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1 de dezembro de 2017

A Herdeira e o Ativista

Série Pretendentes Pecadores
Assombrados pelo calor de um inesperado beijo em uma fria véspera de inverno, dois estranhos de mundos substancialmente diferentes transformam exaltados princípios em ardente paixão.

Amanda é uma herdeira americana, proprietária de fábricas de tecido, que viaja para a Inglaterra para buscar novas técnicas para sua produção. 

Stephen é um homem com uma missão. 
Conseguir que os proprietários de fábricas inglesas proporcionem ambientes seguros para seus funcionários. O encontro dos dois abala as estruturas de suas convicções.

Capítulo Um


Walton Hall, Hertfordshire, 19 de dezembro, 1829
Lorde Stephen Corry, irmão mais novo de um marquês, talvez fosse considerado muito radical para ser companhia adequada, contudo, claramente, ainda possuía algum crédito na sociedade, do contrário não seria um convidado na casa senhorial do Artista Americano Jeremy Keane e sua nova esposa, antiga amiga de Stephen, Lady Yvette.
Ele adentrou a sala de estar, encontrando Yvette instruindo um lacaio que estava pendurando uma grande pintura na parede.
— Ah, aí está você — ela disse. — E no momento certo para revelação de meu novo retrato. Jeremy ainda não o viu enquadrado, logo o estou surpreendendo, exibindo o quadro a nossos convidados. Os cavalheiros estão se trocando depois de um dia de caça, as damas chegarão a qualquer momento das compras na cidade, e isto deve estar pendurado antes que eu possa chamar Jeremy em seu escritório.
— Ele não foi caçar com os outros? Ela riu.
— Jeremy não faz o tipo caçador. Stephen entendeu muito bem.
— Temo estar me intrometendo em sua reunião.
— Bobagem. Clarissa estava coberta de razão. É um absurdo que você passe a noite na hospedaria enquanto temos muitos quartos aqui. O que pensaria Yvette se soubesse que sua melhor amiga, prima dele, tinha suas próprias razões para desejar a presença dele ali? Foi um golpe de sorte que tivesse encontrado com Clarissa mais cedo.
— Convencerei Yvette a convidá-lo se beijar-me debaixo do visgo na presença de Edwin — Clarissa disse.
— Por que diabos haveria de desejar comparecer a qualquer evento social? — Ele perguntou.
— Você me disse uma vez que gostaria de encontrar o proprietário das confecções Montague. Pois bem, ela estará nesta reunião. Eu posso apresentá-los.
Apesar de Stephen não estar certo sobre o que Clarissa tinha com Edwin Barlow, o Lorde de Blakeborough, ele achou a promessa a respeito da Srta. Amanda Keane, cunhada de Yvette, impossível de resistir. Ele tinha um artigo a escrever, afinal das contas, e não teria a oportunidade de conhecer o dono de uma confecção americana de outro modo.
De qualquer forma, ela era uma solteirona sem atrativos com uma estrita visão da vida, alguém que se aventurava o mínimo possível na sociedade. Ele havia escutado que ela estaria deixando a Inglaterra em algumas semanas, logo esta seria a única oportunidade de entrevista-la.
— Bem, prometo não causar muitos problemas. — Ele brincou.
— De certa maneira, duvido disso. Entre a nossa tendência em provocar pessoas e a maneira como as mulheres reagem a você, imagino que haverá problemas em abundância. — Ela sorriu amplamente. — Felizmente, eu aprecio reuniões espirituosas, assim como Jeremy.
— Espere! Como de fato as mulheres reagem a mim? — Ele perguntou genuinamente curioso.
Yvette o encarou perplexa.
— Você sabe, perfeitamente bem, que toda dama que encontra, deseja cair em seus braços. Quanto mais velho, mais inatingível fica, e agora que está quase na casa dos trinta, elas estão salivando para conquistar o esquivo Lorde Stephen.
— Tenho apenas 28. — Ele disse azedo.
— É o bastante. Especialmente, quando as persegue com este ar de desconsiderada impaciência, que perversamente atrai a todas.
— Está lendo romances góticos novamente?
—De maneira alguma, na verdade. — Ela disse despreocupadamente. — Meramente levei anos observando mulheres rastejando a seus pés como se fosse alguma espécie de encantador Dom Juan.
A parte do Don Juan certamente se adequava. E não era por culpa dele que suas buscas não o deixassem com tempo para o sexo frágil. Ou que sua falta de interesse só fizesse atraí-las mais.
O som de cascos de cavalo batendo na entrada cheia de neve do lado de fora chegou a seus ouvidos.
— Podemos continuar esta discussão mais tarde — Yvette disse. — Esta é a carruagem trazendo as senhoras da cidade, e estou certa de que os cavalheiros também chegarão logo. Vá receber todas e então as direcione a sala de estar, silenciosamente, para não estragar a surpresa não é mesmo?
Antes de sair, Stephen perguntou: — Meu irmão sabe que estou aqui?
— Como ele poderia? Quando chegou mais cedo, ele ainda estava caçando com os outros. Mas estou certa de que ficará contente em vê-lo.
— Tenho minhas reservas. — Desde que Stephen começou a escrever para o London Monitor, ele e Warren vinham se estranhando. — Ele me considera um perigoso radical determinado a fomentar a revolução e destruir a Inglaterra.
— Ele não pensa desta forma. Apenas se preocupa que você faça algo imprudente e acabe morto.
Stephen grunhiu. Com certeza, alguns de seus discursos eram conhecidos por inflamar temperamentos, e sua série de artigos considerando o mau tratamento oferecido aos trabalhadores das usinas, não foi bem recebido por seus companheiros que o maldisseram por sua pouca lealdade aos cidadãos ingleses pertencentes à sua classe. 
No entanto ninguém se atreveria a matá-lo por causa disso. E uma vez que ele entrevistasse a Srta. Kane e mostrasse que os donos americanos não eram melhores do que os Ingleses, as pessoas veriam que ele não estava apenas lançando pedras em seus compatriotas. A situação em usinas inglesas refletia igualmente a situação ruim na América. Quem sabe então eles finalmente considerariam as condições de trabalho na indústria do algodão um problema que atravessou o continente.
Talvez, assim fizessem algo sobre isso, enfim.