro A Linhagem do Santo Graal, explica que Hermes de Trismegisto (Hermes Três Vezes Grande, uma deidade sincrética entre o grego Hermes, mensageiro dos deuses, e Thoth, o deus egípcio da alquimia e geometria), sustinha o conhecimento especial da Sabedoria Perdida de Lameque, o sétimo em sucessão de Caim, filho de Eva.
Os três filhos de Lameque, um matemático, um pedreiro e um artífice de metais, respectiva-mente, preservaram a sabedoria antiga da ciência criativa em dois monumentos de pedra conhecidos como Pilares Antediluvianos. Hermes descobriu um dos pilares e transcreveu sua Geometria Sagrada numa tábua de esmeraldas que foi herdada por Pitágoras, que descobriu o segundo pilar.
Hermes acreditava no adágio "O que está em cima é como o que está embaixo.
E o que está embaixo é como o que está em cima", querendo dizer com isso que a Terra é a imagem mortal da estrutura cosmológica, e que a lei geométrica repetitiva prevalece através de toda matéria e através de toda energia.
A Tábua de Esmeralda tornou-se conhecida como a Pedra Filosofal. Nela, jaz o código para a existência humana, para quem tem olhos para ver.



Prólogo

Gália, 532 d.C.

Deidre de Languedoc recostou-se às pedras, à margem do rio Garona, e fechou o livro antigo, com cuidado para não quebrar as páginas delicadas de papel pergaminho.
As pontas de seus dedos traçaram as letras latinas modeladas no couro velho e macio. Locus Vocare Camulodunum: "Um Lugar Chamado Camelot". Os olhos da cor de centáurea de Deidre iluminaram-se. Em contraste com a Gália, Camelot ora, aparentemente, um lugar de paz além do Canal Estreito, onde cavalheiros honravam e reverenciavam cortesmente as mulheres como nos dias em que a Deusa reinava com plenos poderes.
Se pelo menos Deidre pudesse ir para lá... Recordou-se do quanto sua mãe, alta sacerdotisa de Ísis, ficara enfurecida ao encontrar o livro — ou "O" Livro — como Deidre gostava de chamá-lo, no lugar da Pedra Filosofal dentro da gruta no fundo de uma caverna oculta. Sua mãe acusara o velho mágico que tinha se refugiado perto do santuário de furtá-lo. Revistara seus pertences, para nada encontrar.
Porém, na manhã seguinte,o velho havia desaparecido.
O florescente dom de vidência de Deidre não fora capaz de localizá-lo. No decorrer dos últimos dois anos, o mágico se ocultara muito bem — e também à Pedra.
A Pedra era um dos tesouros perdidos de Salomão: os símbolos da Geometria Sagrada que definiam toda a vida, e a soma de toda a sabedoria, estavam entalhados nela. Deidre não a vira, na realidade, pois era muito jovem, com seus doze anos, para ser iniciada nos Costumes, mas era de sua mãe o dever e a honra de proteger a Pedra, como acontecia com sua gente desde que Madalena a trouxera ao fugir da Judéia com a irmã, Sara.
A linhagem sagrada da família também se delineava através da Pedra, pois, nos círculos da Deusa, acreditava-se que Madalena descendia da própria Isis.
Sua mãe, depois de dois anos, desesperada demais com a possibilidade de que a Pedra permanecesse oculta para sempre, saltara do alto de um penhasco sobre as águas mornas do Mediterrâneo. E Deidre acabou sendo enviada ao primo, Childeberto, para viver no palácio do rei cristão em Paris.

Capítulo I

Escócia, dez anos depois.

O cheiro de sexo e almíscar permeava o ar frio da noite, acompanhado de grunhidos roucos, gemidos suaves, arquejos exaustos e respirações arfantes. Cautelosamente, Deidre afastou os ramos das samambaias e espiou a clareira escondida. Parecia não haver perigo, porém ela perdera tanto a escolta como o dinheiro que trazia, e mal conseguira escapar de ser raptada na noite anterior. Não iria correr quaisquer riscos. À sua direita, uma fogueira enviava lentas espirais preguiçosas de fumaça azul pelo ar, e se ouvia um ocasional estalo de labaredas amarelas quando a brisa assoprava a lenha.
Ela detectou um movimento perto de uma moita. Uma risadinha chamou sua atenção, e ela desviou o olhar. Um rapaz nu, a ereção enorme sob a luz tênue, persuadia uma garota a deixar que ele lhe tirasse a combinação. Bem, talvez não a "persuadisse". Rasgar a roupa seria uma descrição melhor. Deidre pestanejou.
Em sua condição de ainda virgem — infelizmente — ela nunca vira um homem despido antes. E ofegou de leve quando o rapaz se debruçou sobre a moça, e um grito abafado se ouviu, indicando que o sujeito não fora muito gentil. Aparentemente, porém, a mulher gostava disso, pois começou a rebolar entre arquejos, pedindo por mais.
Deirdre inspecionou as redondezas.
Uma estrada ou trilha apontava logo após uma curva. Conforme seus olhos se acostumavam à luz, ela podia ver mais casais se remexendo sob as moitas baixas espalhadas entre as árvores.
Uma visão de orgia.
Ouvir os arquejos e gemidos de prazer era mais do que uma virgem relutante de vinte e quatro anos poderia suportar. Ela deveria ter perdido a amaldiçoada virgindade e estar casada se não fosse pelo dom da Visão, que a mantivera praticamente prisioneira na corte de Childeberto.
Seu primo precisava desse talento, ele dissera, embora a mãe cristã, Clotilde, torcesse o nariz a qualquer coisa paga. Às vezes, Deirdre pensava que a única razão pela qual Clotilde a tolerava era pelo generoso dote que ela havia herdado da mãe, ao qual Childeberto tinha acesso.
Contanto que ela continuasse solteira. Em conluio, o primo e a mãe, tinham dado um jeito de desencorajar todo e qualquer pretendente.
De repente, Deidre tomou consciência de outros ruídos. Botas. Vozes masculinas. Risadas. Risadas de bêbado, pelo dom. Ela recuou depressa, com a intenção de procurar abrigo nas árvores. Tarde demais. Fora vista.
— Olha lá uma moça bonita — alguém gritou. — Não a deixem escapar!
Deidre tropeçou e ergueu a saia comprida. Coisa desgraçada.
A saia sozinha pesava quase sete libras. Arrancou o arranjo de cabeça, aquela coisa desajeitada atrapalhava sua visão conforme ela corria na direção das árvores.

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