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2 de julho de 2024

O Destino de Niall

Saga Irmãos MacGregor

Caso o inimigo ainda esteja próximo e ainda queira sua morte, hoje você sucumbiu aqui, em seu lar, como um herói. 
Defendeu os seus até o último suspiro e assim devem acreditar os que te traíram. Mas este não é o seu fim, Niall MacGregor.
Quatro anos após o ataque a Meggernie, a feiticeira Morag sabe que chegou a hora de Niall retornar aos seus. Ele está perdido há muito tempo e deve retornar à Escócia para encontrar a vida que deixou para trás. A aparição inesperada de Lady Rosslyn Stewart, uma jovem que veio até ela em busca de um feitiço de amor, dá a Morag a chance de forçar Niall a seguir seu caminho de direito. No entanto, acompanhar este guerreiro de volta para casa não será uma tarefa fácil para Rosslyn. Descobrirá que o coração de Niall está cheio de medos e que ele não está preparado para enfrentar os acontecimentos do passado. Transformada em seu anjo da guarda, a jovem o ajudará a se reunir com sua família, sem perceber que a tarefa coloca seu próprio futuro em perigo. Seu destino é se casar com o homem que seu pai escolheu, mas como pode se resignar, depois de conhecer Niall MacGregor?

Capítulo Um

Ilha Rathlin, Irlanda
O caminho que levava ao topo da falésia era muito abrupto e muito íngreme. Tanto que os membros da pequena comitiva tiveram que descer de seus cavalos para que os animais não tivessem tanta dificuldade na subida. Ninguém queria que eles ficassem com as pernas machucadas ou seu cavaleiro jogado depois de algum tropeço prematuro.
—Quanto tempo ainda?— reclamou o mais velho de todos.
O homem era guardião temporário da filha do Lorde Stewart, a jovem que viajava com ele. O resto dessa comitiva era composta por um casal de damas de companhia e quatro soldados encarregados de vigiar e garantir sua segurança durante a viagem.
—Meu caro Mervin, já está cansado?— Lady Rosslyn perguntou, olhando para ele com um meio sorriso no rosto.
—Quando tiver a minha idade, não achará tão engraçado ter que escalar uma montanha a pé, puxando as rédeas de um preguiçoso que não quer seguir em frente.
Ela soltou uma risada que atraiu a atenção do resto dos membros do grupo. Sua risada, limpa e musical, tinha esse efeito nos outros. Embora, para ser honesta, não fosse apenas sua risada que a tornasse especial. Era toda luminosa. Tinha uma alegria interior que era contagiante, uma aura pura e gentil que se estendia além de si mesma e alcançava qualquer um que estivesse por perto. Também era uma jovem muito bonita. Tinha cabelos tão loiros que pareciam brancos, compridos até a cintura e sedosos ao toque. Seus olhos eram verde-esmeralda, brilhantes e cheios de vida. Sua pele era clara e suas feições harmoniosas. Sua figura, esbelta e graciosa, era como a das fadas que todos imaginavam habitando nas florestas irlandesas. E ainda assim, observando-a avançar e subir aquele caminho pedregoso, era evidente que não era meticulosa e que tinha a força necessária para realizar qualquer tarefa.
—Concordo com Mervin—, disse Grizela, uma das damas de companhia, que era tão jovem quanto, porém, por suas lufadas e bufadas, não tão resistente quanto sua lady. — É realmente necessário chegarmos ao topo do penhasco?
—Os aldeões nos disseram que a feiticeira mora lá, em uma cabana solitária com janelas que dão para o mar.
—Mas por que todos nós temos que subir?— Effie, a outra dama de companhia, um pouco mais velha que suas companheiras, apoiou a queixa. — Milady, poderia ter enviado Trevor ou Darian para executar esta tarefa, e o resto de nós poderia ter esperado por eles na pousada.
Os mencionados, que estavam à frente da procissão, olharam para trás quando ouviram seus nomes, mas não fizeram comentários. Sua senhora assumiu a responsabilidade de responder por eles.
— Essa tarefa é algo que devo fazer pessoalmente, não posso delegar a ninguém. E, se eu for lá procurar a feiticeira, o lógico é que meus acompanhantes e minhas damas de companhia venham comigo—, explicou, sem nenhum remorso por tê-los embarcado nessa aventura. — Além disso, imaginem as vistas que devem ter à beira do penhasco... Vai ser maravilhoso ver o pôr do sol de lá! — Exclamou excitada, enquanto acelerava o passo e ultrapassava seus companheiros por causa de sua impaciência para chegar o mais rápido possível.
Grizela trocou um olhar de desespero com Effie.
—Vamos passar a noite lá em cima, na casa de uma bruxa?
—Não teremos escolha—, disse o velho Mervin, alcançando-as. — Espero que essa mulher nos dê boas-vindas. Pelo menos a nós quatro. Os soldados podem dormir ao ar livre, mas meus ossos não servem mais para essas corridas e imagino que também não queiram passar a noite ao ar livre.
—Nós não—, confirmou Grizela, —mas Lady Rosslyn está disposta a se oferecer para dormir sob as estrelas se houver poucas camas lá dentro, verá.
Mervin suspirou e não poderia concordar mais com essa previsão. Sua jovem lady estava tão entusiasmada quanto uma garotinha por qualquer nova experiência, especialmente uma relacionada à natureza. Ver o pôr do sol da beira de um penhasco, por mais ventoso ou frio que esteja, dormir sob um manto de estrelas, caminhar por uma floresta que outros achariam sombria, nadar em um lago com águas profundas e geladas... Nada a assustou, muito pelo contrário. A jovem lady Rosslyn estava ansiosa por novas experiências e aventuras, e arrastava atrás de si todas as suas companheiras, mesmo que não estivessem tão animadas quanto ela. No entanto, eles raramente se recusavam a acompanhá-la, porque depois da infância que teve, era natural que ansiasse por esse tipo de liberdade. Rosslyn crescera na Irlanda, enclausurada dentro dos muros da casa de sua tia Brigit que, devido à sua natureza hermética e reservada, garantira que sua sobrinha não tivesse muito a ver com o mundo exterior. O pai de Rosslyn, Andrew Stewart, havia confiado a sua irmã e madrinha da menina para protegê-la e cuidar dela até que tivesse idade legal para se casar. Brigit, diante de tal pedido, havia lido nas entrelinhas que ela deveria garantir a pureza da menina e mantê-la a salvo de qualquer homem que a desejasse, pois era evidente que seu pai tinha planos para ela. E tia Brigit podia jurar, por todos os deuses da Irlanda, que havia realizado essa tarefa escrupulosamente. Rosslyn levou uma vida de solidão e reclusão, apenas aproveitando o ar livre no pequeno jardim que tinham.
Quando a comitiva enviada por seu pai chegou para resgatá-la de lá e acompanhá-la de volta à Escócia, a casa de sua família, a bolha de fantasia onde Rosslyn morava estourou. Tudo ao seu redor se tornou muito mais real. Assim que deixaram a casa e a tutela da tia Brigit para trás, a jovem descobriu o verdadeiro significado da liberdade.
E tinha sido para ela uma verdadeira explosão de novas sensações, novos cheiros, sabores e cores.
Não importava que seu destino fosse acabar em outra prisão, porque, durante a jornada à frente, Rosslyn era dona de sua vida e de suas circunstâncias. Esse pensamento tinha conseguido excitar suas entranhas de uma maneira que fez todos que a viram se apaixonarem.
Após a cansativa subida, finalmente chegaram ao topo. Logo avistaram, exatamente como haviam imaginado, a cabana de pedra na beira do penhasco. Atrás da construção avistaram um pomar, um curral que abrigava algumas galinhas e um pequeno estábulo para cavalos.
Duas pessoas saíram pela porta da frente ouvindo a comoção dos recém-chegados. Uma mulher mais velha que certamente era a pessoa que eles estavam procurando, e um homem de aparência mais velha que os olhava com curiosidade.
—Bom dia, senhores!


Saga Irmãos MacGregor
3- O Destino de Niall
Série concluída


18 de janeiro de 2020

O Segredo de Malcom

1314, Escócia

Após perder seu pai na última batalha contra os ingleses, Lena MacLaren foi convocada pelo rei da Escócia para decidir seu destino. 
Como filha de um laird das Highlands, deve se casar para salvaguardar os interesses de seu clã. No entanto, o candidato escolhido pelo monarca é o último homem no qual teria pensado para desposar. Seu passado em comum é uma barreira que considera intransponível e as feridas em seu coração ainda não cicatrizaram…
Para Malcom MacGregor, o dever e a honra estão acima de sua própria felicidade, portanto acatará a ordem do rei para desposar Lena MacLaren sem apresentar impedimentos. No entanto, sabe que esta decisão fará a ambos infelizes. O guerreiro deverá encontrar o modo de se reconciliar com as perdas sofridas e conviver com uma mulher que sempre temeu, ainda que, para isso, deva manter o segredo que leva guardado em seu íntimo durante tanto tempo.
Quando dois corações feridos tentam se encontrar, um olhar, um sorriso e um pouco de amor podem sinalizar o caminho. Quando dois corações estão predestinados a pulsar juntos, nem mesmo o melhor segredo guardado pode empanar a felicidade que os espera ao final do caminho percorrido.

Capítulo Um

Stirling, Escócia, Outubro 1314
Não era fácil se manter em pé diante de todas aquelas pessoas com a cabeça erguida. Ainda não havia superado a dor pela morte de seu pai, o laird Hamish MacLaren, e aquele salão do trono, invadido por toda a corte do rei Bruce, era o último lugar no qual gostaria de estar. Aquelas pessoas a conheciam, e os que não, tinham ouvido falar dela. A jovem via a compaixão e a condescendência no rosto de alguns; em outros, a superioridade e o desprezo. Os que se encontravam ali a consideravam uma dama mimada e sobretudo protegida por sua família e, nas Highlands, aquilo era sinônimo de fraqueza. Lena MacLaren podia ler em seus rostos o que pensavam e só tinha vontade de abandonar a sala, escapar, se ocultar de todos aqueles olhares que a julgavam e a imaginavam indigna de ser filha de um grande senhor.
— Não pense. — Falou Beth, sua dama de companhia, pegando a mão para reconfortá-la. — Mantenha a cabeça alta e o rosto sereno, Lena. Não deve se importar com o que os outros pensem. Está aqui por seu pai.
— Não me importo, Beth. Porém, preferiria ter ficado em nosso lar, junto a minha mãe. Ela ainda não superou tudo e sinto que deveria estar ao seu lado para reconfortá-la.
— A política não entende de sentimentos, e menos agora. Ganhamos uma importante batalha e temos os ingleses em franca fuga ou resistindo em seus últimos bastiões. Porém, a guerra deixou em seu caminho um povoado maltratado e um país que deve voltar a se levantar. A tarefa do rei é árdua e importante e não se pode permitir o luxo de ceder diante da angústia de seus súditos. Se pensar bem, você também não pode se permitir isso.
Era certo. Após a batalha de Bannockburn, quase quatro meses atrás, seu clã ficara desamparado. Seu pai havia caído sob uma espada inglesa, entregando a vida por seu rei e pela independência da Escócia. Com ele tinham perdido também um grande número de MacLaren. Muitos soldados, muitos bons homens, pais de família, amigos aos quais conhecia desde sempre e que já não voltaria a ver. Com suas forças reduzidas, sem recursos depois da guerra, seu clã se encontrava em uma situação bastante precária. E Lena sabia que sem um chefe de família que defendesse seus interesses iriam passar realmente mal.
Por isso não estranhou a chamada de Robert de Bruce. O rei estivera percorrendo o país depois de ganhar a batalha, tanto para despertar a admiração de seus súditos, que o consideravam um verdadeiro herói, como para conseguir a adesão de todos seus clãs. Aquilo implicava se preocupar por sua situação e pelo dever com as diferentes famílias. E Lena sabia que a sua, na verdade, não passaria no exame do monarca e ele se veria obrigado a intervir.
Após a convocação, havia comparecido desde o seu lar, em Balquhidder, junto com sua fiel dama de companhia e sua escolta pessoal, composta por apenas quatro homens. Não era muito, porém era a única que possuía naquele momento. Como bem lhe havia recordado Beth, não podia se permitir o luxo de deixar Laren Castle desprotegido. E os poucos homens que ainda formavam o exército MacLaren deviam ficar ali, velando pela sobrevivência do clã. Porque os escoceses tinham se unido para fazer uma frente comum contra os ingleses, porém Lena sabia que, apesar de tudo, os velhos ódios de vizinhos não seriam esquecidos tão facilmente. Os MacLaren ainda tinham inimigos e, na situação em que se encontravam, era lógico supor que tentariam se aproveitar de sua vulnerabilidade.
— O que acredita que o rei lhe pedirá? — Beth lhe perguntou.
— Pedir?


Saga Irmãos MacGregor
2- O Segredo de Malcom
Série concluída


18 de janeiro de 2019

A Joia de Meggernie

Depois do ataque ao Meggernie, o lar de Willow MacGregor, o único caminho que fica adiante da jovem é o da vingança. 

Se para isso deve penetrar na fortaleza de seu inimigo e fazer-se passar por quem não é, não duvidará em seguir os ditados de seu coração.
Para o Ewan Campbell, aceitar a um adoentado moço em seu castelo, um que além disso pretende unir-se a sua tropa de soldados, é uma autêntica aberração. Entretanto, o orgulhoso laird do clã Campbell descobrirá que um simples olhar basta para que suas convicções e suas mais arraigadas crenças se cambaleiem.  Sumidos em um desconcerto total de emoções, ambos se darão conta de que o amor se encontra onde menos o esperam, e que seu coração só se acende ante o roce de uma única pele...

Capítulo Um

Desde pequena, todos lhe haviam dito que era o vivo retrato de sua mãe. Para a jovem Willow era toda uma honra que fizessem essa comparação, posto que Erinn MacGregor tinha morrido ao dar a luz e ela não tinha chegado a conhecê-la. 
Saber que, de alguma forma, sua mãe se refletia em seus olhos azuis, no gesto de sua boca ao sorrir, na cor escura de seu comprido e sedoso cabelo, confortava-a. Era um modo de tê-la perto, mesmo que nunca tivesse estado a seu lado; era sua particular e privada maneira de conhecê-la.
Aquele dia, a semelhança entre ambas era mais notório que nunca. Talvez por sua forma de sorrir, ou porque ao fim se intuía, sob aquelas bochechas rosadas, o rosto da mulher em que estava a ponto de converter-se. 
Apesar de que acabava de fazer dezoito anos, resultava evidente que suas feições precisavam amadurecer um pouco mais para alcançar sua expressão definitiva.
Sua velha dama de companhia, Enjoe, cruzou-se com ela pelas escadas e pôde ver quão contente estava sua jovem senhora.
— Aonde vai tão eufórica? — perguntou-lhe.
— Tio Gilmer mandou me chamar. Quer dar meu presente de aniversário.
A anciã lhe sorriu com ternura. Não eram bons tempos, e qualquer detalhe que tingira de cor aqueles dias cinzas em que viviam era bem recebido. A moça tinha poucos motivos para celebrar algo, com seu pai e um de seus irmãos ausentes, convocados à guerra que liberava o rei Robert do Bruce contra os ingleses. A maioria dos soldados MacGregor tinha partido com eles e a jovem tinha ficado ao cargo do Niall, o menor dos gêmeos, que tinha o encargo de custodiá-la e tomar conta do clã enquanto o autêntico laird, seu pai, batalhava contra o inimigo.
Ao chegar no grande salão Willow comprovou que seu tio já estava ali, sentado na cabeceira da larga mesa enquanto sua ama de chaves, Rhona, servia-lhe uma taça de vinho. A mulher levantou a vista e lhe dedicou um sorriso sincero. Encaminhou-se para ela e lhe falou antes de retirar-se.
— Hoje está de muito bom humor. Acredito que o presente excita mais a ele que a você. — Sussurrou isso com cumplicidade.
Willow lhe devolveu o sorriso, encantada. Rhona sempre lhe tinha gostado, era uma mulher atenta e carinhosa que levava a cargo do Landon Tower desde que tinha memória. As más línguas diziam que tanta entrega e dedicação em seu trabalho se devia a que estava apaixonada em segredo pelo senhor daquele castelo. Willow não via nada de mau nisso, justamente o contrário. Tio Gilmer não se casou nunca e, se Rhona tinha decidido amá-lo, não fazia mal a ninguém.
— Me alegro de que esteja feliz. — Respondeu ela, apertando uma das mãos da ama de chaves com carinho. — Nós todos faremos que volte a ser o homem que era.
Uma sombra de tristeza cruzou então pelo rosto da mulher.
— Será complicado, minha senhora. Ninguém volta a ser a mesma pessoa quando os dentes desta guerra cruel lhe remoem o coração.
Willow tragou com dificuldade o nó que lhe tinha formado na garganta ao escutar seu tom. Não era apenas pela desgraça que tinha sofrido tio Gilmer. O único filho de Rhona, de apenas dezesseis anos, tinha morrido em batalha defendendo a causa do rei Bruce. Abraçou-a em um gesto espontâneo, sem saber de que outra maneira lhe transmitir o muito que lamentava sua perda. Willow não podia imaginar-se sua angústia e sua dor, e quis reconfortá-la.
— Sinto-o tanto... Tinha muita admiração ao Connor, era um moço muito valente. — Murmurou enquanto a abraçava.
Rhona se mostrou sobressaltada pela demonstração de carinho e permaneceu muito rígida até que Willow se afastou.
— Era valente e o melhor dos filhos. — Corroborou, com os olhos lacrimejados. Depois, os limpou com um par de tapas e compôs de novo seu amável sorriso. — Mas hoje não terá que falar de penas, mas sim de alegrias. Seu tio já deve estar impaciente para lhe dar o presente que preparou com tanto entusiasmo. Deixo-lhe com ele.
Dito isso, continuou seu caminho e Willow ficou a sós com o senhor do Landon Tower.
— Vamos, te aproxime, tantas coisas tem que falar com a Rhona? — Chamou-a.
— Já vou.
Enquanto se aproximava, a excitação por descobrir qual seria seu presente apagou toda preocupação de sua mente por uns instantes. Não tinha sido um bom ano; muitas ausências e muitas penas para desfrutar de seu aniversário. Somente por isso, não poderia agradecer mais o cuidado que tinha tido tio Gilmer com ela.
Sentou-se ao seu lado, incapaz de manter a compostura. Os dedos lhe tremiam de emoção e seus olhos contemplaram com deleite o tamanho e a forma daquele enorme pacote envolto com um tecido de linho branco, adornado com uma cinta carmesim que o rodeava com uma perfeita laçada. Gilmer o empurrou para ela com sua única mão. 
Willow tratou de não dirigir o olhar ao outro braço, onde um coto substituía a extremidade que tinha perdido no campo de batalha.
Aquela era a causa de que Niall e ela tinham abandonado Meggernie, seu lar, e se encontravam em Landon Tower, a fortaleza de seu tio. Ambos o queriam muito para deixá-lo sozinho em um momento assim e, tal e como lhe tinha confessado a Rhona momentos antes, Willow esperava que sua presença servisse para que o guerreiro voltasse a ser o homem que conheciam, apesar de que aquela desgraça lhe marcaria para sempre.
Na realidade, Gilmer Graham não era seu tio de sangue. Era amigo de seu pai desde que tinha uso de razão e, tanto para ela como para seus irmãos, era mais um da família. 
Quando lhe cortaram a mão na batalha da retomada da ilha do Man, o rei Bruce o liberou da obrigação de lutar contra os ingleses. 
Para o guerreiro, sua mutilação e sua posterior licença do exército escocês tinha suposto um duro golpe. Quando Niall e Willow receberam a má notícia, acudiram ao Landon Tower dispostos a lhe dar todo seu apoio.
Niall o compreendeu muito melhor que ela, posto que o moço tinha sido excluído da batalha só porque Malcom, seu irmão gêmeo, tinha aparecido a cabeça ao mundo dois minutos antes que ele. Willow sabia que Niall desejava ir à frente junto a seu pai e servir ao rei Bruce como outros muitos jovens, e estava convencida de que se ela não existisse, seu irmão teria podido cumprir com os ditados de sua honra e patriotismo.
— Não vais abrí-lo?








Saga Irmãos MacGregor
1- A Joia de Meggernie
Série concluída