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31 de maio de 2015

É Primavera em Roma







A noite estava quente, e a lua brilhava sobre as águas calmas do lago que circundava o pequeno templo romano. 

Alina, vítima de uma armadilha, tentava conter o ímpeto do jovem príncipe Alberto, que a cada minuto que passava se tornava mais inconveniente, em seu ritual de sedução. 
"Em meus braços, você se transformará em outra mulher...", ele lhe dizia.  Alina, apavorada, fugiu do templo, rezando para que lorde Teverton chegasse a tempo de salvá-la desse perigoso sedutor!

Capítulo Um

Passando os olhos pela sala, Alina Langley buscava, desesperada, encontrar algo, ainda que de pouco valor, que lhe rendesse algum dinheiro.
Desalentada, constatou que tudo já fora vendido. Nas paredes restavam apenas as manchas mais claras, onde até bem pouco tempo estavam dependurados quadros e lindos espelhos.
Ao notar o canto antes ocupado pela secretaire marchetada, teve vontade de chorar.
— O que posso fazer? — ela perguntou-se.
Era incrível como tudo acontecera tão depressa. Vivia imensamente feliz em seu mundo sem sombras com os pais, e, de repente, foi como se o teto desabasse sobre sua cabeça.
Há um ano sir Oswald, pai de Alina, sofrera uma queda durante uma caçada e em consequência quebrara a espinha. A partir daí o mundo pareceu terminar para Alina e lady Langley.
A pequena família havia sido gloriosamente feliz até o acidente. Embora não fossem ricos, os Langley tinham o suficiente para apreciar seus cavalos magníficos e desfrutar os acres de terra que circundavam a casa ancestral.Sobrevindo a morte de sir Oswald, a esposa e a filha tiveram a desagradável surpresa de se inteirarem de que o falecido contraíra uma verdadeira montanha de dívidas.
Não que sir Oswald tivesse gasto o que possuía numa vida de dissipações. Suas dívidas eram referentes a impostos e contas acumuladas, sendo os maiores credores o fabricante de carruagens e os profissionais que haviam trabalhado na reforma da casa.
O pior foi que sir Oswald investira não apenas seu dinheiro, mas também o da esposa, em ações de companhias que tiveram prejuízos.
Lady Langley não deu importância ao fato de ter perdido o dinheiro. Para ela a vida passou a não ter mais sentido depois da morte do esposo. Alina notava, horrorizada, que a mãe se consumia aos poucos, cheia de saudade e sem ter motivo para viver.
Embora fosse ainda jovem e muito bonita, lady Langley morreu simplesmente por desejar ir para junto do esposo querido.
Alina viu-se sozinha no mundo e, o que era mais assustador, estava sem recursos. Era verdade que possuía aquela casa, mas como haveria de mantê-la? Tudo o que pudera render algum dinheiro fora vendido para saldar as dívidas de sir Oswald.
Mesmo os objetos que lhe eram tão caros Alina teve de vender para comprar alimentos e remédios para a mãe. Estes últimos não fizeram efeito algum, pois lady Langley jamais teve sinal de melhora, uma vez que não desejava viver.
Indo até a janela, Alina ficou olhando o jardim. Os narcisos eram uma linda e enorme mancha dourada sob as árvores. As amendoeiras começavam a florescer e os gramados tinham um belo tom de verde.
O sol brilhava intensamente e o canto dos pássaros enchia o ar de notas maviosas e as abelhas zumbiam sobre as flores. Tudo era muito familiar a Alina.
Ela sentiu que, assim vestida de festa, a natureza tentava dar um pouco de alegria a sua vida abalada. Era como se os pássaros e as abelhinhas quisessem ajudá-la.
— O que posso fazer? — Alina perguntou a algumas cambaxirras que a fitavam de um arbusto cujos galhos se revestiam das folhas novas da primavera.
Surpresa, Alina ouviu o ruído das rodas de uma carruagem chegando à porta da frente e ficou imaginando quem poderia ter vindo visitá-la.
Depois da morte da mãe ela costumava receber visitas de pessoas da vila, que vinham até sua casa a pé.
Ocorreu-lhe que o médico, sempre amigo da família, devia ter vindo vê-la para ajudá-la no que pudesse. Mas no mesmo instante lembrou-se de que ele havia tirado uns dias de férias e estava viajando.
Sem pressa, quase irritada por ver sua solidão perturbada pela chegada de um estranho, Alina deixou a sala e foi para o hall, abrindo ela mesma a porta da frente, pois a criada que cuidava da limpeza já havia saído àquela hora.
Uma carruagem muito elegante estava parada diante dos degraus de entrada. Vendo um rosto na janela do veículo, Alina desceu os degraus correndo, sem esconder um grito de surpresa e alegria.
— Denise! É mesmo você?
A jovem visitante, vestida no rigor da moda, saiu da carruagem e Alina a abraçou.
— Que prazer imenso revê-la, Denise! Cheguei a pensar que você não se lembrava mais de mim!