7 de junho de 2010

Quase Perfeitos





Londres, 1812

Um convidado indesejável... Uma dama inocente...

O nome de Lionel St. James, definitivamente, não consta da lista de convidados para a festa na casa dos Blakely.
Apesar disso, ele vai até lá com um único propósito em mente: ver — mesmo que de longe — a srta. Mary Ann Whittaker.
Anos atrás, numa escura noite de inverno, a visão daquele rosto adorável aqueceu seu coração, e inspirou nele uma generosidade que ele não imaginava possuir...
Lionel se surpreende ao constatar que os anos não diminuíram a beleza de Mary Ann, e que ela continua doce e inocente como naquela noite, tanto tempo atrás.
Mas à medida que trocam um olhar, o coração de Lionel se enche de pesar.
Pois a passagem do tempo não foi nada gentil com sua própria reputação, e sua alma só se tornou ainda mais marcada e sombria a cada dia.
Ele teme que, se fizer a corte a Mary Ann, acabe arruinando-a.
Porém, naquela noite, tudo que ele quer é tê-la em seus braços, e uma chance de se tornar o homem que ela merece ter, por todos os dias de sua vida...

Capítulo Um,

Londres, 23 de Dezembro, 1812
Durante toda a vida, Mary Ann Wbittaker ouviu sua mãe falar dos perigos de caminhar sozinha pelas ruas da cidade.
No crepúsculo daquela tarde de inverno, enquanto lutava contra um ladrão defendendo sua bolsa, concluiu que a mãe tinha razão.
Com apenas quatorze anos, ela não era tola, e sabia dos perigos.
Mas naquele dia acreditou que chegaria à loja em plena luz do sol, e estaria em casa antes que notassem sua falta. No entanto, subestimou o tempo que levaria para chegar ao local.
— Entregue logo essa bolsa, e eu não a machucarei — ameaçou o assaltante, obviamente surpreso com a disposição da garota em brigar pelo que era seu.
— Nunca! — ela protestou.
Se ele roubasse sua única joia antes que chegasse à loja de penhores, estaria tudo perdido.
O homem se zangou. A expressão nos olhos malévolos dizia que, enquanto no início ele apenas se divertia, aterrorizando a garota desamparada e roubando seus poucos valores, agora a machucaria.
O pânico deu forças a Mary Ann, mas o ladrão, evidentemente mais forte, logo a derrubou no chão.
Ela podia sentir o hálito malcheiroso dele empesteando seu rosto enquanto lutava para se libertar.
— Solte-me! — gritava.
Então ela fez algo que jamais fizera na vida. Abriu a boca e gritou a plenos pulmões. O homem vacilou e a esbofeteou.
— Basta, sua vadia!
Fora estupidez desperdiçar fôlego gritando, ela pensou.
Havia pessoas na rua quando o ladrão a atacou e ninguém veio socorrê-la.
Sentia as bochechas arderem como fogo, e isso deu vida nova à sua luta.
Não tinha a menor intenção de terminar a vida naquele lugar sujo, fedorento, e nas mãos de um bruto.
Contudo, o peso dele a esmagava, fazendo-o rir em descarado escárnio.
Na certa a mataria, e jogaria seu corpo em um rio imundo. Sua mãe e irmãs jamais saberiam seu fim.
Sua visão escureceu enquanto os dedos grossos do brutamontes apertavam-lhe o pescoço.
De súbito, o ar retornou a seus pulmões, e o peso do homem repentinamente foi afastado do seu corpo.
Piscando para se livrar das lágrimas, olhou para o rosto do que parecia ser um deus dourado, moldado pela luz do pôr-do-sol.
Com fria eficiência, a surpreendente aparição girou o ladrão e o golpeou duramente na mandíbula. Depois de agarrá-lo pelo colarinho do casaco, atirou-o na rua.
— Suma daqui, canalha!

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