14 de abril de 2015

Anjo do Amor



O jovem conde de Chadwood abriu os olhos, depois de ter ficado dias entre a vida e a morte, e não reconheceu o quarto onde estava. 

A escuridão era quebrada apenas pela ténue luz de pequenos candelabros. 
Um perfume suave chegava até ele como uma carícia. 
Quando olhou para o lado encantou-se com um rosto alvo, emoldurado por cabelos dourados, e grandes olhos brilhantes que pareciam duas estrelas no céu. 
Por um momento achou que fosse um anjo, mas logo reconheceu Olívia, a jovem que ele ameaçara expulsar de Chad, sua mansão ancestral!

Capítulo Um

1824
Olívia olhou dentro de sua bolsa e deu um suspiro. Constatou que estava quase sem dinheiro.
Mais cedo ou mais tarde teria de se dirigir ao novo conde de Chadwood.
Esperara que ele fosse visitá-la ou, ao menos, que a convidasse para ir a Chad.
Porém, até aquele momento, não tivera notícias da Casa Grande. E considerara de mau gosto impor sua presença logo após a chegada do novo conde.
Afinal, tudo seria difícil para ele, pois jamais imaginara herdar o título.
Primo distante do último conde, o quinto, exercia suas funções militares na índia, quando recebeu a notícia da morte do velho primo e dos dois filhos.
Os primos William e John velejavam, e o barco foi dado por perdido. Iam para Cornwall, onde possuíam uma propriedade. Ousadamente, partiram em dia de grande temporal.
Os dois morreram afogados, e a notícia causou um golpe fatal ao velho pai, já muito doente.
E todos na propriedade do conde ficaram consternados.
Amavam William e John. Viram-nos crescer, e dedicavam-lhes a mesma afeição que tinham por seus próprios filhos.
Olívia custou a acreditar que os rapazes haviam morrido. Gostava deles como irmãos e faziam parte de sua vida desde que nasceram.
Após a morte do velho conde, passou-se um ano até o novo conde voltar da índia. Ninguém sabia nada sobre ele, exceto que era primo do antigo dono.
Os habitantes da aldeia tiveram esperança de que as coisas caminhassem normalmente.
Os velhos empregados de Chad cuidavam da Casa Grande como se lhes pertencesse. Os arrendatários e trabalhadores dos campos lutavam para fazer das fazendas a inveja de qualquer proprietário de terras vizinhas.
Para Olívia, o último ano fora muito triste. Não apenas por causa da morte do velho conde, do qual se lembrava sempre com carinho, mas pela morte de seu próprio pai.
Pastor da aldeia, o pai de Olívia percorria longas áreas em seu coche puxado por um único cavalo, a fim de visitar os paroquianos doentes.
Um dia, numa curva da estrada, um enorme faetonte com quatro cavalos colidiu com seu pequeno veículo. O condutor do faetonte estava bêbado. Sobreviveu ao acidente, mas o pastor morreu.
O reverendo Arthur Lambrick cuidara dos moradores do local e do conde por vinte e cinco anos.
Muito inteligente e simpático, tivera, contudo, dificuldade em se recuperar depois da morte da esposa. Ela falecera um ano antes, em consequência de uma epidemia que assolara a aldeia.
Todos diziam ser esse o início de uma nova praga. E afirmavam ser o castigo de Deus à maldade e imoralidade reinante em Londres.
A epidemia matou muitos velhos e também a linda e amada esposa do pastor. Olívia, com apenas dezenove anos de idade, encontrou-se sem o amparo do pai e da mãe. 
Moravam com ela a irmãzinha Wendy e o irmão Anthony, que só aparecia no período de férias escolares. Tony, como era conhecido, terminara o curso secundário em Eton.
O velho conde prometera mandá-lo a Oxford, onde o pastor também estudara. As aulas começariam em outubro e Olívia rezava para que o novo conde cumprisse as promessas de seu antecessor.
Ela contou novamente o dinheiro da bolsa, e viu que não tinha quase nada. Pegou meia libra, o salário da empregada Bessie correspondente a três semanas. Envergonhava-se por ter se atrasado no pagamento. E ainda precisava guardar algum dinheiro para a comida, e Tony tinha um apetite voraz.









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