Série Wyoming
Quando Chase se negou a casar-se com ela, Jessie jurou fazê-lo sofrer de todos os jeitos a seu alcance.
Mas ele não era um homem disposto a ser o brinquedo de alguém.
A formosa Jessie era capaz de dirigir qualquer homem que lhe aproximasse, assim como era capaz de administrar as terras herdadas de seu pai assassinado.
Mas Chase conseguiu encaminhá-la para a frustração e a ira. Quando os azares da fortuna o levaram a percorrer meio mundo, compreendeu quão vazio era tudo sem ela.
E aquela moça que em seus braços soube ser mulher e conheceu por fim qual era o caminho que seu coração lhe mostrava.
Capítulo Um
Wyoming, 1863
Thomas Blair se deteve em uma colina que dominava o vale aonde se cravava seu rancho, entre zimbros e pinheiros; os olhos brilhavam de orgulho. A casa de troncos tinha só três quartos, mas podia resistir ao rigor dos ventos do inverno. Rachel dizia que não lhe incomodava que a houvesse a trazido para um lar tão precário. Depois de tudo, tinham começado o rancho há somente dois anos. Haveria tempo para que construísse para Rachel uma casa grande, um lugar do qual poderia sentir-se orgulhosa.
Que paciente era sua jovem e formosa mulher. E como a adorava. Nela se combinavam a bondade, a beleza e a virtude de uma maneira deliciosa. Porque com Rachel e o rancho, que agora sabia que prosperaria, Thomas tinha tudo o que queria da vida. Tudo.
Bom... quase tudo. Ainda ficava o desejo de um filho que uma filha e dois abortos não tinham destruído por completo. Não culpava a Rachel; ela tinha tentado. Era Jéssica a quem culpava por não ter o filho que tanto tinha desejado, e mais porque a tinha tomado por um varão durante a primeira semana de vida. E até a tinha batizado de Kenneth. Kenneth Jesse Blair. A viúva de Johnson, que tinha assistido o nascimento porque não puderam encontrar o médico, tinha tido muito medo de lhe dizer a verdade, uma vez que Thomas acreditou que era um menino. E Rachel, a beira da morte e tão fraca que mal podia alimentar ao bebê, também acreditava que lhe tinha dado um filho.
Foi um golpe terrível para os dois quando a viúva Johnson, quem já não podia suportar a situação, confessou-lhes a verdade. Com um profundo ressentimento, Thomas decidiu não voltar a olhar ao bebê. Jamais quis lhe fazer uma carícia, jamais quis lhe perdoar que fosse uma mulher.
Aquilo tinha ocorrido há oito anos em Saint Louis. Thomas tinha casado com Rachel no ano anterior e ela o tinha convencido de que se estabelecessem ali. Por ela, Thomas tinha deixado as montanhas e os planos do oeste, onde tinha passado quase toda a vida caçando, pescando e levando mantimentos aos fortes descampados. Saint Louis era muito civilizado, muito limitado para um homem acostumado à suntuosidade das Montanhas Rochosas e ao silêncio imponente dos planaltos. Mas o suportou durante seis anos, atendendo ao armazém do povo que lhe tinham deixado os pais de Rachel. Durante seis anos abasteceu os colonos que se dirigiam ao oeste, ao “seu” oeste, à imensidão das “suas” planícies. Quando tirou o chapéu ouro nas terras de Avermelhado e Oregón teve a idéia de abastecer de carne a todos os acampamentos mineiros e povos que proliferavam no território que conhecia tão bem. Teria abandonado a idéia se não tivesse sido pelo estímulo do Rachel. Ela não conhecia o rigor da natureza, jamais tinha dormido na planície, mas o amava e sabia que era muito infeliz vivendo na cidade. Até contra sua vontade, aceitou vender a loja e esperou pacientemente durante um ano, para que Thomas pudesse começar o rancho, juntar alguns bois selvagens do Texas, comprar gado do este para formar os cruzamentos e construir uma casinha. Por fim a levou ali e deixou que Rachel batizasse o rancho com o nome do Rocky Valley.
O único pedido do Rachel antes de empreender uma vida completamente nova foi que sua filha tivesse a mesma educação que teria recebido se tivessem ficado em Saint Louis. Queria que Jéssica permanecesse na mesma escola privada para Senhoritas na qual tinha estudado desde que tinha cinco anos. Thomas aceitou sem vacilar, sem sequer importar-se se voltaria a ver sua filha alguma vez. A filha dizia chamar-se K. Jéssica Blair. Rachel a tinha apelidado Jéssica, e a menina deixava que qualquer um que visse seu nome escrito acreditasse que o K era a inicial do Kay.
Chamar-se Kenneth era uma terrível mortificação para a preciosa criatura em que se converteu. Com o cabelo negro como as asas das águias e os olhos cor turquesa era a imagem perfeita de Thomas e, portanto, reavivava constantemente seu desejo de um filho.
Mas tudo aquilo estava a ponto de mudar. Rachel estava grávida de novo e como as primeiras dificuldades da nova vida tinham passado, Thomas tinha mais tempo para dedicar a sua mulher. O gado tinha sobrevivido dois invernos e se multiplicou, e Thomas tinha vendido em Virginia City cada cabeça de gado pelo dobro do que teria obtido em Saint Louis. Agora tinha voltado para casa, muito antes do que havia dito a Rachel e estava ansioso para contar os estupendos resultados da venda. Tão ansioso por certo, que se tinha adiantado aos seus três homens que tinham ficado em Fort Laramie.
Queria surpreender a Rachel, regalar-se do seu triunfo, fazer amor durante o resto do dia sem que os interrompessem. Tinha estado longe quase um mês. Como tinha sentido saudades! Thomas começou a baixar a colina enquanto imaginava a cara de surpresa e felicidade de Rachel quando o visse. Não havia ninguém fora. Will Pheng e seu velho amigo Jeb Hart, a quem tinha deixado encarregado do rancho, estariam fora do território Shoshone com o gado a esta hora do dia e a moça Shoshone a quem chamava Kate estaria trabalhando na cozinha.
Série Wyoming
1 - Valente Vento Selvagem
2 - Tempestade Selvagem
3 - Angel
Série Concluída
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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!