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20 de outubro de 2018

Tudo que Eu Quero

Série Duques da Guerra
Ele ensinou-a a confiar. Ele ensinou-a a amar. 

E então ele a deixou sem uma palavra. Hoje à noite ele está de volta. 
Se por um momento ou para sempre, dependerá da virada de uma carta. Vinte e um para ganhar - ou perder tudo. 
O futuro deles dependerá de jogar a carta certa ... 



Capítulo Um 

Outro sarau elegante, outra proposta rastejante de um pretendente faminto de dinheiro com idade suficiente para ser o pai de Matilda. Apesar de seus sapatos de salto alto, Lady Matilda Kingsley correu para o salão de jogos. 
Ela não queria nada mais do que correr para casa e esquecer seus problemas no conforto de um bom livro. Mas para chegar lá, ela precisava do primo Egbert. Ele tinha sido seu acompanhante durante a maior parte de sua vida. 
Ele era um perdulário para todos os seus. Era um elemento fixo em todas as mesas de apostas e jogos de azar em toda a cidade. O pior de tudo, ele tinha a sorte do diabo. Ele não deixava uma mesa até que a moeda de todos os outros tilintasse dentro de seus bolsos, o que às vezes ia muito além do amanhecer. 
Os passos de Matilda diminuíram. Aquele era o primo Egbert, envolto em fumaça de charuto e roupa enrugada, com um pé dentro do salão de jogos e um pé fora? Ele estava gesticulando para ela? Ela parou de andar. 
Normalmente, ela que era encontrada pairando em uma porta, tentando em vão sinalizar a ele que estava pronta para sair, sem deixar os dedos dos pés atravessarem o limiar fino da infame sala de jogos. Fazer isso seria cortejar o escândalo. E, no entanto, ele estava ali, acenando-lhe para se juntar a ele. 
Algo estava muito estranho. Seu pescoço formigou. Todos os seus sentidos ficaram em alerta máximo. Ela arriscou apenas na medida do batente da porta, e pôs a mão no braço de seu primo. 
─ Eu quero ir para casa, ─ ela murmurou. ─ Por favor, primo. Foi uma noite longa. O arranjo tácito deles era que se conseguisse chamar sua atenção, ele seria obrigado a levá-la de volta à casa. Mas desta vez ele sacudiu a cabeça. Seus olhos estavam frios e duros, seu sorriso fácil distorcido e mesquinho. 
Seu estômago se contorceu. Ela não tinha visto essa expressão em seu rosto em anos, mas ela sabia muito bem o que significava: não haveria como falar com ele sobre qualquer problema que estivesse criando. E ele pretendia envolvê-la no meio disso. 
─ Por favor, ─ ela repetiu, embora soubesse que era inútil. Seus olhos estavam muito vidrados. Mas ela tinha que tentar. ─ A música acabou. Não podemos ir para casa? 
─ É claro, ─ disse ele, mas seu sorriso severo só aumentou. ─ Eu estou terminando um jogo de azar. Se você jogar minha última mão, podemos estar a caminho. Seu batimento cardíaco falhou, então acelerou a novas alturas. O que ele queria dizer? Se cruzar o limiar era escandaloso, jogar seria sua ruína. Só podia ser um truque. Mas por quê? E de quem? 
─ Você ... deseja que eu aposte? ─ Sua garganta estava seca demais para engolir corretamente. Ele sorriu. ─ Basta jogar uma mão. Então eu vou te levar para casa. Eu prometo. ─ Ele agarrou-a pelo pulso e puxou-a para a sala iluminada por velas. 
Seus músculos se trancaram. Ela não deveria estar em qualquer lugar perto desta sala. Ou desses homens. Tudo que Eu quero – Erica Ridley Fumaça subia dos dedos e bocas de todos os cavalheiros presentes, tornando o ar espesso e doce demais da fumaça de seus charutos. 
Um bando de dândis cercava o que ela assumiu ser uma mesa de jogo. Duas dúzias de espectadores embriagados em linho extrafino e calças de camurça a rodeava. Eles se separaram para deixá-la passar. 
A mesa era pequena, redonda e vazia, salvo por um pedaço de papel dobrado e um conjunto de cartas de jogar empilhadas de um lado. Um soldado estava sentado em uma das duas cadeiras de madeira, de costas para Matilda. Seus ombros largos e músculos definidos preenchiam seu casaco vermelho imaculado. Dragonas douradas e as estrelas correspondentes marcavam-no como um oficial. 
Ela voltou seu olhar em direção a seu primo. Seu sorriso cruel gravou mais fundo em seu rosto, quando ele a puxou à vista do rosto do soldado. Owen Turner. 
A agitação em seu estômago borbulhava em náusea. 
Ela estendeu a mão para firmar-se. Alguém empurrou-a para a cadeira vazia. Ela tentou não olhar, não encarar, mas seus olhos tinham fome de um mero vislumbre dele por muito, muito tempo ... Ele era lindo. O primeiro amigo que ela já fez. O único garoto que ela sempre amou. 





Esposa Acidental do Duque

Série Duques da Guerra
A senhorita Katherine Ross é uma socialite rica e excêntrica que sabe exatamente o que quer: nem marido, nem filhos, nem luz de velas ou tête-à-tête com o insuportavelmente sem emoção Duque de Ravenwood. 

Ela está convencida de que seu coração é de gelo - até que toca no peito esculpido e cinzelado do Duque. Um lapso de julgamento é tudo o que é preciso para transformar a vida de ambos e virá-la de pernas para o ar ...
O Duque de Ravenwood não é frio e arrogante, mas secretamente romântico que sempre sonhou em se casar por amor. Em vez disso, conhece a Srta. Katherine Ross - uma mulher obstinada e decidida que tem a intenção de desvendar seu mundo cuidadosamente ordenado. Ele não sabe se deve beijá-la ou estrangulá-la. Eles podem sobreviver à companhia um do outro o tempo suficiente para transformar um compromisso em amor?

Capítulo Um

Junho 1816 Londres,Inglaterra

Lawrence Pembroke, Duque de Ravenwood, não podia esperar para fugir do palácio de Westminster. Como de costume, a “curta” reunião da Câmara dos Lordes não havia começado até às quatro da tarde, porque a maioria dos lordes presentes não poderia sair de suas camas até pelo menos dar o início da tarde, em seus relógios.
Ravenwood, no entanto, estava acordado desde o amanhecer. 

Ele não gostava nem de beberrões nem de dançar, e não ficou satisfeito com o que se pretendia ser um debate prático e inteligente sobre a necessidade de uma maior estabilização da moeda no pós-guerra, ter se deteriorado, mais uma vez, para a especulação sobre o recente casamento da Princesa Charlotte, e fofocas alegres sobre a aparição de uma senhorita Katherine Ross, sem máscara, numa das festas de máscaras do Duque de Lambley.
Lambley se safava dessa maneira, porque era um duque. Ele não apenas era a razão pela qual o Parlamento não podia começar a trabalhar em uma hora mais razoável, como o maldito homem estava alegremente contando histórias deliciosas das artimanhas da Srta. Ross. Essa senhorita Ross era prima de Lambley, que, aparentemente, encenara sua façanha para atrair outros aristocratas frívolos a participar de uma paixão igualmente frívola.
Ravenwood não estaria presente. Nunca. 

Além de uma antipatia visceral por multidões e bailes, ele desprezava qualquer comportamento que banalizasse seu título ou a sua integridade.
Nem sequer estaria no Palácio de Westminster até um quarto para a meia-noite, se não tivesse as suas responsabilidades como duque e membro do Parlamento, pelas quais tinha o maior respeito. 

Ele, pelo menos, iria defender seu dever para com a Inglaterra, apesar de certos lordes caprichosos desperdiçarem um tempo precioso com fofocas ociosas. E sairia daqui antes da meia-noite, se humanamente possível. Sua irmã implorou para que parasse para jantar depois da reunião, e Ravenwood dera sua palavra.
Ele se pôs de pé.
— Proponho que formemos um Comitê de Cunhagem para investigar opções e propor não apenas um curso de ação, mas também um cronograma para alcançá-lo.
A conversa parou enquanto dezenas de rostos viravam em sua direção.
Ravenwood manteve seu tom imperioso, seu rosto uma máscara em branco, apesar de seu coração acelerado. Não gostava que o encarassem ainda mais do que não gostava de salas lotadas, mas o dever vinha primeiro. A Câmara dos Lordes precisava de uma babá, mas esta noite deveria se contentar com Ravenwood. A experiência lhe ensinara que a maneira mais conveniente de atingir um objetivo, era comprometer a si mesmo.
Muito bem.
— Quem estiver interessado em se juntar ao comitê fiduciário deve chegar duas horas antes da nossa próxima reunião. Até que uma cadeira possa ser formalmente nomeada, eu irei encabeçar o esforço nesse ínterim. — Ele enviou seu olhar frio e imperioso sobre a câmara. — A menos que um de vocês queira se voluntariar para o lugar?
Claro que não. O punhado de lordes com inteligência e convicção suficientes para se juntar a tal comitê, era brilhante o suficiente para não se voluntariar para administrá-lo. Com certeza, os lordes mais tolos e indolentes estariam ainda na cama na hora marcada, dormindo após outra noite de farra.
Que assim fosse.
Assim que a reunião foi encerrada, Ravenwood saiu do Tribunal para o ar frio da noite. Uma vez sentado dentro da sua imponente carruagem de quatro cavalos, permitiu-se um pequeno suspiro de alívio por ter finalmente um momento de paz.
Mais seis semanas. Isso era tudo. O Parlamento se dispersaria em julho e não seria retomado até o mês de novembro seguinte.
Graças a Deus. Ele caiu contra o encosto. Nada esgotava sua energia e seu espírito com tanta eficiência quanto ser forçado a interagir com multidões de pessoas que não podia compreender nem encurralar.
Lady Amélia era a epítome de uma mulher incapaz de ser encurralada, mas pelo menos a compreendia. Ele não só valorizava sua mente afiada e suas formas de gestão, mas também sentia muita falta de sua presença em sua casa, agora que ela era casada com Lord Sheffield.
Ravenwood nem percebeu o quanto sentira falta dela até receber o seu convite para jantar.
Ele sempre manteve uma natureza silenciosa e reservada, mas sem a irmã sempre a colocar o nariz onde não devia, as únicas palavras que lhe diziam em casa nos dias de hoje eram ‘Sim, Sua Graça’ ou ‘Talvez o colete azul, hoje?’




29 de setembro de 2018

A Passageira Clandestina do Pirata

Série Duques da Guerra
O Capitão Blackheart leva uma vida simples ao percorrer os mares, pechinchando e caçando tesouros.

Ele evita envolvimentos românticos que poderiam prendê-lo à terra. Ele não deveria ter nenhuma dificuldade em manter as mãos longe da dama de estirpe que foi contratado para raptar, exceto que sua carga acaba por ser briguenta e apaixonada! 
Ela seria um prêmio que valeria a pena conservar, se tê-la a bordo não comprometesse tudo ...Clara Halton achou que a pior perda que poderia sofrer era ser despojada de sua família, acometida pela tuberculose, e deixada para morrer sozinha. Então ela conhece Blackheart. Sua atração é ruinosa ... e irresistível. Quando ele a entrega como se fosse mais uma pilhagem, sua missão acabou — mas a dela está apenas começando. Ela vai forçá-lo a reconhecer sua conexão, mesmo que ela precise invadir o navio dele para fazê-lo! 

Capítulo Um

Fevereiro de 1816, O Dark Crystal, Oceano Atlântico
O infame pirata Blackheart estava na proa do seu navio, sorrindo para a corrente de ar salgado, quando o primeiro sinal da América surgiu no horizonte.
Apesar do frio do inverno, o céu estava claro e azul, com o vento e o sol nas suas costas. Era mais do que um bom presságio. Era um dia perfeito para qualquer das atividades favoritas do Capitão Blackheart. Velejar. Fornicar. Beber. Correr a cavalo. Lutar com espadas. Enfrentar embarcações inimigas. Comandar uma fragata desafortunada.
Nada era melhor do que a liberdade dos mares.
— Terra à vista! — Veio o grito familiar do ninho do corvo.
O bom humor de Blackheart desvaneceu. Ele abandonou a supervisão da navegação ao contramestre sem uma palavra.
Não havia necessidade de gritar ordens. A maioria da tripulação fazia parte de sua família há tempo suficiente para reconhecer as nuvens de tempestade que se formavam nos olhos de Blackheart, e todos à bordo já tinham seus afazeres permanentes.
Sem brigas desnecessárias. Nada de beber em excesso. Fornicar era sempre permitido, mas somente se a tripulação se apressasse. O Dark Crystal só estaria ancorado no Porto da Filadélfia tempo suficiente para Blackheart cumprir a sua missão, e então eles navegariam pelo Rio Delaware e voltariam para o mar com a mesma rapidez.
O pagamento só seria entregue após o recebimento da encomenda. Nesse caso... uma velha doente chamada Sra. Halton.
Apesar de ser um pirata de aluguel, Blackheart não tinha o hábito de sequestrar inocentes. Antes do fim da guerra, oito curtos meses atrás, ele fora um corsário para a Marinha Real. Um pirata do governo. Um pirata legalizado. Agora que ele era um contratante independente, ele tentava defender o espírito (se não a letra precisa) da lei.
Era o caminho mais seguro para evitar a forca.
As solas das botas de Blackheart pisavam silenciosamente contra a madeira polida, enquanto ele se dirigia a passos largos para a escotilha da sala de armas. Ele desceu a escada até a cabine do capitão e entrou para reunir seus suprimentos.
O primeiro item: uma gravata recém-engomada. Essa missão exigiria charme. Segundo item: uma pistola recentemente limpa e com munição extra. Um pirata pode não esperar problemas, mas certamente pretendia terminá-lo. Terceiro item: uma pesada bolsa de moedas. Se tudo o mais falhasse, o ouro era muitas vezes mais forte que as balas. E ele planejava usar todas as armas à sua disposição.
No momento em que a escuna ancorou no porto, Blackheart estava barbeado, afetado e fresco como uma margarida. Oh, certamente, sua pele bronzeada pelo sol era de um marrom não aristocrático — e era generosamente adornada com uma quantidade verdadeiramente não cavalheira de cicatrizes — mas a maioria estava escondida debaixo de suas reluzentes botas Hessians, calções de camurça macios, colete castanho-amarelado, gravata branca ofuscante, e fraque azul-escuro com duas fileiras de botões dourados.
A pistola escondida em sua tipoia ajustada mal fazia uma protuberância sob tantas camadas de janotismo.
Ele dispensou a espada e a bengala de passeio, porque ele pretendia fazer o resto da viagem a cavalo, e considerou deixar seu chapéu para trás também. Era improvável que ficasse em sua cabeça em um galope, e seria esmagado no alforje...
Com um suspiro, Blackheart pegou o chapéu de castor e colocou-o na cabeça. Ele não tinha ideia de quão facilmente manipulável a Sra. Halton poderia ser, ou se ela seria uma daquelas matronas velhas e histriônicas que se recusavam a ser vistas em público ao lado de um cavalheiro com uma cabeça nua.
O Plano B era atirá-la sobre o ombro e resolver o assunto, mas Blackheart havia prometido ao Conde de Carlisle, que ele pelo menos tentaria persuadir o pacote a acompanhá-lo voluntariamente.
E embora Blackheart nunca fosse admitir isso em voz alta, ele tinha uma opinião bastante alta de seu próprio charme e das vovós. Ele faria tudo ao seu alcance para fazer a viagem para a Inglaterra o mais agradável possível para a Sra. Halton, e já havia instruído sua equipe a tratá-la como se ela fosse a própria mãe deles. Com alguma sorte, ela seria do tipo que assava tortas e biscoitos. Ou, pelo menos, não vomitaria no Dark Crystal inteiro.
Levando nada mais do que um par de luvas e uma pequena mochila, ele desceu da prancha em busca do cavalo mais rápido para alugar — e quase tropeçou em um subnutrido garoto do jornal vendendo as manchetes de hoje por um centavo.
Em circunstâncias normais, Blackheart teria jogado ao menino uma moeda e o deixaria ficar com o jornal... mas a fonte preta estampada na parte superior parou o capitão onde estava.
Blackheart pegou o jornal e tentou ler sobre o ranger de seus dentes. Ele não tinha certeza do que mais odiava sobre o Corsário Carmesim: que o homem era um desonrado louco de sangue frio, ou que ele começara a receber mais atenção da imprensa do que o próprio Blackheart.
— Você vai pagar por isso, senhor? — Veio uma voz beligerante, de alta frequência abaixo de seu cotovelo.
Ele bateu com força o jornal de volta para a pilha, juntamente com uma brilhante moeda nova, e saiu da doca. Agora não era o momento de pensar sobre o Corsário Carmesim. Uma vez que a Sra. Halton fosse entregue com segurança, Blackheart e sua tripulação estariam livres para perseguir qualquer missão que quisessem — talvez um rápido procurar e destruir um navio corsário — mas para o momento, ele precisava manter o foco. Não só ele tinha dado a Carlisle sua palavra, como essa missão seria muito fácil. Agarrar a mulher, conseguir o dinheiro. As mais fáceis trezentas libras de sua vida.
A zona rural da Pensilvânia passou voando, o céu escurecendo enquanto cavalgava. Blackheart manteve-se nas estradas utilizadas pelas diligências postais, com a finalidade de trocar de cavalo nas casas de postagens... e também para não perder o caminho. Ele estava acostumado com a Inglaterra e com o mar aberto, não com essas escassamente povoadas trilhas americanas que serpenteavam sem parar entre cidades maiores. Ele nunca se sentia confortável quando estava fora de vista da água, e ele estava se afastando mais do oceano a cada passo.
Apesar do impressionante número de pequenas cidades que se cruzavam nas longas estradas poeirentas, ele sentia-se mais isolado com cada milha que passava. As refeições apressadas que ele fazia nas tavernas do interior não se pareciam com a camaradagem barulhenta a bordo de seu navio. Ele mal podia esperar para completar essa missão.
Felizmente, ele teve que passar a noite em uma pousada apenas uma vez, antes de finalmente chegar à cidade onde seu alvo residia.
O chalé desmazelado estava exatamente onde suas instruções diziam que estaria, mas o estado de abandono fez Blackheart parar. O jardim crescera tanto que era quase selvagem. O exterior estava sujo e coberto de teias de aranha. Nenhuma fumaça saía da chaminé. Nenhuma luz de vela brilhava nas janelas.
Alguém já havia raptado sua presa? Ela simplesmente se mudou? Ou, Deus me livre, morreu de velhice durante sua viagem da Inglaterra?
Em vez de marchar cegamente em território desconhecido, ele virou o cavalo em busca do chefe do correio local, a fim de determinar se o seu alvo ainda estava na mira — ou se as regras do jogo haviam mudado.
— Sra. Halton? — Repetiu o pálido chefe dos correios quando Blackheart interrompeu o seu almoço. — Sra. Clara Halton?
— Sim. — Blackheart respondeu calmamente, enquanto se erguia sobre a mesa de jantar. — Eu vim visitá-la.
— Mas você não deve, senhor. — O chefe dos correios continuou em frente, apesar da sobrancelha levantada do capitão. — Você não pode. Ela está doente...
— Estou ciente de que a Sra. Halton tem estado doente.
— ... com tuberculose. — O chefe dos correios terminou, os olhos arregalados com um mau pressentimento.
Embora o sorriso de Blackheart não vacilasse, seu sangue gelou. Tuberculose. O jogo tinha realmente mudado.
— Há quanto tempo ela está doente? — Ele perguntou em voz baixa.
— Eu não sei direito...




8 de setembro de 2018

Noiva em Fuga

Série Duques da Guerra
Miss Sarah Fairfax está tendo um ano miserável. 

Seu pretendido pereceu na guerra. Seu filho está em sua barriga. Para garantir seu futuro, ela se resigna a um casamento sem amor. 
Exatamente no momento em que está prestes a dizer “sim”, seu noivo retorna da sepultura para arruinar o casamento... Mas ele não é mais o homem charmoso e despreocupado que ela lembra.
Depois de ser deixado para morrer no campo de batalha, o Brigadeiro Edmund Blackpool está marcado por dentro e por fora. Ele luta para voltar para casa e descobre sua prometida, diante do altar, com seu melhor amigo. Ele será o único a se casar com ela, não importa o que ela queira! Mas quando sua nova noiva desaparece com seu filho, ele deve reabrir suas feridas para vencer a batalha mais importante de sua vida.

Capítulo Um

Março 1816, Londres, Inglaterra
A maioria das mulheres ficaria encantada de se encontrar a poucos momentos de se tornar uma duquesa.
Ocorre que Miss Sarah Fairfax não era a maioria das mulheres.
De um lado, ela estava diante de um altar improvisado em uma alcova no jardim da propriedade do Duque de Ravenwood em Londres, com os ombros para trás, o queixo erguido e sua barriga de grávida.
Do outro, Ravenwood O bonito e elegível duque com quem ela estava prestes a se casar, que não era o pai de seu filho por nascer.
Esse era Edmund Blackpool. O menino cujos cabelos castanhos dourados despenteados e olhos azuis sonhadores, tinha roubado seu fôlego e seu coração, mesmo quando eram crianças. Ele era tudo o que ela sempre quis... E nunca teria. Ele tinha ido para a guerra há três anos, com a intenção de tornar o mundo um lugar melhor. Depois de dois anos de dolorosa separação, em junho passado, ela o encontrou em Bruges, poucos dias antes de sua companhia ser enviada para Waterloo.
Um pontapé forte golpeou a barriga de Sarah, e ela sorriu para esconder uma careta de dor. Mascarar suas emoções era tudo o que ela tinha feito durante os últimos oito meses. Sorrir era automático agora. Não importa o que aconteceu.
Tudo remontava àquela fatídica e impulsiva noite.
Edmund não era mais o simples Sr. Blackpool, mas um brigadeiro arrojado com dragonas brilhantes e estrelas correspondentes sobre seu uniforme. Ele estava lindo, apaixonado e irresistível, e quando ele confessou seu desejo de se casar com ela, se ela esperasse pelo retorno dele... Ela estava em seus braços antes de ele terminar de falar.
Ele não tinha conseguido sair do campo de batalha vivo.
Em seguida veio a náusea, a vertigem, o desejo de não fazer nada além de dormir... E a percepção de que a depressão não era a única causa. Ela estava além de arruinada. Ela estava grávida. Seu filho nasceria bastardo, e viveria o resto de sua vida em uma infâmia de ostracismo, assim como sua mãe.
Sarah encarou o vigário e lutou para manter a respiração, para não trair o peso da pressão interminável das expectativas de todos. Sociedade. Seus pares. Os pais dela. Ela mesma. Ela estava nessa posição, porque ela esperava se casar com Edmund assim que ele voltasse da guerra.
Bem, agora ela sabia melhor do que contar com as expectativas. Ela estava no comando de seu próprio destino, agora. Não, de dois destinos. Os nós dos dedos traçou a curva de sua barriga. Seu futuro dependia dela.
─ Lawrence Pembroke, Duque de Ravenwood, ─ o vigário entoou. ─ Queres ter esta mulher para ser tua esposa, para viverem juntos, segundo os mandamentos de Deus, no sagrado estado do matrimônio? Queres amá-la, confortá-la, honrá-la e mantê-la na doença e na saúde, e renunciar a todas as outras, manter-te somente para ela, enquanto viverdes?
A garganta de Sarah convulsionou. Isso era um pesadelo. Ela tocou a palma da mão na barriga inchada. Ela realmente iria passar por isso? Obrigar Ravenwood?
─ Eu quero ─ respondeu o duque antes que Sarah pudesse interromper.
Se ela tivesse feito isso.
Seus dedos acariciaram sua barriga, tentando acalmar a criança dentro. Verdade seja dita, eles estavam a alguns momentos de um milagre. A criança seria legítima, não um bastardo. Mesmo quando a sociedade inevitavelmente fizesse as contas, e percebesse que o bebê havia sido concebido muito antes do casamento ducal, o poder do nome Ravenwood iria protegê-los de todos, exceto de alguns sussurros.
Ninguém ousaria feri-los. O bebê ficaria bem.
Se a criança fosse um menino, ele iria herdar um ducado algum dia. Se a criança fosse menina, seria recebida na sociedade de braços abertos. Talvez se case com um duque algum dia. Que importância tinha se seus pais não estavam apaixonados? Se parte de Sarah tinha morrido naquele campo de batalha encharcado de sangue, ao lado de seu amante perdido, que importava, desde que seu filho estivesse seguro?
O vigário fixou seus olhos escuros sobre ela.
─ Senhorita Sarah Fairfax.
Ela engoliu em seco. Era um milagre e um pesadelo, essa união.



4 de agosto de 2018

A Falsa Noiva do Major

Série Duques da Guerra
Quando o Major Bartholomew Blackpool descobre que sua vizinha de infância vai ser forçada a se casar contra a vontade, volta para casa para encenar como seu falso namorado. 

Ele imagina que agora que perdeu uma perna, uma noiva falsa é o melhor que um ex-soldado pode conseguir. 
Admira a coragem dela, mas a dama merece um homem inteiro — e garantirá que ela consiga um.
A Senhorita Daphne Vaughan odeia que o rompimento vá destruir as chances do Major Blackpool de encontrar uma noiva real. Ela trama fazê-lo largá-la primeiro. 
Quem se importa se isso a arruinar? Nunca quis um marido de qualquer maneira. Mas o major está igualmente determinado que ela rompa o noivado. Com ambos em seu pior comportamento, nenhum espera que seu falso noivado os conduza ao amor…

Capítulo Um

Fevereiro, 1816, Londres, Inglaterra
Apesar de o vento gelado atingir as janelas com neve, riachos quentes de suor escorriam da pele do major Bartholomew Blackpool.
Estava de bruços no centro de sua sala de estar na casa da cidade, os músculos de seus braços tremendo enquanto empurrava seu corpo de bruços em cima do desbotado tapete oriental de novo e de novo. Como fazia todas as manhãs. Equilibrando-se sobre os dedos de apenas um pé.
Não que Bartholomew tivesse muita escolha. Metade de sua perna direita estava faltando. Havia perdido o membro – e tudo o mais com que já se importou – sete longos meses atrás, na batalha de Waterloo. Seu orgulho. Seu irmão gêmeo. Sua própria identidade. Tudo se foi, no espaço de alguns segundos.
Bartholomew cerrou os dentes e aumentou o ritmo. Não poderia substituir seu irmão ou sua perna perdida, mas não ficaria por aí chorando sobre isso. Tinha vivido com a dor até agora. Poderia sobreviver por muito mais.
Uma tábua solta rangeu no corredor. Alguém se aproximava da sala de estar.
Com uma maldição murmurada, Bartholomew se jogou para fora do tapete e para trás do piano. Pegou sua prótese descartada e mal tinha fixado a miserável coisa antes da porta da sala de estar lentamente se abrir.
A fúria no tom de Bartholomew poderia ter derretido ferro enquanto içava-se do chão para olhar de cara feia para seu mordomo.
– O que diabos é tão importante que você me interromperia quando eu expressamente proibi todas as interrupções?
Apenas a menor contração de seu nariz denunciou a afronta de Crabtree com esta repreensão. Impassível, ele entrou na sala de estar com as missivas da manhã em uma bandeja de prata polida, assim como tinha feito todos os dias de seus sete anos de trabalho para Bartholomew.
Todos os dias até que seu senhor saiu para a guerra, no caso. Ao voltar para casa, Bartolomeu solicitou que toda a correspondência recebida fosse entregue diretamente na lareira mais próxima.
– Quem te designou para isso? – Exigiu, embora só pudesse realmente ter um culpado. – Fitz, não se atreva a se esconder no canto como um covarde. Se você tem culhões o suficiente para mandar o Crabtree por aí, tem culhões o suficiente para me trazer suas queixas pessoalmente.
O silêncio reinou por alguns momentos antes do magro, sensível valete de Bartholomew aparecer na porta, torcendo as mãos pálidas e lançando olhares suplicantes ao sempre estoico Crabtree.
Bartholomew soltou o ar lentamente. Esta era sua própria tolice. Se tivesse sido menos vaidoso e cheio de si quando partiu para a guerra, não continuaria a pagar as taxas exorbitantes de seu cobiçado valete, apenas para manter Fitz fora das garras dos dândis de duas pernas.
E se Bartholomew não tivesse sido o mais descarado fanfarrão, o mais infame libertino, o mais imitado coríntio – Fitz poderia não estar mais aqui, na esperança de que algum dia poderia mais uma vez afofar arrancar e adornar seu mestre, de volta em seu legítimo lugar como o mais célebre dândi da alta sociedade.
Tolice, obviamente. Sem as duas pernas um homem não podia cavalgar, boxear, valsar, ou levar belas jovens damas para cantos escuros. Nem o desejava. Não mais. Sem seu gêmeo, Bartholomew não conseguia nem sorrir, muito menos enfrentar os semblantes julgadores de seus pares.
O que era a vida agora além de solidão e dores fantasmas, e se trancar em seu cômodo enquanto atendia a sua própria toalete? Já não podia aguentar que seu valete vislumbrasse o que se tornou do corpo uma vez perfeito do qual ele tinha estado tão arrogantemente orgulhoso. Não era nada, isso é o que era. Era o orgulho que o impedia de permitir qualquer ajuda. E era o orgulho que o impedia de deixar Fitz ir.
Ou permitir que qualquer pessoa o visse, agora que era menos do que perfeito.
– O que quer que seja essas missivas, você sabe o que pode fazer com elas.
Bartholomew limpou o suor de seu rosto com a toalha. Quando olhou para cima novamente, nenhum dos seus servos tinham se movido.
– Se precisa de sugestões sobre onde colocar essas cartas, você pode começar com seu…
– É a Temporada. - Fitz desabafou.
Bartholomew sacudiu a cabeça.
– A Noite de Reis passou faz tempo. É fevereiro.
– Não essa temporada, senhor. – Fitz parecia horrorizado. – A Temporada que importa. A Temporada de Londres. Está aqui. Você está aqui. Tudo que temos que fazer é…
– Eu disse não.
– Você deveria está lá fora na Sociedade. Você foi feito para a Sociedade.
Bartholomew bufou e gesticulou para a estranha prótese de madeira amarrada em seu joelho direito.
– Com esta perna, Fitz? Qual seria o ponto?
– Nem todo momento deve ser gasto dançando.
– Ou boxeando no Gentleman Jackson, suponho, ou cavalgando como louco pela St. James Square, ou indo para remotos bordéis, ou levando damas às nuvens? – Bartholomew jogou a toalha sobre o ombro.
– Você não tem que literalmente levá-las às nuvens. – Fitz disse fervorosamente, as mãos magras torcendo sem cessar. – Você poderia usar o seu… seu charme, senhor. Certamente você não perdeu isso na guerra.
– Meu charme? O que eu tinha era boa aparência, duas pernas, e muita arrogância. – Bartholomew cruzou os braços. – Isso foi antes. Isto é agora. Se estacas de madeira repentinamente não se tornaram um afrodisíaco para procriar com damas, não consigo ver…
– Você não consegue mesmo ver, senhor! O seu aparelho é dificilmente uma monstruosidade. Tem junções móveis no tornozelo e cinco destros dedinhos do pé…
– Dedos de madeira…
– …e nem se pode distingui-lo sob seus calções e meias e botas. De verdade. – Fitz respirou fundo e se apressou a continuar, seus dedos se estendendo na direção do peito de seu senhor. – Se você apenas me deixasse fazer algo sobre esse hediondo colete.
Bartholomew afastou as mãos de seu valete com um tapa. Olhou sobre o ombro de Fitz ao mordomo que não mudara de posição ou expressão desde que entrou na sala.
– Crabtree, se não tem nada a dizer por si mesmo, poderia ao menos bater na cabeça de Fitz com essa bandeja de prata até que ele recupere um pouco de juízo?
– E o que dizer da sua cabeça? – Fitz falou antes que Crabtree pudesse responder. – Se o seu charme está enferrujado, certamente sua mente não está. Não se desvalorize tão facilmente, senhor. Você foi para Eton e Cambridge, e foi um major no exército do rei. Se você usasse…
Bartholomew zombou.
– Minha cabeça é irrelevante. A alta sociedade nunca se interessou por intelectuais. Minhas conversas com os homens se centravam no esporte, nas raças de cavalos e mulheres, e minhas conversas com as damas se limitavam a galanteios de salão e sussurros no quarto. Tentar forçar uma aleijada, mas intelectual versão de mim mesmo sobre a Sociedade, seria um pesadelo para todos os envolvidos. Não, obrigado.
– Mas, senhor…



19 de julho de 2018

A Amante Intelectual do Capitão

Série Duques da Guerra
O corpo do Capitão Xavier Grey está de volta entre o beau monde, mas sua mente não pode se libertar dos horrores da guerra. 

Seus amigos tentam ajudá-lo a encontrar a paz. Ele sabe que não merece isso. Assim como ele não merece as atenções da intenção intelectual sensual em seduzi-lo para a cama…
A solteirona Jane Downing quer sair da prateleira e cair nos braços de um homem de sangue quente. Especificamente, o escuro e perigoso Capitão Gray. Ela pode não estar destinada a ser sua esposa, mas nada vai impedi-la de ser sua amante. Ela consegue citar grego clássico desde os quatro anos de idade. Quão difícil pode ser aprender a linguagem do amor?

Capítulo Um

Março 1816, Londres, Inglaterra
Em circunstâncias normais, a senhorita Jane Downing estaria ansiosa para descer de uma carruagem fria e correr para dentro do edifício para uma pausa bem-vinda do inverno brutal. O edifício requintado na frente da longa fila de carruagens não era outro senão o Theatre Royal. O próprio duque de Ravenwood lhes tinha emprestado seu camarote magnífico para a ocasião.
A maioria das debutantes, quase todo o mundo, em realidade, teria estado em êxtase com tal oportunidade.
Jane não estava.
Ela tinha idade suficiente para ser mais corretamente rotulada de solteirona do que de debutante, se alguém tivesse a chance de olhar em sua direção o tempo suficiente para a rotular de qualquer coisa. Ela suspirou, improvável. Afinal, o camarote do teatro principesco não tinha sido emprestado a ela. Ela era uma ninguém.
Mas porque até mesmo solteironas invisíveis não poderiam vagabundear desacompanhadas por aí, sua melhor amiga Grace e seu marido o conde de Carlisle, a quem o camarote tinha sido presenteado, tinham dirigido na direção oposta da casa de ópera, a fim de pegar Jane e regressar a Covent Garden, a tempo para a atuação. Tudo o que podia fazer era manter um sorriso em seu rosto e fazer o seu melhor para ser encantadora.
No entanto, não foi pela ignomínia de seus amigos incomodados que Jane desejou estar em outro lugar. Aqueles eram desafios do dia a dia. E estes eram os seus amigos.
Grace se esticou através do interior apertado para apertar as mãos de Jane enquanto as rodas da carruagem avançavam em frente na fila para o teatro.
― Muitíssimo obrigada por se juntar a nós. Esta é a minha primeira ópera, e estou muito feliz por compartilhar a noite com todas as minhas pessoas favoritas.
Jane deu às mãos de Grace um aperto em resposta. Em situações como essas, a melhor coisa a fazer era mentir.
― Estou muito feliz de estar aqui. Obrigada por me convidar.
Voltou a cruzar as mãos em seu colo e desejou ter outra coisa para dizer para quebrar o silêncio que tinha regressado. Ela era adepta de conversa, quando estava falando em privado com alguém com quem estava confortável. Mas ela e Grace não estavam sozinhas na carruagem. A mãe de Grace, a senhora Clara Halton, sentava-se à esquerda de Jane, olhando amorosamente através do transporte para sua filha. Lord Carlisle, é claro, sentava-se ao lado de sua esposa, olhando para ela como se a lua e as estrelas empalidecessem ao lado de sua beleza.
Jane mataria para ter um homem olhando para ela assim, somente uma vez.
Lord Carlisle não tinha parado de olhar para Grace assim, desde o momento em que ele a viu pela primeira vez, Jane deveria saber. Ela tinha visto isso acontecer. Do seu eterno ponto de vantagem entre as solteironas e as sombras, ela observou tudo. Outras pessoas rindo, dançando, se apaixonado.
No entanto, passar toda a noite com um par recém-casado, obviamente apaixonado, não era o que a fazia morder o lábio e amaldiçoar sua perna nervosa. Jane estava encantada por seus amigos. Ela adorava passar tempo com eles.
Ela odiava estar na sociedade. Não, odiava ser invisível na sociedade, seus amigos não entenderiam. Antes de Grace ter enlaçado um conde e se tornado sua condessa, quando ainda era pobre, nada delicada e persona non grata por ser uma americana arrogante, ainda assim conseguiu chamar a atenção de todos. Afinal, Grace era bonita, com sua pele branca, cabelo preto e olhos de esmeralda brilhantes, atraia facilmente a atenção de homens e mulheres.
Jane não conseguia sequer atrair mosquitos.
Não era por ser simples, muitas mulheres simples conseguiam ser populares e encontrar maridos, Jane não. Em vinte e quatro anos, ela tinha apenas sido convidada para dançar duas vezes.
Seus sonhos de encontrar alguém eram apenas isso, sonhos. Ela alisou suas saias, não foram as poucas libras extras de seu dote, ou que ela era uma intelectual sem remédio. Sua maldição ao longo da vida foi o fato infeliz de ser totalmente, absolutamente, cem por cento… esquecível.
Sua cabeça começou a doer enquanto as rodas da carruagem avançavam cada vez mais perto de uma longa noite de ser ignorada e mal relembrada.
Mesmo com toda essa neve e a trilha serpenteante de carruagens, ela e seus companheiros teriam tempo de sobra para se misturar perto dos refrescos antes de tomar seus lugares.
Jane caiu contra a almofada, se misturar era horrível, significava ficar parada em um mar de rostos que nem uma vez se viravam em sua direção.
Ela voltou seu olhar para a rua e sentou-se reto, um conjunto de senhores bem-vestidos afluíam para uma fila de mulheres passeando em direção ao teatro em deslumbrantes vestidos de cores brilhantes, cortesãs. Ela olhou pela janela fascinada, estes homens estavam caçando suas próximas amantes.
Suas narinas inflamaram enquanto os homens se apresentavam às mulheres do submundo. Algumas das cortesãs eram lindas e algumas eram medonhas, mas cada uma delas receberia mais atenção do sexo masculino em uma noite do que Jane teria em toda sua vida.
É irônico que os mesmos senhores que nunca tinha pensado em pedir Jane para dançar, de bom grado gastam somas exorbitantes de dinheiro em troca de uma hora na companhia de uma mulher com menos educação e uma reputação pior do que ela tinha.
Como seria ser um deles? Estas não eram prostitutas desesperadas, viciadas em gim em algum bordel, forçadas a aceitar todos os brutamontes com um centavo. Essas mulheres eram elegantes e caras, elas poderiam selecionar seus amantes como quisessem.
Jane inclinou a cabeça, se ela pudesse ter qualquer homem que quisesse, quem seria ele?
Um oficial sombrio e duro como o granito, com olhos azuis assombrados saltou imediatamente a sua mente. Capitão Xavier Gray
Calor picou suas bochechas, é claro que ele veio a mente, ele era o que toda a sociedade comentava e um dos amigos mais queridos do conde, ele sempre tinha chamado a atenção de Jane. Anos antes, quando ele era apenas o Sr. Gray, ele ainda era bonito e confiante e a última pessoa no mundo que notaria o olhar apaixonado de uma prestes a se tornar solteirona. E então ele tinha partido para a guerra.
Três anos depois, ele se tornou uma casca oca de um homem, bonito e quebrado. Ele era prisioneiro dentro de sua mente até que Lord Carlisle o tinha resgatado de, bem, onde quer que ele tivesse estado, e voltou para a Inglaterra, determinado a lhe devolver alguma vida.
A última vez que tinha visto o capitão fora mais de um mês atrás, na noite em que Grace e Lord Carlisle tinham sido comprometidos em se casar, ele parecia tão… derrotado. A sociedade estava de pleno acordo que o Capitão Gray tinha miraculosamente despertado de sua fuga naquela mesma noite, mas Jane chegou a uma opinião particular.
Para ele “despertar” implicava que ele tinha estado em um estado de consciência presa e ela não acreditava que era o caso. Cada vez que ela o tinha vislumbrado, seus olhos tinham estado muito tempestuosos para o imaginário inconsciente do mundo que o rodeava, ele só não queria mais fazer parte disso.
Jane colocou os braços sobre o peito e tentou colocá-lo fora de sua mente. O tempo para ficar obcecando sobre um soldado forte, silencioso, com olhos escuros e assombrados, são cinco horas a partir de agora, quando estivesse sozinha na cama com seus pensamentos. Agora, ela precisava se concentrar em ser uma boa amiga para Grace.Ela deu a seus companheiros o sorriso mais radioso.
Como vão as reformas em Carlisle House?
Os olhos de Grace se iluminaram.
― Passou apenas uma semana desde o casamento, por isso não compramos muito além do mobiliário para o quarto de minha mãe, claro. ― Ela enviou um olhar amoroso para a mãe, em seguida, colocou seus dedos no peito de Lord Carlisle. ― Eu não me importo com lustres e vestidos extravagantes, o que temos é mais do que suficiente, quero que Oliver gaste cada centavo em seus inquilinos antes de restaurar a propriedade.
― E eu não quero que você não tenha um único conforto. ― Lord Carlisle respondeu rispidamente quando pressionou um beijo no topo do cabelo de sua esposa.
Não era adorável? 

29 de junho de 2018

A Desafiante Solteirona do Conde

Série Duques da Guerra
Oliver York retorna da guerra para encontrar seu pai morto, suas finanças em atraso, e a ele mesmo como novo conde de Carlisle. 

Se ele não se casar com uma herdeira - e rápido! - ele e seus arrendatários terão que armar tendas perto do Tâmisa. Ele definitivamente não deveria estar trocando beijos com uma debutante sem dinheiro... não importa o quão cativante ela seja!
A senhorita Grace Halton está na Inglaterra apenas o tempo suficiente para satisfazer os termos de seu dote. Mas um casamento de conveniência não é tão fácil como ela esperava. Na América, sua mãe doente precisa de medicamentos que somente o dote de Grace pode pagar. O que significa que o arrojado conde que ela não pode tirar de sua mente é o único homem que ela não pode deixar entrar em seu coração.

Capítulo Um

 Janeiro de 1816 Londres, Inglaterra 
Poderia ser pior, Lorde Carlisle lembrou a si mesmo enquanto treinava seus olhos semicerrados neste novo campo de batalha. Fazia três anos desde que ele havia posto os pés em um salão de baile. Os estilos tinham mudado e os rostos envelhecidos, mas os bailes de Londres eram tão traiçoeiros como sempre. Ele tentou relaxar. Pelo menos ninguém estava atirando nele.
Quando ele saiu de casa, ele havia sido simplesmente o Sr. Oliver York, herdeiro legítimo de um ditador silencioso a quem ele tinha certeza que viveria para sempre. Cheio de tédio e patriotismo, ele desafiou seu pai e escapou para lutar contra os franceses com seus três melhores amigos. Afinal, qual era a pior coisa que poderia acontecer?
Resposta: Guerra.
Ele perdeu todos os seus três melhores amigos. Edmund tinha sido derrubado por um fuzil inimigo. Xavier não tinha falado uma palavra em meses. E Bartolomeu... Oliver tinha perdido esse amigo quando ele tinha tido a má graça de salvar a vida do homem.
Não que Oliver pudesse culpá-lo. Bart voltou para a Inglaterra sem a perna esquerda e sem o irmão. Ele preferia ter morrido a deixar seu irmão gêmeo morrer. Ele teria tido sucesso nesse esforço, se Oliver não tivesse erguido seu corpo mutilado em seus braços e aberto caminho através do campo de batalha sangrento para os últimos cirurgiões sobreviventes.
Foi um milagre o homem ter sobrevivido. Um milagre ainda maior que ele não apanhasse a primeira lâmina que ele encontrou ao acaso e a atravessasse entre as costelas de Oliver.
Heróis, todos eles. Heróis e assassinos.
Cada um deles tinha sangue em suas mãos. Cicatrizes em seus corações. Não se podia partir o pescoço de outra pessoa com uma baioneta para salvar a si próprio, e em seguida, recomeçar em Londres com corridas de carruagem e apostas bêbadas.
Bêbado, sim. Ele era muito bom embriagado. O álcool era a única coisa que entorpecia a raiva. E a culpa.
Não havia nenhum serviço postal na linha de frente, então ele realmente conseguiu chegar até a porta da frente antes que o resto da notícia o tivesse alcançado.
Ele havia perdido seu pai. Oliver era conde agora. Parabéns!
Seu pai – segundo os jornais de escândalo relataram - tinha chegado a seu fim prematuro na cama de sua última amante, quando seu cozinheiro, inconsciente de sua alergia a frutos do mar, tinha enviado uma bandeja de salada mista com limão e camarão para o quarto dos amantes.
Morte por salada.
E dessa forma, Oliver herdou um condado.
Ele não conhecia um botão sobre ser conde, é claro. Seu pai tinha raramente falado com ele; Oliver, por conseguinte, não estava em posição para substituí-lo. Levaria meses apenas para passar pelos livros diários e correspondências. Quanto mais definir sobre gerar um herdeiro!
Também não estava no mercado por uma esposa. Ele dificilmente poderia ser responsável por uma. Ele estava tendo um tempo bastante difícil lutando com este monstro que era o condado, sem acrescentar um dependente à mistura. Não com seu futuro incerto, e o seu passado um pesadelo.
Homens de sua classe não se casavam por amor. Homens com seu passado não deveriam se casar em absoluto.
A guerra havia lhe ensinado que não havia vulnerabilidade como a de ser impotente para salvar alguém com quem ele se importava. Como seus melhores amigos.
Xavier ainda teve a chance de se recuperar. No momento, ele estava encostado na biblioteca, como uma grande boneca silenciosa, mas Oliver tinha fé que seu amigo apático iria sair de sua fuga.
Essa convicção era precisamente o motivo pelo qual Oliver, salvador de todas as pessoas que não desejavam ser salvas, tinha empurrado seu amigo para uma carruagem e forçado ambos a entrar em um ambiente vivo com luzes e cores. Ele poderia estar morto por dentro, mas ele se recusou a permitir que o mesmo acontecesse com Xavier.
Capitão Xavier Grey uma vez tinha sido o tagarela mais alegre de todos eles. Agora, ele estava à uma respiração irregular da catatonia.
Os cirurgiões estavam perplexos. Ele estava mais morto do que vivo, mas não havia nada visivelmente errado com ele. Talvez tudo o que ele precisasse era de alguma re-assimilação. Vinho. Mulheres. Dança. Uma lembrança do por quê eles tinham lutado, e o que ainda era motivo para viver.
Então, Oliver mandou chamar seu amigo e um exército de alfaiates. Os dois poderiam demonstrar o próprio Brummel. Tinha sido fácil o suficiente conduzir Xavier, já que ele era mudo e flexível como uma estátua de cera. Talvez um pouquinho mais sem vida.
E agora eles estavam em um baile. Um olhar para o rosto de Oliver assegurou que ninguém iria negar-lhes entrada. Mas o que ele iria fazer com Xavier? Ele tinha caído da cadeira quando Oliver tentou sentá-lo no salão de baile com as solteironas, então Oliver tinha sido forçado a acomodá-lo na biblioteca, em uma poltrona com muitos travesseiros.
Isso funcionou. Um pouco. O homem não tinha mudado de posição nas últimas duas horas, e provavelmente iria sentar-se lá como um pedaço de barro direto do Armageddon.
Oliver arrastou-se da biblioteca de volta ao salão de baile. Ele claramente não estava curando Xavier esta noite. Talvez o mais necessitado de vinho, mulheres e dança era o próprio Oliver.
Exceto que o licor de ratafia estava quente, o vinho amargo, a música fora do ritmo. As debutantes somente estavam atraídas para o seu título vergonhosamente adquirido. Os homens só se aproximaram dele para ouvir histórias de guerra salpicadas de sangue. Oliver não tinha nenhuma inclinação para recontar, muito menos reviver.
Salão de Baile Waterloo. A orquestra ensurdecedora, o perfume enjoativo, os redemoinhos de cetim e renda, era um inferno tanto quanto o campo de batalha que ele tinha escapado.
Qualquer um que fantasiava sobre a guerra era um imbecil. Qualquer um que fantasiava sobre herdar um título era um imbecil ainda maior.



8 de junho de 2018

O Feriado de Lady Amélia

Série Duques da Guerra (Bônus)

Dezembro
Londres, Inglaterra

Amélia St. John, Viscondessa de Sheffield, ainda estava no meio de salvar o mundo, quando outro lacaio irrompeu na sala rosa, para soar o alarme de desastre iminente. 
Uma mulher menor poderia ficar perturbada com o fluxo interminável de interrupções, mas 
Amélia saudava cada um com prazer. Eles não eram seus desastres, afinal de contas. Planos estabelecidos por sua mão cuidadosa, nunca tinham terminado em catástrofe. E, embora nunca se considerasse uma intrometida, Amélia não podia negar a profunda sensação de prazer de colocar em risco o problema de todos os outros.



Tentação de Natal do Visconde

Série Duques da Guerra


Uma tentação irresistível...

Certos indivíduos podiam considerar Lady Amelia Pembroke uma espécie de mulher gerenciadora, mas, na verdade, a maioria das pessoas estaria perdida sem a sua ajuda. 

Ora, o rumor mais recente é que o libertino Visconde Sheffield está cancelando a festa do ano porque não tem tempo para saraus tolos. Ele não precisa de tempo – ele precisa dela!
Quando um raio de luz destrói o local para a festa anual de Natal de sua família, Lord Benedict Sheffield pretende desfrutar de umas férias relaxantes dessa vez. Mas depois de doze dias das sedutoras táticas de guerrilha de Lady Amélia, ele está até a gravata com enfeites... e caindo de cabeça no amor.

Capítulo Um

12 de dezembro de 1815, Londres, Inglaterra
Lady Amelia Pembroke olhou para cima a partir do almanaque já gasto em seu colo enquanto seu irmão, o Duque de Ravenwood, entrou no salão amarelo com uma carranca distraída.
O salão amarelo, apesar de ser parte integrante da mansão ducal de inverno, era estritamente do domínio de Amelia. As estantes estavam cheias de fileiras de revistas encadernadas em couro contendo página após página escrita na mão pequena, precisa de Amelia. 
A mesa de madeira de cerejeira próxima da janela da sacada continha a correspondência do dia, empilhadas de acordo com a prioridade. A cesta de grandes dimensões ao lado da poltrona de abas dela estava cheia com uma semana de periódicos, a tinta usada estava cinza de ter sido tratada muitas vezes.
Amelia marcou seu lugar com uma fita verde vivo e colocou o almanaque de lado. A presença de seu irmão só podia significar que ele precisava de sua sabedoria em algum assunto. Não havia nada que ela gostava mais do que a oportunidade de colocar sua mente para o uso prático.
Embora soubesse que um beijo não era exigido dela – sendo um uso improdutivo do tempo de alguém – ela levantou-se da cadeira para beijocar a bochecha de seu irmão. 
Ravenwood sempre foi um jovem muito solene, orientado pelo dever, mas ambos os seus sorrisos e sua presença tinham sido muito escassos nestes últimos meses, desde que seus amigos de infância finalmente chegaram em casa da guerra.
Alguns deles, isso é. A braçadeira preta nunca deixou de cercar o braço esquerdo de Ravenwood. Ela lutou contra o impulso de abraçá-lo apertado. Se não fosse por já ter herdado um ducado, ele sem dúvida teria seguido os seus amigos para a guerra.
Menos certo era se ele teria voltado para casa.Ela caminhou para o fogo para mascarar seu estremecimento.
– Bom dia, irmão. A que devo a honra desta visita? – Quando ele não se juntou a ela diante do fogo, ela se virou para encará-lo. – Há alguma coisa errada?
Ravenwood passou a mão pelo cabelo castanho ondulado, estragando o cuidadoso trabalho de seu valete.
Ou não. Dada a popularidade do penteado “coruja assustada” de hoje em dia, Amelia não conseguia entender que muito esforço estivesse envolvido absolutamente.
Ele olhou para o relógio em cima da lareira.
– Eu odeio incomodá-la com mudanças de última hora...
– Seja qual for o problema, não tema. Meus planos são meticulosos o suficiente para suportar interrupções de qualquer tipo.
– Sim, bem, mesmo você não poderia ter previsto este desastre, e nada vai corrigi-lo. O almoço desta tarde...
Antes que ele pudesse completar esse pensamento, uma batida soou na porta da sala.
Com um sorriso de desculpas, Amelia levantou um breve dedo para indicar que a conversa continuaria em breve.
– Um momento, eu estive esperando um mensageiro. Entre!
Um dos lacaios chefes entrou na sala, o rosto preocupado.
– Eu fui incapaz de buscar a senhorita Azzara, minha senhora.
Ela levantou uma sobrancelha.
– Ela não estava em casa?
– Oh não, minha senhora. Se foste esse o caso, eu certamente teria esperado o seu regresso. Temo que a Senhorita Azzara contraiu caxumba, e não será capaz de fazer sua performance hoje depois de tudo.
A boca de Ravenwood se separou em surpresa.
– Senhorita Azzara de Drury Lane? Você tinha mencionado que iria proporcionar entretenimento musical como parte do almoço de hoje, mas eu nunca sonhei que você quis dizer a segunda mais famosa cantora de ópera em toda Londres.
– Uma coisa boa, também, uma vez que parece que isso não deverá acontecer.
– Que esta seja uma lição, Amelia. Nenhum plano é muito meticuloso para circunstâncias imprevistas descarrilarem.
Ela inclinou a cabeça para seu irmão e virou-se para falar com o lacaio.
– Obrigado. Isso é tudo.
Ele fez uma reverência. Mas antes que ele pudesse sair da sala, um segundo lacaio chegou. Este, em grande contraste, era todo sorrisos.
– Pacote entregue, minha senhora. O mordomo a colocou no salão rosa, com o piano.
– Colocou... “Ela”? – Ravenwood ecoou fracamente.
– Senhorita Catalini. – o lacaio explicou. – É para ela cantar esta tarde. Seu homem já está praticando escalas com ela.
– Senhorita Angelica Catalini? – Ravenwood balançou a cabeça para trás, para Amelia. – A cantora de ópera mais célebre em toda Londres?
– Nós prometemos entretenimento musical. – ela o lembrou com um sorriso. Ela acenou para os lacaios. – Obrigado, cavalheiros. Vocês fizeram bem.
Ravenwood continuou a olha-la.
– Você sabia que a Senhorita Azzara contrairia caxumba?
– Claro que não. Como já tentei imprimir em você, uma mulher inteligente faz planos para todas as exigências.
Ele apontou para as costas em retirada dos lacaios.
– E se ambas as cantoras chegassem?
– Então, elas poderiam ter tomado turnos em conjuntos, ou realizado uma série de duetos. – Ela juntou os dedos. – Agora será simplesmente uma exclusiva.
Rodas distante de uma carruagem faziam ruído sobre o cascalho congelado da estrada ducal. Ravenwood se virou para ela com horror.
– Cedo!