Nicolas, Lorde Hatherly, nunca pensara em se casar – nem queria aumentar a “loucura” da linhagem Hatherly.
Mas agora deveria honrar a dívida de seu pai para um comerciante alpinista social, ou perder a casa da família.
Um notório marquês libertino, aquisição de seu pai em um jogo de cartas, era a última coisa que a Senhorita Alice Tombs queria. Ela passara as últimas três temporadas repelindo pretendentes com métodos espetaculares, para que tivesse a liberdade de explorar o mundo. Teria de mandar esse pretendente para longe, também. Até que Nick propõe um arranjo totalmente tentador: um verão junto para provar a legitimidade de sua união, e então Alice estava livre para viajar enquanto Nick volta para os dias de orgias que faltavam antes que a loucura dos Hatherly tomasse conta dele.
Seria fácil partir depois de uns poucos meses de falsa alegria conjugal, não seria? Alice e Nick estão prestes a descobrir… uma noite sensual de cada vez. Isso deve ser divertido…
Capítulo Um
Londres, 1820
Salão de Bailes da casa do Duque de Barrington.
Vênus surgiu das ondas verdes e ondulantes, nua, exceto por seu longo cabelo vermelho-dourado e um sorriso sereno.
A melodia etérea da harpa percorreu o ar.
A pequena plateia de senhores intitulados explodiu em aplausos.
— Quem é ela, Hatherly? – Capitão Lear perguntou.
— Ela é minha. – Nick contemplou as linhas clássicas e ricamente curvilíneas daquela que seria sua amante.
Lear sorriu maliciosamente.
— Ela tem uma irmã gêmea?
— Que tal a criada? – Nick olhou para a bonita atriz com longos e fluídos cabelos castanhos, enrolados em flores brancas, que estava a espera para envolver Vênus em um manto de seda rosa.
— Você foge com a deusa e eu fico com uma mera criada?
— O que posso dizer, velho amigo? – Nick serviu Lear com mais French Armagnac de um decantador de vidro sobre a mesa redonda em frente a eles. – É a minha festa.
Nick era conhecido como infame na sociedade por seus entretenimentos hedonistas. Para as festividades desta noite recriou a requintada pintura de Botticelli, O nascimento de Vênus, procurara pelas casas de ópera de Londres, pela musa perfeita.
Não importava que seu nome era Sally e que veio de Liverpool.
Nesta noite era ela a Vênus de Botticelli. Arte transformada em carne.
Tentação encarnada. E amanhã seria transformada na deusa reinante do submundo.
Lear riu, seu olhar varrendo os senhores sentados em volta do palco que Nick mandara construir no salão de baile de Sunderland House, a palaciana mansão de seu pai em Londres.
— Apenas olhe para eles. Arrebatados como bebês dos seios de suas mães. Você vai ter problemas em superar esses, Hatherly.
Nick assentiu pesarosamente.
— Está ficando mais difícil fornecer novas diversões. Eu vi tudo. Fiz de tudo.
— Do que você necessita é de uma mudança de cenário. Céus abertos. O ar estimulante do mar… – Lear piscou um olho. – Garçonetes alegres por todos os lados. Dançarinas flexíveis de flamenco.
Em linguagem educada Lear era conhecido como um aventureiro, um navio para alugar. Outros o chamavam de pirata. Certamente não era um verdadeiro capitão na Marinha Real com sua pele bronzeada, longo cabelo preto e uma pequena argola de ouro perfurando uma de suas orelhas, mas mantinha Nick suprido com aquele conhaque de carvalho envelhecido da França e um condimentado vinho português, então Nick não fazia muitas perguntas.
Lear bateu a mão no ombro de Nick.
— Venha comigo em minha próxima viagem. Não, eu estou falando sério – disse quando Nick começou a protestar. – Quando foi a última vez que você deixou Londres? Você está sufocando aqui nesta cidade coberta de fuligem, quando há todo um mundo para se explorar.
As palavras do amigo conjuraram uma memória enterrada. A maresia encrustada em seu rosto. Olhando para um sombrio oceano cinza. Na cabine abaixo, seu pai, o Duque de Barrington e famoso colecionador de orquídeas, febrilmente escrevia em seu diário, parando apenas para encher seu tinteiro. Linhas intermináveis de rabiscos, sua mente estava lúgubre e tão impenetrável quanto o oceano que eles cruzavam.
Nick suprimiu um estremecimento e engoliu o resto do conhaque em sua taça, saboreando os sabores ácidos, maçã doce e caramelo.
— Eu nunca pisarei em um navio novamente. – Disse, sua voz baixa e uniforme, mas as palavras foram arrancadas de sua alma. – Odeio o oceano. Odeio o tédio. Andar pelo convés durantes meses a fio. Eu enlouqueceria. Apenas o fiz pelo meu pai.
Lear analisou sua face com uma expressão perplexa.
Com esforço, Nick retomou sua habitual expressão de descuidada diversão.
— Os únicos navios que desejo ver são as imitações teatrais, velho amigo. – Falou calorosamente, gesticulando para o palco, onde a proa de um navio fantasmagórico, austero contra um pano de fundo azul, deslizava para ser visto, sinalizando que estava quase na hora da Vênus começar a cantar.
Seus talentos tinham sido completamente desperdiçados em um coro de uma ópera barata. Havia uma espécie de torvelinho em sua voz, que acelerava o pulso de um homem.
Este era o lugar ao qual Nick pertencia. Aqui, no coração depravado do reino decadente que ele construiu para si. Se o futuro reservava a loucura, com toda a certeza iria drenar até a última gota de prazer que cada momento gerava.
Ele enlouqueceria em grande estilo, o homem mais invejado de Londres, com uma deusa voluptuosa em sua cama, e uma adega cheia de conhaques caros.
— Além disso – Nick disse – você sabe que não posso deixar o duque aqui sozinho. Seu desarranjo mental aumenta e diminui. Hoje ele está bem. Amanhã pode se tornar maníaco como o pobre velho George. Que sua alma descanse. – O Rei Louco George tinha ido para seu túmulo conturbado no final de janeiro, apenas quatro meses antes.
— Onde está Barrington? – Lear esticou o pescoço, realizando uma busca no quarto. – Eu não lhe prestei meus respeitos.
— Deixei-o adormecido em seus aposentos com seu assistente, Stubbs, de vigia do lado de fora. Sem dúvidas o velho está sonhando com a busca de indescritíveis sombras de orquídeas nos climas tropicais.
— Eu trouxe para ele alguns bulbos raros da Espanha desta vez. – Lear disse. Todas as vezes que retornava a Londres, trazia orquídeas para o duque. – Embalei-os na casca e os mantive quentes e acolhidos para que sobrevivessem. Há dinheiro em colecionar orquídeas nestes dias. Posso ter de achar um rico investidor e caçar algumas eu mesmo em minha próxima…
Uma voz profunda soou do palco, afogando suas palavras.
— Oie! Graciosa Vênus! Você viu meu filho?
Um notório marquês libertino, aquisição de seu pai em um jogo de cartas, era a última coisa que a Senhorita Alice Tombs queria. Ela passara as últimas três temporadas repelindo pretendentes com métodos espetaculares, para que tivesse a liberdade de explorar o mundo. Teria de mandar esse pretendente para longe, também. Até que Nick propõe um arranjo totalmente tentador: um verão junto para provar a legitimidade de sua união, e então Alice estava livre para viajar enquanto Nick volta para os dias de orgias que faltavam antes que a loucura dos Hatherly tomasse conta dele.
Seria fácil partir depois de uns poucos meses de falsa alegria conjugal, não seria? Alice e Nick estão prestes a descobrir… uma noite sensual de cada vez. Isso deve ser divertido…
Capítulo Um
Londres, 1820
Salão de Bailes da casa do Duque de Barrington.
Vênus surgiu das ondas verdes e ondulantes, nua, exceto por seu longo cabelo vermelho-dourado e um sorriso sereno.
A melodia etérea da harpa percorreu o ar.
A pequena plateia de senhores intitulados explodiu em aplausos.
— Quem é ela, Hatherly? – Capitão Lear perguntou.
— Ela é minha. – Nick contemplou as linhas clássicas e ricamente curvilíneas daquela que seria sua amante.
Lear sorriu maliciosamente.
— Ela tem uma irmã gêmea?
— Que tal a criada? – Nick olhou para a bonita atriz com longos e fluídos cabelos castanhos, enrolados em flores brancas, que estava a espera para envolver Vênus em um manto de seda rosa.
— Você foge com a deusa e eu fico com uma mera criada?
— O que posso dizer, velho amigo? – Nick serviu Lear com mais French Armagnac de um decantador de vidro sobre a mesa redonda em frente a eles. – É a minha festa.
Nick era conhecido como infame na sociedade por seus entretenimentos hedonistas. Para as festividades desta noite recriou a requintada pintura de Botticelli, O nascimento de Vênus, procurara pelas casas de ópera de Londres, pela musa perfeita.
Não importava que seu nome era Sally e que veio de Liverpool.
Nesta noite era ela a Vênus de Botticelli. Arte transformada em carne.
Tentação encarnada. E amanhã seria transformada na deusa reinante do submundo.
Lear riu, seu olhar varrendo os senhores sentados em volta do palco que Nick mandara construir no salão de baile de Sunderland House, a palaciana mansão de seu pai em Londres.
— Apenas olhe para eles. Arrebatados como bebês dos seios de suas mães. Você vai ter problemas em superar esses, Hatherly.
Nick assentiu pesarosamente.
— Está ficando mais difícil fornecer novas diversões. Eu vi tudo. Fiz de tudo.
— Do que você necessita é de uma mudança de cenário. Céus abertos. O ar estimulante do mar… – Lear piscou um olho. – Garçonetes alegres por todos os lados. Dançarinas flexíveis de flamenco.
Em linguagem educada Lear era conhecido como um aventureiro, um navio para alugar. Outros o chamavam de pirata. Certamente não era um verdadeiro capitão na Marinha Real com sua pele bronzeada, longo cabelo preto e uma pequena argola de ouro perfurando uma de suas orelhas, mas mantinha Nick suprido com aquele conhaque de carvalho envelhecido da França e um condimentado vinho português, então Nick não fazia muitas perguntas.
Lear bateu a mão no ombro de Nick.
— Venha comigo em minha próxima viagem. Não, eu estou falando sério – disse quando Nick começou a protestar. – Quando foi a última vez que você deixou Londres? Você está sufocando aqui nesta cidade coberta de fuligem, quando há todo um mundo para se explorar.
As palavras do amigo conjuraram uma memória enterrada. A maresia encrustada em seu rosto. Olhando para um sombrio oceano cinza. Na cabine abaixo, seu pai, o Duque de Barrington e famoso colecionador de orquídeas, febrilmente escrevia em seu diário, parando apenas para encher seu tinteiro. Linhas intermináveis de rabiscos, sua mente estava lúgubre e tão impenetrável quanto o oceano que eles cruzavam.
Nick suprimiu um estremecimento e engoliu o resto do conhaque em sua taça, saboreando os sabores ácidos, maçã doce e caramelo.
— Eu nunca pisarei em um navio novamente. – Disse, sua voz baixa e uniforme, mas as palavras foram arrancadas de sua alma. – Odeio o oceano. Odeio o tédio. Andar pelo convés durantes meses a fio. Eu enlouqueceria. Apenas o fiz pelo meu pai.
Lear analisou sua face com uma expressão perplexa.
Com esforço, Nick retomou sua habitual expressão de descuidada diversão.
— Os únicos navios que desejo ver são as imitações teatrais, velho amigo. – Falou calorosamente, gesticulando para o palco, onde a proa de um navio fantasmagórico, austero contra um pano de fundo azul, deslizava para ser visto, sinalizando que estava quase na hora da Vênus começar a cantar.
Seus talentos tinham sido completamente desperdiçados em um coro de uma ópera barata. Havia uma espécie de torvelinho em sua voz, que acelerava o pulso de um homem.
Este era o lugar ao qual Nick pertencia. Aqui, no coração depravado do reino decadente que ele construiu para si. Se o futuro reservava a loucura, com toda a certeza iria drenar até a última gota de prazer que cada momento gerava.
Ele enlouqueceria em grande estilo, o homem mais invejado de Londres, com uma deusa voluptuosa em sua cama, e uma adega cheia de conhaques caros.
— Além disso – Nick disse – você sabe que não posso deixar o duque aqui sozinho. Seu desarranjo mental aumenta e diminui. Hoje ele está bem. Amanhã pode se tornar maníaco como o pobre velho George. Que sua alma descanse. – O Rei Louco George tinha ido para seu túmulo conturbado no final de janeiro, apenas quatro meses antes.
— Onde está Barrington? – Lear esticou o pescoço, realizando uma busca no quarto. – Eu não lhe prestei meus respeitos.
— Deixei-o adormecido em seus aposentos com seu assistente, Stubbs, de vigia do lado de fora. Sem dúvidas o velho está sonhando com a busca de indescritíveis sombras de orquídeas nos climas tropicais.
— Eu trouxe para ele alguns bulbos raros da Espanha desta vez. – Lear disse. Todas as vezes que retornava a Londres, trazia orquídeas para o duque. – Embalei-os na casca e os mantive quentes e acolhidos para que sobrevivessem. Há dinheiro em colecionar orquídeas nestes dias. Posso ter de achar um rico investidor e caçar algumas eu mesmo em minha próxima…
Uma voz profunda soou do palco, afogando suas palavras.
— Oie! Graciosa Vênus! Você viu meu filho?
Série Os Duques Desgraçados
1 - Como o Duque foi Conquistado
2- Se eu tivesse um Duque
03- A Culpa é do Duque
Série concluída
1 - Como o Duque foi Conquistado
2- Se eu tivesse um Duque
03- A Culpa é do Duque
Série concluída
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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!