Lachlan Kerr recebe ordens para se casar, por isso acha inútil protestar ao se tornar noivo da tímida e sem graça lady Grace Stanton.
Entretanto, ele descobre o quanto ela é especial.
Durante toda sua vida, Lachlan fora cercado por traições, mas Grace acredita que ainda há bondade nele.
A força de Lachlan e o cuidado que tem com ela o tornam ainda mais atraente.
E Grace se dá conta de que está cada vez mais apaixonada por aquele homem cheio de segredos na alma…
Capítulo Um
Agosto de 1360 — Grantley Manor, Clenmell, Durham, Inglaterra.
Lady Grace Stanton observava o homem que caminhava em sua direção. Alto, moreno e belo.
Era algo pelo que ela não esperava.
Aquela beleza a preocupava mais do que o perigo que o envolvia ou a indiferença que ele usava como um manto. E quando, enfim, ele estacou diante deles e a poeira, levantada pelos cascos dos cavalos, assentou, ela controlou a expressão e ergueu o rosto.
Ele ficara desapontado. Dava para perceber em seu olhar. Havia uma nuance de desconfiança sob a superfície azul-cinzenta. O coração de Grace afundou. Podia sentir a dor fria de suas suspeitas. Com um sorriso forçado, aceitou a mão que ele lhe estendeu, odiando as unhas roídas e a aparência de sua pele, vermelha e ressecada, de encontro à dele, morena e lisa.
Padecia com aquela enfermidade desde que nascera, há 26 anos. Porém, naquele dia, pelo menos, a pele sob seus olhos não estava descamada nem exsudada.
— Lady Grace. — Assim que proferiu seu nome, ele soltou-lhe a mão e recuou um passo.
— Kerr — disse o tio dela, o conde de Carrick, e seu tom não soou acolhedor. O olhar semicerrado, voltado para o recém-chegado, também englobava os membros do clã, mais ou menos uns 20, que se encontravam sobre os lombos de seus cavalos, atrás do lorde. — Nós o aguardávamos semana passada.
— Já chamaram o sacerdote? — Kerr o interrompeu dispensando completamente as boas maneiras.
— Sim. O padre O’Brian veio de...
— Então, traga-o aqui.
— Mas minha sobrinha ainda não está vestida adequadamente.
— Um vestido é a menor de suas preocupações em face do decreto de meu rei. — As palavras soaram categóricas. Quase insolentes. Oscilando à beira da insubordinação. Quando Grace olhou para o tio, a nitidez da luz o fez parecer mais velho, um homem que superara as agruras da guerra e que agora almejava passar a velhice em paz. Quando seu olhar recaiu sobre as armas que os Kerrs portavam, ela percebeu, com mais clareza do que nunca, o verdadeiro preço da política. Um passo em falso e sua família sofreria as consequências, pois plebeus inocentes eram facilmente descartáveis em períodos de frustração política.
— Eu... a-a-cho, t-tio, que o senhor deveria chamar o pa-pa-padre O’Brian. — Deus! Sua gagueira habitual estava pior do que nunca. Grace ouviu, mais do que viu, o murmúrio dos homens atrás de Kerr, e seu pulso acelerou tão descontroladamente que temeu desmaiar por falta de ar.
Não, não se permitiria tal luxo!
Mordendo o lábio inferior, manteve-se imóvel, esforçando-se para sufocar o pânico que a dominava, até senti-lo retroceder.
— Você se casaria aqui mesmo? Do lado de fora? Mas você esperava...
— Não, tio. Aqui está bo-bom.
Esperanças! Seu olhar percorreu o rosto do guerreiro a sua frente, esperando júbilo ou, no mínimo, compaixão, mas não viu nada.
Apenas uma obrigação, pensou de repente. Para ele, aquele casamento era apenas uma obrigação, uma maneira de apaziguar o rei e encher os próprios cofres de dinheiro.
Maculada por uma doença de pele, mas agraciada com boas ancas para gerar filhos. O emissário de Eduardo III da Inglaterra havia dito exatamente tais palavras, quando ela fora convocada para vê-lo. Lembrou-se da fúria momentânea do tio ao ler o decreto que lhe fora colocado nas mãos, um pedaço de papel que mudaria suas vidas para sempre. Se ele não obedecesse, Grantley Manor estaria em risco. Grantley! Perderiam a propriedade da família se ele não fizesse o sacrifício de casar uma sobrinha, sem atrativos e já passada, com um cônjuge escolhido. Até mesmo seu tio tinha limites quanto ao que estava disposto a perder.
A vontade dos reis. Uma união forjada, enquanto todos estavam às voltas com o conceito de independência da Escócia.
Grace podia ver o traço de impaciência nos olhos de Lachlan Kerr, azuis com pontinhos cinza. Olhos que diziam que ele certamente estava a par da extensão de sua reputação na corte, onde os boatos sobre ela eram cantados nas canções de bufões, figuras de entretenimento, que proporcionavam às damas e aos lordes uma pausa para fugir da realidade mais dura das conspirações. Stephen lhe contara no último verão, após retornar de Londres. O primo recitara os versos maldosos, achando que lhe estava fazendo um favor, avisando-a.
Talvez estivesse mesmo, pensou Grace. Um ano atrás, não teria sido capaz de perceber a aversão e a piedade tão claramente estampadas no rosto de Kerr, julgando ser apenas traços de impaciência. Agora, a forma de uma irritação indisfarçável em seu semblante era evidente em sua postura e na maneira como se colocava diante deles, uma das mãos no quadril e a outra no cabo da espada.
O sucessor do irmão!
Durante toda sua vida, Lachlan fora cercado por traições, mas Grace acredita que ainda há bondade nele.
A força de Lachlan e o cuidado que tem com ela o tornam ainda mais atraente.
E Grace se dá conta de que está cada vez mais apaixonada por aquele homem cheio de segredos na alma…
Capítulo Um
Agosto de 1360 — Grantley Manor, Clenmell, Durham, Inglaterra.
Lady Grace Stanton observava o homem que caminhava em sua direção. Alto, moreno e belo.
Era algo pelo que ela não esperava.
Aquela beleza a preocupava mais do que o perigo que o envolvia ou a indiferença que ele usava como um manto. E quando, enfim, ele estacou diante deles e a poeira, levantada pelos cascos dos cavalos, assentou, ela controlou a expressão e ergueu o rosto.
Ele ficara desapontado. Dava para perceber em seu olhar. Havia uma nuance de desconfiança sob a superfície azul-cinzenta. O coração de Grace afundou. Podia sentir a dor fria de suas suspeitas. Com um sorriso forçado, aceitou a mão que ele lhe estendeu, odiando as unhas roídas e a aparência de sua pele, vermelha e ressecada, de encontro à dele, morena e lisa.
Padecia com aquela enfermidade desde que nascera, há 26 anos. Porém, naquele dia, pelo menos, a pele sob seus olhos não estava descamada nem exsudada.
— Lady Grace. — Assim que proferiu seu nome, ele soltou-lhe a mão e recuou um passo.
— Kerr — disse o tio dela, o conde de Carrick, e seu tom não soou acolhedor. O olhar semicerrado, voltado para o recém-chegado, também englobava os membros do clã, mais ou menos uns 20, que se encontravam sobre os lombos de seus cavalos, atrás do lorde. — Nós o aguardávamos semana passada.
— Já chamaram o sacerdote? — Kerr o interrompeu dispensando completamente as boas maneiras.
— Sim. O padre O’Brian veio de...
— Então, traga-o aqui.
— Mas minha sobrinha ainda não está vestida adequadamente.
— Um vestido é a menor de suas preocupações em face do decreto de meu rei. — As palavras soaram categóricas. Quase insolentes. Oscilando à beira da insubordinação. Quando Grace olhou para o tio, a nitidez da luz o fez parecer mais velho, um homem que superara as agruras da guerra e que agora almejava passar a velhice em paz. Quando seu olhar recaiu sobre as armas que os Kerrs portavam, ela percebeu, com mais clareza do que nunca, o verdadeiro preço da política. Um passo em falso e sua família sofreria as consequências, pois plebeus inocentes eram facilmente descartáveis em períodos de frustração política.
— Eu... a-a-cho, t-tio, que o senhor deveria chamar o pa-pa-padre O’Brian. — Deus! Sua gagueira habitual estava pior do que nunca. Grace ouviu, mais do que viu, o murmúrio dos homens atrás de Kerr, e seu pulso acelerou tão descontroladamente que temeu desmaiar por falta de ar.
Não, não se permitiria tal luxo!
Mordendo o lábio inferior, manteve-se imóvel, esforçando-se para sufocar o pânico que a dominava, até senti-lo retroceder.
— Você se casaria aqui mesmo? Do lado de fora? Mas você esperava...
— Não, tio. Aqui está bo-bom.
Esperanças! Seu olhar percorreu o rosto do guerreiro a sua frente, esperando júbilo ou, no mínimo, compaixão, mas não viu nada.
Apenas uma obrigação, pensou de repente. Para ele, aquele casamento era apenas uma obrigação, uma maneira de apaziguar o rei e encher os próprios cofres de dinheiro.
Maculada por uma doença de pele, mas agraciada com boas ancas para gerar filhos. O emissário de Eduardo III da Inglaterra havia dito exatamente tais palavras, quando ela fora convocada para vê-lo. Lembrou-se da fúria momentânea do tio ao ler o decreto que lhe fora colocado nas mãos, um pedaço de papel que mudaria suas vidas para sempre. Se ele não obedecesse, Grantley Manor estaria em risco. Grantley! Perderiam a propriedade da família se ele não fizesse o sacrifício de casar uma sobrinha, sem atrativos e já passada, com um cônjuge escolhido. Até mesmo seu tio tinha limites quanto ao que estava disposto a perder.
A vontade dos reis. Uma união forjada, enquanto todos estavam às voltas com o conceito de independência da Escócia.
Grace podia ver o traço de impaciência nos olhos de Lachlan Kerr, azuis com pontinhos cinza. Olhos que diziam que ele certamente estava a par da extensão de sua reputação na corte, onde os boatos sobre ela eram cantados nas canções de bufões, figuras de entretenimento, que proporcionavam às damas e aos lordes uma pausa para fugir da realidade mais dura das conspirações. Stephen lhe contara no último verão, após retornar de Londres. O primo recitara os versos maldosos, achando que lhe estava fazendo um favor, avisando-a.
Talvez estivesse mesmo, pensou Grace. Um ano atrás, não teria sido capaz de perceber a aversão e a piedade tão claramente estampadas no rosto de Kerr, julgando ser apenas traços de impaciência. Agora, a forma de uma irritação indisfarçável em seu semblante era evidente em sua postura e na maneira como se colocava diante deles, uma das mãos no quadril e a outra no cabo da espada.
O sucessor do irmão!
Adorei esse livro! A mocinha é determinada a proteger a todos que ama, e sempre se sentiu frustada por se achar desprovida de beleza.Um amadurecimento considerável acontece com ao decorrer do livro que se torna ainda mais interessante.O mocinho no começo é um tanto idiota, mas depois percebe que a Grace é a mulher da sua vida.
ResponderExcluirGOSTEI... MAS NUNCA TINHA VISTO UMA MOCINHA COM TANTOS DEFEITOS... RSRSRS COITADA... A HISTÓRIA É BOA SIM... OBRIGADA JENNA
ResponderExcluirA história entre o mocinho e a mocinha é ótima, vai se desenvolvendo, mas a história da guerra e do irmão, sinceramente não me convenceu, muitos mal entendidos e enganos que depois de explicado para mim, ficou totalmente sem sentido
ResponderExcluirLachlan Kerr é um homem amargurado pela traição e aprendeu a não confiar em ninguém. Dentre a intrigas politicas e inimigos que se escondem nas sombras Lachlan é obrigado a casar. Ele vai passar por muitas etapas neste romance que realmente tem história a contar. A principio vamos nos descabelar, xingar Lachlan por ser frio e até meio..meio danado. Grauuuuuu
ResponderExcluirPor que? Lachlan, ele era muito seco e impaciente no inicio com Grace, e mantinha uma amante em seu castelo, e às vistas de todos! Assim que chega no castelo do tio de Grace,e ali mesmo no patio do castelo ele já quer se casar com Grace -e, logo após o casamento a joga no cavalo com ele e parte pro castelo dele PORQUE ESTÁ COM SAUDADES DA AMANTE. A mocinha teve que dividir a mesa com a amante dele.
Gente..o encontro de Lachlan com a amante quando chega ao castelo levando Grace é de se ter uma Lei que supere a Maria da Penha..vcs vão se chatear. Foi meloso e imoral. E ela mora no castelo..eca!!! Mas a mocinha ganha o apoio da sogra e ô..com o tempo poe a moça pra correr. No decorrer da história Lachlan vai aprendendo a conhecer Grace e vai se apaixonando por ela. E vai deixando de lado a amante.
Lady Grace Stanton - Tem problemas de pele e sofre de gagueira - a coisa era ssssériaaaa, aff!!! Nãooo papaparavava de gaguejar. Embora fosse medrosa em muitos momentos ganhava coragem e agia. Ela tem de casar para honrar um compromisso de família, com um noivo pra lá de grosseirão no inivio. Há um segredo: o irmão de Lachlan 'caiu do cavalo' em um penhasco e corpo nunca foi achado e a culpada SUPOSTAMENTE era a Grace. É impossível não sentir simpatia pela mocinha, apesar dela ser um pouco lesada no começo, aos pouquinhos ela vai colocando as manguinhas de fora e se revelando uma mulher de opinião. E o mocinho vai ficando menos grosso, e até consegue considerar um pouquinho a opinião da esposa. Ela sofre bastante por parte do clã de Lachlan por culpa-la da morte do irmão do Laird...e ainda por cima o próprio castelo é dividido em apoiar o Laird Lachlan e os antigos homens do irmão morto de Lachlan que não aceitam Lachlan como novo laird.
No final..Lachlan se não quiser perder Grace vai ter que lutar pelo amor dela... Lutar mesmo: com direito a espadas, lanças etc...já que houve uma petição junto ao Rei de que Grace já pertencia a OUTRO. Lachlan endoida..logico. Ela era dele e de mais ninguém.
O amor dos dois quando engrena é lindo. Eles sofrem juntos.
— Devemos ficar ou partir, Grace? Se achar que eu não tenho chance de ganhar...
ResponderExcluirEla o interrompeu.
— Se partir, perderá seu lar.
— Você é meu lar. Só você.
Ele não se aproximou, nem a tocou, mas o ar que os circundava mudou para sempre. A escolha era dela. A honestidade das palavras dele. Nenhum traço de luxúria envolvido. A candura de uma confissão inesperada. Grace quase não conseguiu responder.
— Então, você está dizendo...
— Estou dizendo que irei aonde você for. Juntos.
Os músculos da mandíbula de Lachlan flexionaram. Direto, sem floreios, mas bastava, embora sua respiração parecesse irregular. Segundos se arrastaram.
— Então, seu eu quisesse voltar para minha família, na Inglaterra, você me seguiria?
— Sim, seguiria. — As palavras soaram abafadas e quase inaudíveis.
Aquelas não eram as palavras de amor que havia imaginado em seus sonhos, mas algo muito mais real. Ele desistiria até mesmo da Escócia por ela, um país que havia marcado seu corpo durante uma vida inteira de lutas. Lágrimas inundaram os olhos de Grace. Lágrimas de tristeza e ao mesmo tempo de felicidade, pois ninguém jamais lhe dera um presente assim.
— Eu o amo, Lachlan.
Pronto. As palavras foram ditas.
— Eu o amei desde o primeiro momento em que o vi em Grantley e a cada dia o amo mais. Mas não ousaria tirá-lo de Belridden, pois suas terras são seu santuário após 33 anos de peregrinação, e são o meu também.
Lar. Não apenas dele, mas dela também. Até então não imaginara o quanto desejara um lugar para chamar de lar. Não percebera que a libertação dele era a sua também.
Seus olhares se cruzaram, dominados pelo dar e receber da verdade, mas ainda não se tocavam.
— Se ficar comigo agora, Grace, jamais a deixarei partir.
— Eu sei.
— Não importaria o quanto desejasse partir.
— Eu sei — repetiu ela.
— Em dois minutos a porta se abrirá e você será levada para a casa de MacDonald. — Lachlan terminou a bebida e a distância entre eles pareceu diminuir. — Prometa-me que ficará segura. Prometa-me que não sairá sozinha ou se deixará induzir a deixar a casa, não importa quem tente fazer isso...
Grace se moveu e pousou um dedo sobre os lábios dele, silenciando-lhe as preocupações.
— Eu o amo, Lachlan. — O calor da língua dele traçou uma linha de fogo por sua pele. — Você é meu cavaleiro e eu o esperarei até que vença todos os nossos inimigos