Série Irmãs McAlpin
O homem, como todos os demais, fora trucidado de forma selvagem.
A mulher, cujas roupas lhe haviam sido arrancadas do corpo, fora violentada pelos inimigos antes que a morte misericordiosa a levasse.
— Venha, meu filho. Amanhã voltaremos para sepultar seus mortos disse frei Anselmo, em tom compassivo.
O menino não deu mostras de tê-lo ouvido. Permaneceu imóvel, de joelhos, o rosto sem expressão.
— Precisa esquecer o que viu hoje o frade insistiu, penalizado.
— Nunca!
— Pela primeira vez o garoto quebrou o mutismo que até então mantivera. Depois, apertando os punhos até os nós dos dedos ficarem brancos, acrescentou, feroz: — Nunca vou esquecer!
A dureza e a determinação daquela criança abalaram o velho frade. Só vira antes tal ferocidade em guerreiros empedernidos por muitas batalhas.
— Quando eu crescer ... o menino continuou falando, através dos dentes cerrados, juro, pela alma do meu pai e da minha mãe, que vingarei meu povo! Os ingleses que fizeram isso, um dia, vão prestar contas à Dillon Campbell!
Capítulo Um
— Moira! Estou vendo os selvagens! De pé no balcão do seu quarto, Leonora, única filha de lorde Alec Waltham, observava os campos verdejantes.
Tão longe quanto à vista alcançava, as terras pertenciam a seu pai. A maior parte fora presente do rei Edward, em agradecimento aos serviços prestados por lorde Waltham à coroa inglesa. Alec Waltham era um dos mais fiéis amigos do rei, e a generosidade deste para com os que lhe prestavam lealdade era lendária, assim como seu temperamento volátil.
Era bem conhecido nos círculos da nobreza o fato de o rei Edward ser autocrático, de gênio explosivo, capaz de tornar-se violento diante de críticas, até mesmo dos amigos fiéis.
Deus nos ajude! Onde? A idosa aia saiu para o balcão e, protegendo do sol os olhos cansados, examinou as redondezas.
— Ali, naquela colina. Está vendo o reflexo do sol nas espadas?
— Sim. A velha criada persignou-se. Nunca pensei que viveria para ver esses pagãos dormindo sob o mesmo teto que gente cristã e civilizada. Nem comendo à mesa do seu pai. Ah, as coisas terríveis que tenho ouvido sobre eles.
— Ouvido? Quer dizer que nunca viu um escocês?
A mulher, que havia sido ama de criação da mãe de Leonora, antes desta, estremeceu.
— Não. Mas tenho ouvido muitas histórias a respeito desses selvagens. São gigantescos, minha criança, andam com as coxas descobertas mesmo na mais gélida temperatura, e vestem pouca coisa além de trapos. Vendo a expressão chocada de Leonora, continuou: — Sim, aqueles que já os viram dizem que são selvagens, violentos, com um jeito rude de falar, e faces barbudas, horríveis de se contemplar.
Os olhos de Leonora se arregalaram.
— Ah, Moira, e o que eu vou fazer? Papai me mandou ficar ao lado dele para recepcionar essas ... criaturas. Ela levou a mão delicada ao pescoço.
— Se ele fosse prudente, teria ordenado que você não saísse do quarto até esses pagãos escoceses fossem embora. Quem sabe de que maldades eles são capazes? A aia baixou a voz. Há pessoas que afirmam que eles comem criancinhas inglesas e bebem o seu sangue.
— Quieta, Moira. Não posso acreditar em tamanho absurdo! Papai nunca os convidaria para nossa casa, se fossem tão monstruosos assim.
— Não se esqueça, não foi escolha de seu pai. O rei ordenou esse encontro.
— Sim, e você acha que nosso rei iria colocar seu mais leal amigo em situação tão perigosa?
A criada não respondeu. Sabiamente guardou para si seu verdadeiro pensamento. Havia espiões por toda a parte e infeliz daquele que caísse no desagrado do trono.
A atenção de Leonora, contudo, já se voltara para os três cavaleiros que se aproximavam do fosso que rodeava o castelo. A um grito de comando, a ponte levadiça foi baixada, e o pesado portão, erguido. Os três escoceses avançaram para dentro do pátio e imediatamente a ponte levadiça e o portão voltaram a posição inicial, impedindo qualquer retirada.
— Esses escoceses, comentou Leonora, preparando-se para deixar o aposento, são ou muito tolos ou muito corajosos. Afinal, são apenas três homens contra mais de cem dos melhores guerreiros do rei dentro das muralhas.
—Dizem que basta um escocês para derrotar um exército inteiro de soldados ingleses.
Série Irmãs McAlpin
1 - A Prisioneira do Castelo
2 - Uma Rebelde na Corte
3 - Prisioneira do Esquecimento
4 - Coração Highland
5 - O Higlander Traduzido- Guerreiro Amante
6 - O Inimigo
Série Concluída
Ficou lindinho, gosto de ver meu filhotes. Bjs
ResponderExcluirAdorei!! Romances medievais são meus favoritos e fazia um tempinho que eu não lia nenhum medieval. O mocinho, Dillon Campbell, é um TDB pra ninguem botar defeito e a mocinha é uma graça.
ResponderExcluirnao achei o livro na biblioteca.
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