10 de abril de 2010

Amor e Vingança




















1086, Inglaterra

O cavalheiro se preparava em silêncio para a luta.
Escarranchado em um tamborete de madeira,
estendeu suas largas e musculosas pernas e solicitou a seu criado que lhe pusesse o calção de malha.
Continuando, levantou-se e deixou que outro lhe colocasse a pesada cota por cima da camisa de algodão acolchoada.

Por último, levantou os braços queimados pelo sol, a fim de que sua espada, valioso presente dado pelo próprio Guilherme, pudesse ser colocada através de um aro de metal.
Não estava atento à armadura, nem ao que o rodeava, apenas concentrava-se na iminente batalha; metodicamente, repassava a estratégia a ser empregada para obter a vitória.
Um trovão o distraiu.
Carrancudo, afastou o tecido da loja e ergueu a cabeça para examinar a formação de grossas nuvens, enquanto, em plena observação do céu, afastava automaticamente do pescoço umas mechas negras.
Atrás dele, os dois criados prosseguiam com suas ocupações.
Um deles agarrou o tecido engraxado e começou a polir minuciosamente o escudo.
O outro subiu no tamborete e aguardou, sustentando para o cavalheiro o elmo pontudo.
O criado permaneceu por um longo momento na mesma postura, até que o cavalheiro deu meia-volta e se fixou no elmo que lhe era estendido.
Rechaçou-o mediante um gesto da cabeça, pois preferia conservar a liberdade de movimentos, mesmo ante o risco de possíveis ferimentos.
A negativa do cavalheiro em levar aquela proteção adicional fez o criado franzir o sobrecenho, mas teve a sensatez de não protestar verbalmente, pois já tinha reparado no semblante aborrecido de seu senhor.
Uma vez vestido, o cavalheiro girou e, com largas passadas, alcançou e montou sua forte montaria.
Saiu do acampamento sem olhar para trás.
Desejoso de estar sozinho antes da batalha, cavalgou depressa até um bosque próximo, sem dar importância aos arranhões que os ramos baixos infligiam tanto a ele quanto ao cavalo.
Ao chegar ao topo de uma colina, atirou as rédeas da besta que bufava e concentrou sua atenção no castelo que tinha a seus pés.
Uma vez mais, enfureceu-se ao pensar nos infiéis que o tinham convertido em seu ninho, mas refreou sua ira.
Teria sua vingança quando a fortaleza voltasse a ser sua. Então, e não antes, daria livre curso a seu furor.
Dirigiu sua atenção aos detalhes do que estava vendo, e voltou a ficar impressionado pela simplicidade do desenho, detendo-se nos grossos e irregulares muros, que se erguiam quase sete metros para o céu e circundavam por completo as diversas construções do interior.
O rio lambia três dos flancos, para satisfação do cavalheiro dada a impossibilidade, ou quase, de penetrar pela água.
No edifício principal preponderava a pedra, havia uma ou outra área de terra, e em suas duas vertentes era flanqueado por pequenos abrigos, todos eles virados para o pátio, que era amplo e gramado.
Quando o castelo voltasse a suas mãos, estava decidido a torná-lo inexpugnável.
Não podia tolerar que algo assim se repetisse!

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Um comentário:

  1. Esse livro é maravilhoso. Guerreiro correto,muito machista na época... Mas o amor muda tudo....

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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!