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18 de janeiro de 2019

A Joia de Meggernie

Depois do ataque ao Meggernie, o lar de Willow MacGregor, o único caminho que fica adiante da jovem é o da vingança. 

Se para isso deve penetrar na fortaleza de seu inimigo e fazer-se passar por quem não é, não duvidará em seguir os ditados de seu coração.
Para o Ewan Campbell, aceitar a um adoentado moço em seu castelo, um que além disso pretende unir-se a sua tropa de soldados, é uma autêntica aberração. Entretanto, o orgulhoso laird do clã Campbell descobrirá que um simples olhar basta para que suas convicções e suas mais arraigadas crenças se cambaleiem.  Sumidos em um desconcerto total de emoções, ambos se darão conta de que o amor se encontra onde menos o esperam, e que seu coração só se acende ante o roce de uma única pele...

Capítulo Um

Desde pequena, todos lhe haviam dito que era o vivo retrato de sua mãe. Para a jovem Willow era toda uma honra que fizessem essa comparação, posto que Erinn MacGregor tinha morrido ao dar a luz e ela não tinha chegado a conhecê-la. 
Saber que, de alguma forma, sua mãe se refletia em seus olhos azuis, no gesto de sua boca ao sorrir, na cor escura de seu comprido e sedoso cabelo, confortava-a. Era um modo de tê-la perto, mesmo que nunca tivesse estado a seu lado; era sua particular e privada maneira de conhecê-la.
Aquele dia, a semelhança entre ambas era mais notório que nunca. Talvez por sua forma de sorrir, ou porque ao fim se intuía, sob aquelas bochechas rosadas, o rosto da mulher em que estava a ponto de converter-se. 
Apesar de que acabava de fazer dezoito anos, resultava evidente que suas feições precisavam amadurecer um pouco mais para alcançar sua expressão definitiva.
Sua velha dama de companhia, Enjoe, cruzou-se com ela pelas escadas e pôde ver quão contente estava sua jovem senhora.
— Aonde vai tão eufórica? — perguntou-lhe.
— Tio Gilmer mandou me chamar. Quer dar meu presente de aniversário.
A anciã lhe sorriu com ternura. Não eram bons tempos, e qualquer detalhe que tingira de cor aqueles dias cinzas em que viviam era bem recebido. A moça tinha poucos motivos para celebrar algo, com seu pai e um de seus irmãos ausentes, convocados à guerra que liberava o rei Robert do Bruce contra os ingleses. A maioria dos soldados MacGregor tinha partido com eles e a jovem tinha ficado ao cargo do Niall, o menor dos gêmeos, que tinha o encargo de custodiá-la e tomar conta do clã enquanto o autêntico laird, seu pai, batalhava contra o inimigo.
Ao chegar no grande salão Willow comprovou que seu tio já estava ali, sentado na cabeceira da larga mesa enquanto sua ama de chaves, Rhona, servia-lhe uma taça de vinho. A mulher levantou a vista e lhe dedicou um sorriso sincero. Encaminhou-se para ela e lhe falou antes de retirar-se.
— Hoje está de muito bom humor. Acredito que o presente excita mais a ele que a você. — Sussurrou isso com cumplicidade.
Willow lhe devolveu o sorriso, encantada. Rhona sempre lhe tinha gostado, era uma mulher atenta e carinhosa que levava a cargo do Landon Tower desde que tinha memória. As más línguas diziam que tanta entrega e dedicação em seu trabalho se devia a que estava apaixonada em segredo pelo senhor daquele castelo. Willow não via nada de mau nisso, justamente o contrário. Tio Gilmer não se casou nunca e, se Rhona tinha decidido amá-lo, não fazia mal a ninguém.
— Me alegro de que esteja feliz. — Respondeu ela, apertando uma das mãos da ama de chaves com carinho. — Nós todos faremos que volte a ser o homem que era.
Uma sombra de tristeza cruzou então pelo rosto da mulher.
— Será complicado, minha senhora. Ninguém volta a ser a mesma pessoa quando os dentes desta guerra cruel lhe remoem o coração.
Willow tragou com dificuldade o nó que lhe tinha formado na garganta ao escutar seu tom. Não era apenas pela desgraça que tinha sofrido tio Gilmer. O único filho de Rhona, de apenas dezesseis anos, tinha morrido em batalha defendendo a causa do rei Bruce. Abraçou-a em um gesto espontâneo, sem saber de que outra maneira lhe transmitir o muito que lamentava sua perda. Willow não podia imaginar-se sua angústia e sua dor, e quis reconfortá-la.
— Sinto-o tanto... Tinha muita admiração ao Connor, era um moço muito valente. — Murmurou enquanto a abraçava.
Rhona se mostrou sobressaltada pela demonstração de carinho e permaneceu muito rígida até que Willow se afastou.
— Era valente e o melhor dos filhos. — Corroborou, com os olhos lacrimejados. Depois, os limpou com um par de tapas e compôs de novo seu amável sorriso. — Mas hoje não terá que falar de penas, mas sim de alegrias. Seu tio já deve estar impaciente para lhe dar o presente que preparou com tanto entusiasmo. Deixo-lhe com ele.
Dito isso, continuou seu caminho e Willow ficou a sós com o senhor do Landon Tower.
— Vamos, te aproxime, tantas coisas tem que falar com a Rhona? — Chamou-a.
— Já vou.
Enquanto se aproximava, a excitação por descobrir qual seria seu presente apagou toda preocupação de sua mente por uns instantes. Não tinha sido um bom ano; muitas ausências e muitas penas para desfrutar de seu aniversário. Somente por isso, não poderia agradecer mais o cuidado que tinha tido tio Gilmer com ela.
Sentou-se ao seu lado, incapaz de manter a compostura. Os dedos lhe tremiam de emoção e seus olhos contemplaram com deleite o tamanho e a forma daquele enorme pacote envolto com um tecido de linho branco, adornado com uma cinta carmesim que o rodeava com uma perfeita laçada. Gilmer o empurrou para ela com sua única mão. 
Willow tratou de não dirigir o olhar ao outro braço, onde um coto substituía a extremidade que tinha perdido no campo de batalha.
Aquela era a causa de que Niall e ela tinham abandonado Meggernie, seu lar, e se encontravam em Landon Tower, a fortaleza de seu tio. Ambos o queriam muito para deixá-lo sozinho em um momento assim e, tal e como lhe tinha confessado a Rhona momentos antes, Willow esperava que sua presença servisse para que o guerreiro voltasse a ser o homem que conheciam, apesar de que aquela desgraça lhe marcaria para sempre.
Na realidade, Gilmer Graham não era seu tio de sangue. Era amigo de seu pai desde que tinha uso de razão e, tanto para ela como para seus irmãos, era mais um da família. 
Quando lhe cortaram a mão na batalha da retomada da ilha do Man, o rei Bruce o liberou da obrigação de lutar contra os ingleses. 
Para o guerreiro, sua mutilação e sua posterior licença do exército escocês tinha suposto um duro golpe. Quando Niall e Willow receberam a má notícia, acudiram ao Landon Tower dispostos a lhe dar todo seu apoio.
Niall o compreendeu muito melhor que ela, posto que o moço tinha sido excluído da batalha só porque Malcom, seu irmão gêmeo, tinha aparecido a cabeça ao mundo dois minutos antes que ele. Willow sabia que Niall desejava ir à frente junto a seu pai e servir ao rei Bruce como outros muitos jovens, e estava convencida de que se ela não existisse, seu irmão teria podido cumprir com os ditados de sua honra e patriotismo.
— Não vais abrí-lo?








Saga Irmãos MacGregor
1- A Joia de Meggernie
Série concluída