Série Deed
Essa não foi sua primeira opção, mas a escocesa Seonaid Dunbar
— Que foi educada como um guerreiro sob a tutela de seu pai, ao igual de seu irmão
— Prefere vestir o hábito antes de matar Blake Sherwell com sua espada, que é o que vai fazer se a obrigarem a casar-se com ele.
Não... Ela não caminhará submissa para o altar, nem jurará obediência a esse homem a quem a corte inglesa chama “Anjo”.
O cabelo dourado e os olhos azuis não demonstram a valentia de nenhum homem. Além disso, na Inglaterra não existe nada parecido aos anjos... Só há demônios, e existem muitas formas de evitar um pretendente vindo do inferno, embora tivesse sido o próprio rei Henry o que ordenou o casamento.
Não, a futura condessa de Sherwell não ficará bordando no castelo à espera de que seu marido chegue, como Blake pensa que fará.
Ela escapará da sua fortaleza e preparará seu plano de defesa.
Espadas e beijos... Esta guerra requer todas as armas disponíveis e a perseguição está a ponto de começar.
Capítulo Um
—Como é ela?
Rolfe ignorou a pergunta. Tinham chegado ao topo da colina e Dunbar apareceu diante sua visão. Suspirou com alívio. O castelo simbolizava o final da triste tarefa que levava sobre seus ombros, um final que gostaria de ver.
Embora leal ao rei, começava a pensar que Ricardo II estava perdendo a cabeça. Rolfe Kenwick, barão de Kenwickshire, não era nenhum Cupido, mas se tinha visto obrigado a arranjar dois casamentos, estava encarregado de um terceiro nesse momento, e sem dúvida alguma o encomendariam outro a sua volta a Corte. Se retornasse a Corte, pensou com tristeza.
Seria mais útil para Ricardo em outras tarefas.
Havia muitas coisas melhores nas quais poderia empregar seu tempo que dedicando-o a arranjar matrimônios e a perseguir noivos que não estavam dispostos a casar-se. E este noivo, realmente, não estava desejoso de fazê-lo.
Teria sido mais sensato enviar um dos mensageiros do rei para procurar Blake, com a ordem de que viajasse para Dunbar. Certamente teria sido mais fácil. Ao menos, não teria passado a escutar os contínuos protestos de Blake, nem sofrer tantos absurdos atrasos. Tampouco teria tido que responder às incessantes perguntas de Blake a respeito da beleza e disposição de sua prometida, nem se teria visto obrigado a mentir nos dois casos.
Rolfe levantou a mão para fazer um sinal às duas longas filas de homens de armas que os seguiam.
A bandeira do rei foi levantada imediatamente para fazê-la mais visível aos homens que prestavam serviço de guarda nas muralhas.
—Como é ela? — Voltou a perguntar Blake, dirigindo nervosamente o olhar para o castelo que se via no horizonte.
Rolfe se voltou finalmente e olhou o guerreiro forte e loiro que estava a seu lado. Blake Sherwell, herdeiro do conde de Sherwell, um dos senhores mais enriquecidos do reino. As mulheres da Corte o chamavam de o “Anjo”. O nome o fazia justiça.
Tinha sido abençoado com a aparência de um anjo; não porque tivesse a doce inocência de um querubim, mas sim porque possuía as feições fortes, limpas e puras de um dos guerreiros do céu. Seus olhos eram tão azuis quanto o próprio firmamento, seu nariz aquilino.
O rosto era de uma vez fino e duro, e a formosa cabeleira caía sobre os ombros formando cachos dourados e brilhantes. Media pouco mais de um metro e oitenta, seus ombros eram largos e musculosos, o porte fino e as pernas longas e endurecidas pelos anos passados a cavalo. Inclusive Rolfe teve que admitir que a aparência daquele homem era assombrosa. Desgraçadamente, Blake também tinha sido abençoado com uma língua tão doce como o mel; as palavras ternas brotavam de sua boca como gotas de orvalho sobre uma pétala de rosa, habilidade que utilizava para fazer méritos com as damas.
Dizia-se que teria sido capaz de convencer a Santa Inês de que se fosse à cama com ele se tivessem vivido na mesma época. Esta era a razão pela qual os homens, geralmente, ao referir-se a ele diziam que era “o próprio diabo”. As mulheres de muitos deles tinham sucumbido a seus encantos.
—Como ela é?
Série Deed
1 - Fato Consumado
2 - A Chave
3 - A Perseguição
Série Concluída