22 de outubro de 2012

A História de Jane



Lady Jane Fitzmaurice tinha tudo o que a sociedade aprovava e valorizava: uma beleza impecável, uma criação perfeita e uma respeitável fortuna.

Mas sua personalidade forte e firmeza de opinião, por outro lado, provocavam críticas e comentários. 

Onde já se vira uma dama bem-nascida passar mais tempo em cima da sela de um cavalo do que em sua saleta, bordando? Como podia ela preferir a companhia de David Chance, o charmoso treinador de cavalos, à de Julian Wrexham, o nobre mais atraente da Inglaterra? 
Lady Jane já deixava a sociedade em polvorosa, mas um escândalo inédito estava prestes a explodir, no momento em que ela transgrediria todas as convenções e se prepararia para dar um passo perigoso, que poderia arruinar seu bom nome e deixar seu coração partido para sempre... 


Capítulo Um 

Lady Jane Fitzmaurice tinha apenas seis anos quando seus pais morreram. 
Cavalgando no fim da tarde, ela chegou a sua casa, o Castelo de Loughmore, suja e descabelada como sempre depois de um dia de andanças com seu pônei nas colinas verdejantes de Tipperary. 
Aquele dia adorável de primavera irlandesa não mostrava nenhum indicativo de ameaça à segurança da menina. Ela deixou o pônei no estábulo e caminhou até a grande mansão de pedra, lar dos condes de Loughmore por gerações. 
Sabia que seus pais haviam saído para velejar no lago Derg, porém essa ausência não a incomodava. Afinal, ela raramente os via, mesmo quando eles estavam em casa. Como sempre, Jane jantou no quarto das crianças com a Srta. Kilkelly. Depois folheou um livro sobre cavalos que ganhara como presente no último aniversário, antes de a Srta. Kilkelly dar-lhe banho e levá-la para a cama. 
As notícias chegaram ao castelo uma hora após Jane ter adormecido. Uma tempestade se formara rapidamente sobre o lago Derg e o pequeno barco onde estavam o conde, a condessa e dois amigos, naufragara. Nenhum deles pôde nadar. 
E infelizmente, não houve sobreviventes. A informação foi trazida para Jane pelo prior local. Ele sentou-se na frente da lareira de mármore Kilkenny na sala de estar e Jane permaneceu em pé diante dele. Como de costume, ela estava vestida com roupa de montaria e o prior hesitava, procurando as palavras certas para dizer à criança tranquila que o observava. 
Jane Fitzmaurice não era uma menina bonita, contudo havia algo de diferente nas maçãs altas do rosto e no queixo quadrado que prenunciavam mais do que beleza quando ela se tornasse mais velha. Os cabelos negros, lisos e compridos estavam amarrados na nuca com uma fita velha de veludo. Os olhos, azul-esverdeados como o mar em dias ensolarados, encaravam o reverendo Linley. 
— Jane, minha querida, lamento, mas terei de ser o portador de más notícias para você. Seus pais se acidentaram com o barco... — Ele tornou a hesitar, depois de falar com ternura. 
 — E?... — Jane perguntou com voz clara e infantil. 
— Bem... Eles se afogaram Jane. Sinto muito. 
— Afogaram? — Uma ruga apareceu entre as sobrancelhas da menina. 
— Reverendo Linley, o senhor está querendo dizer que eles estão mortos? 
 — Sim. — Impotente, o religioso olhou para a criatura pequena e esguia. 
Pai de três filhos, seu primeiro impulso foi de abraçá-la. Mas a menina solitária e ereta que o fitava com segurança não parecia necessitar de conforto.
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2 comentários:

  1. Obrigado! Obrigado! Adoro o seu blog.

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  2. Livrinho fofo, ótimo para passar o tempo. A mocinha desde pequena sempre soube o que quis e age sem se importar com as opiniões alheias.

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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!