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4 de agosto de 2018

A Falsa Noiva do Major

Série Duques da Guerra
Quando o Major Bartholomew Blackpool descobre que sua vizinha de infância vai ser forçada a se casar contra a vontade, volta para casa para encenar como seu falso namorado. 

Ele imagina que agora que perdeu uma perna, uma noiva falsa é o melhor que um ex-soldado pode conseguir. 
Admira a coragem dela, mas a dama merece um homem inteiro — e garantirá que ela consiga um.
A Senhorita Daphne Vaughan odeia que o rompimento vá destruir as chances do Major Blackpool de encontrar uma noiva real. Ela trama fazê-lo largá-la primeiro. 
Quem se importa se isso a arruinar? Nunca quis um marido de qualquer maneira. Mas o major está igualmente determinado que ela rompa o noivado. Com ambos em seu pior comportamento, nenhum espera que seu falso noivado os conduza ao amor…

Capítulo Um

Fevereiro, 1816, Londres, Inglaterra
Apesar de o vento gelado atingir as janelas com neve, riachos quentes de suor escorriam da pele do major Bartholomew Blackpool.
Estava de bruços no centro de sua sala de estar na casa da cidade, os músculos de seus braços tremendo enquanto empurrava seu corpo de bruços em cima do desbotado tapete oriental de novo e de novo. Como fazia todas as manhãs. Equilibrando-se sobre os dedos de apenas um pé.
Não que Bartholomew tivesse muita escolha. Metade de sua perna direita estava faltando. Havia perdido o membro – e tudo o mais com que já se importou – sete longos meses atrás, na batalha de Waterloo. Seu orgulho. Seu irmão gêmeo. Sua própria identidade. Tudo se foi, no espaço de alguns segundos.
Bartholomew cerrou os dentes e aumentou o ritmo. Não poderia substituir seu irmão ou sua perna perdida, mas não ficaria por aí chorando sobre isso. Tinha vivido com a dor até agora. Poderia sobreviver por muito mais.
Uma tábua solta rangeu no corredor. Alguém se aproximava da sala de estar.
Com uma maldição murmurada, Bartholomew se jogou para fora do tapete e para trás do piano. Pegou sua prótese descartada e mal tinha fixado a miserável coisa antes da porta da sala de estar lentamente se abrir.
A fúria no tom de Bartholomew poderia ter derretido ferro enquanto içava-se do chão para olhar de cara feia para seu mordomo.
– O que diabos é tão importante que você me interromperia quando eu expressamente proibi todas as interrupções?
Apenas a menor contração de seu nariz denunciou a afronta de Crabtree com esta repreensão. Impassível, ele entrou na sala de estar com as missivas da manhã em uma bandeja de prata polida, assim como tinha feito todos os dias de seus sete anos de trabalho para Bartholomew.
Todos os dias até que seu senhor saiu para a guerra, no caso. Ao voltar para casa, Bartolomeu solicitou que toda a correspondência recebida fosse entregue diretamente na lareira mais próxima.
– Quem te designou para isso? – Exigiu, embora só pudesse realmente ter um culpado. – Fitz, não se atreva a se esconder no canto como um covarde. Se você tem culhões o suficiente para mandar o Crabtree por aí, tem culhões o suficiente para me trazer suas queixas pessoalmente.
O silêncio reinou por alguns momentos antes do magro, sensível valete de Bartholomew aparecer na porta, torcendo as mãos pálidas e lançando olhares suplicantes ao sempre estoico Crabtree.
Bartholomew soltou o ar lentamente. Esta era sua própria tolice. Se tivesse sido menos vaidoso e cheio de si quando partiu para a guerra, não continuaria a pagar as taxas exorbitantes de seu cobiçado valete, apenas para manter Fitz fora das garras dos dândis de duas pernas.
E se Bartholomew não tivesse sido o mais descarado fanfarrão, o mais infame libertino, o mais imitado coríntio – Fitz poderia não estar mais aqui, na esperança de que algum dia poderia mais uma vez afofar arrancar e adornar seu mestre, de volta em seu legítimo lugar como o mais célebre dândi da alta sociedade.
Tolice, obviamente. Sem as duas pernas um homem não podia cavalgar, boxear, valsar, ou levar belas jovens damas para cantos escuros. Nem o desejava. Não mais. Sem seu gêmeo, Bartholomew não conseguia nem sorrir, muito menos enfrentar os semblantes julgadores de seus pares.
O que era a vida agora além de solidão e dores fantasmas, e se trancar em seu cômodo enquanto atendia a sua própria toalete? Já não podia aguentar que seu valete vislumbrasse o que se tornou do corpo uma vez perfeito do qual ele tinha estado tão arrogantemente orgulhoso. Não era nada, isso é o que era. Era o orgulho que o impedia de permitir qualquer ajuda. E era o orgulho que o impedia de deixar Fitz ir.
Ou permitir que qualquer pessoa o visse, agora que era menos do que perfeito.
– O que quer que seja essas missivas, você sabe o que pode fazer com elas.
Bartholomew limpou o suor de seu rosto com a toalha. Quando olhou para cima novamente, nenhum dos seus servos tinham se movido.
– Se precisa de sugestões sobre onde colocar essas cartas, você pode começar com seu…
– É a Temporada. - Fitz desabafou.
Bartholomew sacudiu a cabeça.
– A Noite de Reis passou faz tempo. É fevereiro.
– Não essa temporada, senhor. – Fitz parecia horrorizado. – A Temporada que importa. A Temporada de Londres. Está aqui. Você está aqui. Tudo que temos que fazer é…
– Eu disse não.
– Você deveria está lá fora na Sociedade. Você foi feito para a Sociedade.
Bartholomew bufou e gesticulou para a estranha prótese de madeira amarrada em seu joelho direito.
– Com esta perna, Fitz? Qual seria o ponto?
– Nem todo momento deve ser gasto dançando.
– Ou boxeando no Gentleman Jackson, suponho, ou cavalgando como louco pela St. James Square, ou indo para remotos bordéis, ou levando damas às nuvens? – Bartholomew jogou a toalha sobre o ombro.
– Você não tem que literalmente levá-las às nuvens. – Fitz disse fervorosamente, as mãos magras torcendo sem cessar. – Você poderia usar o seu… seu charme, senhor. Certamente você não perdeu isso na guerra.
– Meu charme? O que eu tinha era boa aparência, duas pernas, e muita arrogância. – Bartholomew cruzou os braços. – Isso foi antes. Isto é agora. Se estacas de madeira repentinamente não se tornaram um afrodisíaco para procriar com damas, não consigo ver…
– Você não consegue mesmo ver, senhor! O seu aparelho é dificilmente uma monstruosidade. Tem junções móveis no tornozelo e cinco destros dedinhos do pé…
– Dedos de madeira…
– …e nem se pode distingui-lo sob seus calções e meias e botas. De verdade. – Fitz respirou fundo e se apressou a continuar, seus dedos se estendendo na direção do peito de seu senhor. – Se você apenas me deixasse fazer algo sobre esse hediondo colete.
Bartholomew afastou as mãos de seu valete com um tapa. Olhou sobre o ombro de Fitz ao mordomo que não mudara de posição ou expressão desde que entrou na sala.
– Crabtree, se não tem nada a dizer por si mesmo, poderia ao menos bater na cabeça de Fitz com essa bandeja de prata até que ele recupere um pouco de juízo?
– E o que dizer da sua cabeça? – Fitz falou antes que Crabtree pudesse responder. – Se o seu charme está enferrujado, certamente sua mente não está. Não se desvalorize tão facilmente, senhor. Você foi para Eton e Cambridge, e foi um major no exército do rei. Se você usasse…
Bartholomew zombou.
– Minha cabeça é irrelevante. A alta sociedade nunca se interessou por intelectuais. Minhas conversas com os homens se centravam no esporte, nas raças de cavalos e mulheres, e minhas conversas com as damas se limitavam a galanteios de salão e sussurros no quarto. Tentar forçar uma aleijada, mas intelectual versão de mim mesmo sobre a Sociedade, seria um pesadelo para todos os envolvidos. Não, obrigado.
– Mas, senhor…