McIntyre leva uma vida tranquila e rotineira.
Manter toda a casa, ajudar a quem mais necessita, atender a escola dominical, recriminar os assíduos do Saloon local que desperdiçam horas ali, em vez de estar junto a seus filhos e suas esposas... É por isso que está solteira, tem trinta anos e muito tempo livre, além disso, os homens de Carsons pensam que é puritana impertinente e triste, não que haja muitas perspectivas de que as coisas mudem, nem Felicity está disposta a mudar seu comportamento para conseguir um marido. Mas, se um irlandês atraente, perigoso e procurado pela justiça cruzar seu caminho, e colocar seu mundo de ponta cabeça, o que mais poderá fazer a não ser se deixar levar por ele?
Capítulo Um
Meia dúzia de meninos de diferentes idades bocejavam apoiados sobre as mesas que serviam de classes improvisadas. Felicity elevou a voz tratando de contagiar com seu entusiasmo o infantil auditório.
― E é por isso que não devemos roubar, nem mentir, nem, obviamente, matar nossos semelhantes. Vejamos quem pode recitar de cor os Dez Mandamentos? Só uma mão foi levantada com rapidez. Felicity sorriu à pequena filha dos Richardson.
― Sei que você sabe Laura, mas que tal se deixar que alguém mais se anime? O que me diz Jimmy? Ou você, Samuel? Os referidos coçaram a cabeça, pensativos. Jimmy começou:
― Amará a Deus sobre todas as coisas.
― Muito bem ― incentivou Felicity ― E que mais?
― Não matarás. ― Estupendo, e…?
― Não roubarás. ― Isso. ― E… Jimmy fez cara de quem fazia um esforço tremendo, mas a inspiração não chegou. Laura voltou a levantar a mão impaciente. ― Pense com calma, não temos pressa. Vários suspiros desencantados soaram ao fundo.
― Não baterás em seu irmão mais novo? As risadas soaram em coro. ― Não, Jimmy, embora seja um bom tema. Podemos considerá-lo um extra. Lembra-se de mais algum? O menino continuou pensando. A paciência de Felicity começou a esgotar-se. Era muito pedir que decorassem dez singelos mandamentos? Outra mão foi levantada.
― Sim, diga, Peter, conhece mais alguma?
― Não, senhorita McIntyre, mas posso ir? Minha mãe me deu permissão para eu ir pescar. Todos os rostos se voltaram para ela esperançosos. Qualquer um ali possuia coisa melhor a fazer numa manhã de domingo de primavera do que ficar ali encarcerado. Felicity viu-se derrotada.
― Está bem. Podem ir, mas, lembrem-se de ler em casa o capítulo que estudamos. Não esqueçam: ― Moisés e a travessia do deserto.
― Não, senhorita McIntyre ― responderam em coro e saíram correndo da escola dominical. Todos. Inclusive Laura. Suspirou, mas não perdeu o ânimo. Estava acostumada a tratar com aquelas pequenas criaturinhas.
Era uma vitória mantê-los sentados e que se apresentassem vestidos e calçados. Além disso, ela pensou ao mesmo tempo em que consultava o pequeno relógio que levava preso ao vestido por uma fina corrente, ela também possuia mais coisas para fazer.
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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!