Para a sociedade vitoriana, com seus senhores e jogos de poder, a perspectiva era diferente: um homem muito orgulhoso, tenaz, um tanto arrogante e, acima de tudo, um grande incômodo para os nobres que estavam ansiosos para manter seus crimes e pecados escondidos sob os tapetes de suas mansões.
A verdade é que o detetive Lennox estava raramente errado em seus palpites, e aquele que pressionava seu peito e previa um resultado fatal não tinha nada a ver com questões profissionais. Ou não? Olivia Evans, esse era o nome dela, e embora fosse considerada a heroína do submundo, a justiceira dos humildes, para ele ela não passava de sua inimiga.
Suicídios que não são suicídios. Segredos que não devem ser revelados. Extorsão. E no meio de tudo isso, uma linda e inteligente investigadora particular, decidida a cruzar seu caminho só para colocar em xeque todos os preceitos estabelecidos… quem disse que não se pode misturar trabalho e prazer?
Capítulo Um
Inglaterra, 1876.
Ele gostava de casos encerrados. Quase podia aspirar o aroma de papéis, fios e tinta. Sentir o rangido da última gaveta do arquivo e o som da chave ao girar após abrigar uma nova pasta em seu interior. Caso Alisson Pete.
A fachada da casa da família Liebe era branca, com a porta vermelha e pequenos ramalhetes de flores nas janelas. Nada parecia indicar que seus habitantes estivessem envolvidos em um caso com a Scotland Yard, muito menos, em uma conspiração. Os culpados não tiveram sorte — se tivessem sido designados a Cam Busche ou a Sean McLie como detetives, teriam escapado. Mas o departamento decidiu que o suposto roubo de uma joia por parte da preceptora fosse parar nas mãos do cão farejador mais astuto das forças: Archibald Lennox.
O detetive Lennox soube de duas coisas no exato momento em que se envolveu. A preceptora não era culpada e... e aquele caso lhe traria mil dores de cabeça.
Bateram à porta, a governanta os fez entrar imediatamente. Já os conhecia de visitas anteriores; junto com Noah Goldin, parceiro de Lennox, haviam visitado a casa dos Liebe com frequência nos últimos dias.
— A senhora Liebe os espera — disse a mulher, enquanto lhes indicava o caminho até a sala, com a cortesia própria de sua função. Os Liebe não eram nobres, mas mantinham relações próximas com a nobreza, ninguém queria um escândalo, e seu chefe já havia deixado isso bem claro. Às vezes, para não dizer quase sempre, a verdade era escandalosa.
— Senhora Liebe — Archie tirou o chapéu e fez uma leve inclinação em sinal de saudação—, obrigado por nos receber. São apenas os últimos detalhes.
— Assim espero. — Os dentes da mulher rangeram. À governanta bastou um olhar para encher a xícara de sua senhora, e a dama, sem se preocupar com aparências, acrescentou algumas gotas de conhaque à infusão.
Os detetives não a julgaram, nem pelo álcool, nem pela ausência de convite para se juntarem a ela.
— Acho que não tenho mais o que dizer, tudo isso é extremamente humilhante e... — Afogou o resto das palavras na bebida.
— Eu entendo. — Archie deu um passo à frente, não lhe ofereceram assento.
Tirou seu caderninho—. Meu assistente e eu precisamos de seu depoimento para encerrar o caso. Sabemos que é repetitivo, mas é importante para que os culpados não fiquem impunes.
O riso amargo da mulher lhe causou pena. Noah, às suas costas, sentiu o mesmo.
— Sei que apenas um deles pagará, e não será o mais culpado. — Soltou o ar dos pulmões, e uma lágrima escapou do canto do olho direito. A senhora Liebe se apressou em secá-la, não queria parecer fraca ou abatida, nem que seu choro fosse considerado mais do que raiva e humilhação.
— Se tenho que repetir minhas palavras, preferiria… preferiria fazê-lo diante de sua assistente, se não se importar.
— Claro que não… — Archie entendia. Com sua altura superior a um metro e oitenta, cabelos escuros com apenas alguns fios grisalhos nas têmporas e um olhar penetrante de olhos negros que parecia analisar tudo, ele era bastante intimidador. Às vezes, essa era uma excelente qualidade — especialmente diante de culpados. Quando se tratava de vítimas indefesas, Noah despertava mais confiança.
— O inspetor Goldin…
A verdade é que o detetive Lennox estava raramente errado em seus palpites, e aquele que pressionava seu peito e previa um resultado fatal não tinha nada a ver com questões profissionais. Ou não? Olivia Evans, esse era o nome dela, e embora fosse considerada a heroína do submundo, a justiceira dos humildes, para ele ela não passava de sua inimiga.
Suicídios que não são suicídios. Segredos que não devem ser revelados. Extorsão. E no meio de tudo isso, uma linda e inteligente investigadora particular, decidida a cruzar seu caminho só para colocar em xeque todos os preceitos estabelecidos… quem disse que não se pode misturar trabalho e prazer?
Capítulo Um
Inglaterra, 1876.
Ele gostava de casos encerrados. Quase podia aspirar o aroma de papéis, fios e tinta. Sentir o rangido da última gaveta do arquivo e o som da chave ao girar após abrigar uma nova pasta em seu interior. Caso Alisson Pete.
A fachada da casa da família Liebe era branca, com a porta vermelha e pequenos ramalhetes de flores nas janelas. Nada parecia indicar que seus habitantes estivessem envolvidos em um caso com a Scotland Yard, muito menos, em uma conspiração. Os culpados não tiveram sorte — se tivessem sido designados a Cam Busche ou a Sean McLie como detetives, teriam escapado. Mas o departamento decidiu que o suposto roubo de uma joia por parte da preceptora fosse parar nas mãos do cão farejador mais astuto das forças: Archibald Lennox.
O detetive Lennox soube de duas coisas no exato momento em que se envolveu. A preceptora não era culpada e... e aquele caso lhe traria mil dores de cabeça.
Bateram à porta, a governanta os fez entrar imediatamente. Já os conhecia de visitas anteriores; junto com Noah Goldin, parceiro de Lennox, haviam visitado a casa dos Liebe com frequência nos últimos dias.
— A senhora Liebe os espera — disse a mulher, enquanto lhes indicava o caminho até a sala, com a cortesia própria de sua função. Os Liebe não eram nobres, mas mantinham relações próximas com a nobreza, ninguém queria um escândalo, e seu chefe já havia deixado isso bem claro. Às vezes, para não dizer quase sempre, a verdade era escandalosa.
— Senhora Liebe — Archie tirou o chapéu e fez uma leve inclinação em sinal de saudação—, obrigado por nos receber. São apenas os últimos detalhes.
— Assim espero. — Os dentes da mulher rangeram. À governanta bastou um olhar para encher a xícara de sua senhora, e a dama, sem se preocupar com aparências, acrescentou algumas gotas de conhaque à infusão.
Os detetives não a julgaram, nem pelo álcool, nem pela ausência de convite para se juntarem a ela.
— Acho que não tenho mais o que dizer, tudo isso é extremamente humilhante e... — Afogou o resto das palavras na bebida.
— Eu entendo. — Archie deu um passo à frente, não lhe ofereceram assento.
Tirou seu caderninho—. Meu assistente e eu precisamos de seu depoimento para encerrar o caso. Sabemos que é repetitivo, mas é importante para que os culpados não fiquem impunes.
O riso amargo da mulher lhe causou pena. Noah, às suas costas, sentiu o mesmo.
— Sei que apenas um deles pagará, e não será o mais culpado. — Soltou o ar dos pulmões, e uma lágrima escapou do canto do olho direito. A senhora Liebe se apressou em secá-la, não queria parecer fraca ou abatida, nem que seu choro fosse considerado mais do que raiva e humilhação.
— Se tenho que repetir minhas palavras, preferiria… preferiria fazê-lo diante de sua assistente, se não se importar.
— Claro que não… — Archie entendia. Com sua altura superior a um metro e oitenta, cabelos escuros com apenas alguns fios grisalhos nas têmporas e um olhar penetrante de olhos negros que parecia analisar tudo, ele era bastante intimidador. Às vezes, essa era uma excelente qualidade — especialmente diante de culpados. Quando se tratava de vítimas indefesas, Noah despertava mais confiança.
— O inspetor Goldin…
— Oh, não… Refiro-me à sua assistente mulher, dado o caráter feminino da questão…

Série Família Evans
1-A Falsa Preceptora
Série Família Evans
1-A Falsa Preceptora
2- Coração do Capitão
3- A fraqueza de Archie