24 de julho de 2015

Terra Selvagem




Kenneth Malory perdeu sua esposa e o bebê que esperavam.

Culpou-se por tê-la deixado sozinha naquela manhã, e já não se importa mais em saber se vai viver ou morrer.
Por isso, abandona seu rancho e vai em busca dos assassinos.
Prometeu a si mesmo encontrar e acabar com eles. Um por um.
Abbyssinya St. James, Abby, é jornalista. 
No entanto, em Boston, vê-se obrigada a publicar seus artigos com um pseudônimo masculino. Por isso, quando herda de seu tio Thomas, um pequeno jornal, em Santa Fé, não hesita e aceita o desafio. Enquanto atravessa o país, emocionada com a aventura, nem imagina que, não só terá que enfrentar criminosos, mas o homem mais enfurecido de todo o Oeste: um maldito caçador de recompensas.

Capítulo Um

Estava morrendo.
O fato em si já não importava, mas o que o afetava, o que o fazia desistir mentalmente, era a frustrante sensação de ter perdido. Sobretudo em ter falhado com Lidia. Desde aquele fatídico dia em que tudo aconteceu, havia tratado de vingar a vida de sua esposa e do filho que esperavam, e agora, como uma foice pairando sobre ele como um manto de agonia, a única coisa em que conseguia pensar era não ter podido levar a cabo sua vingança.
Alguém falava a seu lado, mas Kenneth Malory apenas captava as palavras. Os sons se desvaneciam tal qual luzes e cores, deixando ao redor um vazio frio, mortal, contra o qual não parecia capaz de lutar. Em imagens sobrepostas e aceleradas, recordou aquela tarde, em que sua vida deixou de ter sentido...
Havia saído com a maior parte de seus homens na tentativa de recuperar algumas cabeças de gado, dispersas pelo vale.
Nada indicava, naquela fria manhã, que seu mundo poderia virar de cabeça para baixo. Ao sair, não quis acordar Lidia, porque tinham-se deitado tarde na noite anterior, ao se lançarem na cama como adolescentes ansiosos, entre risos e carícias, para depois fazerem amor de maneira lenta.
Lidia ainda era uma menina, com apenas dezoito anos completos, morena e delgada como o leito de um rio, a pele suave, delicada e feminina.
Uma criatura capaz de converter o próprio Diabo em São Miguel Arcanjo. Ao conhecê-la, acreditou que era exatamente o que precisava o que necessitava depois de ter participado de uma guerra impiedosa em que guardava tristes recordações, marcando-o com raiva e consternação. Era um porto de paz para seu espírito. Apaixonou-se por ela e foi correspondido.
Esperavam um bebê. Faltavam apenas três meses para o seu nascimento e Ken estava no sétimo céu, dede que ela havia lhe dado á notícia. A vida lhe sorria. Tinha vinte e seis anos, um rancho próprio herdado de seu avô paterno, mais de dez mil cabeças do melhor gado e vontade suficiente para fazê-lo prosperar, expandindo-o, e conseguindo para sua jovem esposa e para o filho que ia chegar, um lugar para serem felizes. Mas a maldita tormenta que havia caído na noite anterior, tinha dispersado parte do gado, e eles saíram para recuperá-los.
Desde que havia terminado a Guerra da Secessão1, apenas alguns conflitos existiam no território. Por outro lado, seu rancho estava localizado longe o suficiente da cidade, mal recebiam visitas, apesar de irem com frequência ao rancho de sua irmã Vicky, felizmente bem casada com o bom Clay.
Dois homens ficaram de guarda no rancho: o jovem Conrad Thyssen e Bob Bradfort, um velho rabugento que trabalhava ali há anos. Bradford conhecia o rancho como a palma de sua mão, resmungão ou não, era incomparável em seu trabalho, e por este motivo tinha a total confiança de Ken, que no decorrer dos anos, tinha desenvolvido um verdadeiro carinho pelo velho vaqueiro. Recuperar o gado disperso tinha demandado mais tempo do que o previsto.
Assim quando o dia terminou, esgotados e suados, mas com bom ânimo, ele e seus homens regressaram a Siete Estrellas.
Foi seu avô quem colocou o nome no rancho, baseando-se na crença dos índios, por quem sempre sentiu respeito, passado aos seus descendentes. Os Lakotas e, os pawnis se guiavam na posição das Sete Estrelas (as Plêiades), para determinar o ano cerimonial.
Faltava menos de uma milha para chegar ao rancho, quando Ken pressentiu que alguma coisa estranha tinha acontecido. Uma fumaça negra subia no horizonte manchado de vermelho. Com o coração oprimido por um medo repentino, esporeou seu cavalo, deixando os outros homens para trás.
Sua casa estava em chamas, saltou da montaria de seu cavalo, antes mesmo que ele parasse da louca corrida por ele imposta, gritando o nome de sua esposa. O corpo crivado de balas do velho Bob deixou-o paralisado, aumentando seu medo. 
Já não havia dúvida: a tragédia havia atingido a ambos, com toda crueldade. Como um louco, com as batidas do coração ensurdecendo seus ouvidos, correu para casa onde as chamas devoravam as paredes e os telhados, que desmoronou tão logo cruzou o portal.
Ken nada escutava, apenas a descompassada batida de seu sangue, surdo aos chamados de seus homens, que atrás dele, tinham começado a tentar apagar o incêndio e o preveniam sobre o perigo de um desabamento total. Desviava dos escombros e das vigas em chamas cruzando a sala. A leve esperança de que Lidia pudesse ter escapado do desastre, deu-lhe forças para entrar no corredor que levava aos quartos.
Empurrou a porta do quarto do casal. E ficou pregado no chão.






2 comentários:

  1. Amei esse livro!!
    A Abby não é nenhuma sonsa que espera que decidam tudo por ela. Tem atitude a guria. Sabe atirar, é sarcástica e bate de frente quando precisa. O que mais adorei foi saber que era divorciada e não teve nenhum problema com isso, foi ela quem pediu o divorcio, mesmo sabendo que era um tabu naquela época.
    Foi bem engraçado ver como o Ken ficava frustrado por não saber o que fazer com ela. Mas também foi magnifico acompanhar que ele não tentava diminui -la e sim, queria estar ao lado dela. É tão bonitinho ver que mesmo com um proposito e querendo esganar nossa mocinha, ele a ajudou e se apaixonou *-*
    Os dialogos eram os melhores, cheios de sarcasmo. Adoro!!!

    Simplesmente incrível <3

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  2. Gostei muito do livro, como dito a Abby tem fibra e o Ken é uma gracinha...adorei a história.

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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!