As pressões fizeram com que Robert tivesse que se casasse imediatamente e, apesar de preferir escolher uma mulher que apreciasse, não estava disposto a prolongar a situação.
Annabelle sabia que Robert não gostaria de casar com ela, ainda mais se tivesse conhecimento de seus segredos, mas ela não tinha nada a perder, assim como provocar um escândalo?
Seria o conde de Dain tão diferente dos outros homens?
Capítulo Um
Londres, finais de maio de 1851
O verão tinha chegado muito cedo. Um calor impróprio da época castigava Londres, convertendo as ruas em desertos no meio da tarde e os vendedores de gelo em homens afortunados.
Para desgraça de Annabelle Weymouth, o ritmo da temporada social não se viu reduzido nem um pouco. As aristocratas não iam deixar que algo tão vulgar como o clima interferisse em seus planos.
Incomodada, agitou-se de novo, fazendo que a delicada cadeira de salão rangesse sob seu peso. Como se sua feminilidade necessitasse outro insulto!
Já suava como um camponês ao sol e o lenço que passava uma e outra vez pela fronte não conseguia aliviá-la absolutamente.
Desejou ter atendido a sua mãe por essa vez. A viscondessa viúva lhe tinha ordenado levar um leque e, em um estúpido ato de rebeldia, tinha-o esquecido de propósito em cima da cama.
Arrependia-se desde que tinha posto os pés no abarrotado salão de baile.
A orquestra, oculta por uma série de adornos florais bem dispostos, tocava naquele momento uma peça animada. Os assentos para as damas tinham sido colocados junto às paredes, do outro lado do salão.
O baile tinha sido anunciado sem jantar seguindo a moda francesa, mas apesar disso garçons uniformizados circulavam entre os convidados com bandejas de aperitivos e bebidas.
Sobre eles flutuavam centenas de velas acesas que outorgavam ao ambiente uma iluminação cálida. Ou, ao menos, essa devia ter sido a intenção da anfitriã. Certamente a boa mulher não tinha contado com que o calor das chamas, somado ao da multidão, converteria sua festa em um coquetel às portas do inferno.
Annabelle contemplava o animado salão com a mesma emoção a que assistiria a uma sessão do parlamento.
Levava várias horas naquele tedioso evento e o único bem que tinha conseguido, era perder de vista sua mãe. E, sem dúvida, a viscondessa não demoraria para voltar, arrastando atrás dela algum avoado jovem com a ideia de apresentar-lhe.
Como se após quatro fatídicas temporadas sociais Annabelle não conhecesse já todos e cada um dos filhos e filhas, primos, sobrinhos, cunhados e plantas de jardim de todas as famílias aristocráticas do país.
A ponto de completar vinte e quatro anos, não entendia como podia sua mãe manter viva a esperança. De verdade acreditava que encontraria marido? Era tão absurdo que, se fazê-lo não fosse arriscar-se a horas de recriminações maternas, riria.
Durante suas duas primeiras temporadas tinha sido convidada a muitos eventos, dançava com regularidade e tinha feito muitos amigos. Mas, depois da terceira, só algumas anfitriãs especialmente boas lhe conseguiam par.
Durante o mês que transcorria desde o início de sua quarta — e, esperava, última — temporada social, não tinha obtido nenhum convite para dançar.
De fato, se fosse sincera consigo mesma, nem sequer tinha sido olhada com interesse por algum cavalheiro, tornando-se invisível por vários momentos.
Depois de quatro anos exibindo-se como um cavalo bem treinado na
feira, sem conseguir uma só proposta de matrimônio, não entendia o que esperava sua mãe que acontecesse. Estavam gastando um dinheiro que não tinham, ao manter um nível de vida que não ia contribuir-lhes em nada.
Deteve seus pensamentos antes que estes deslizassem naquela direção. Uma dama jamais pensava em dinheiro. Claro que uma dama, supunha Annabelle, tinha tanto dinheiro que não sentia a necessidade de pensar nisso, além de um pai, um irmão ou um marido que se encarregasse de lutar com aquela questão tão mundana.
O que demonstrava que havia muito pouco de verdadeira dama nela.
Desejou ter atendido a sua mãe por essa vez. A viscondessa viúva lhe tinha ordenado levar um leque e, em um estúpido ato de rebeldia, tinha-o esquecido de propósito em cima da cama.
Arrependia-se desde que tinha posto os pés no abarrotado salão de baile.
A orquestra, oculta por uma série de adornos florais bem dispostos, tocava naquele momento uma peça animada. Os assentos para as damas tinham sido colocados junto às paredes, do outro lado do salão.
O baile tinha sido anunciado sem jantar seguindo a moda francesa, mas apesar disso garçons uniformizados circulavam entre os convidados com bandejas de aperitivos e bebidas.
Sobre eles flutuavam centenas de velas acesas que outorgavam ao ambiente uma iluminação cálida. Ou, ao menos, essa devia ter sido a intenção da anfitriã. Certamente a boa mulher não tinha contado com que o calor das chamas, somado ao da multidão, converteria sua festa em um coquetel às portas do inferno.
Annabelle contemplava o animado salão com a mesma emoção a que assistiria a uma sessão do parlamento.
Levava várias horas naquele tedioso evento e o único bem que tinha conseguido, era perder de vista sua mãe. E, sem dúvida, a viscondessa não demoraria para voltar, arrastando atrás dela algum avoado jovem com a ideia de apresentar-lhe.
Como se após quatro fatídicas temporadas sociais Annabelle não conhecesse já todos e cada um dos filhos e filhas, primos, sobrinhos, cunhados e plantas de jardim de todas as famílias aristocráticas do país.
A ponto de completar vinte e quatro anos, não entendia como podia sua mãe manter viva a esperança. De verdade acreditava que encontraria marido? Era tão absurdo que, se fazê-lo não fosse arriscar-se a horas de recriminações maternas, riria.
Durante suas duas primeiras temporadas tinha sido convidada a muitos eventos, dançava com regularidade e tinha feito muitos amigos. Mas, depois da terceira, só algumas anfitriãs especialmente boas lhe conseguiam par.
Durante o mês que transcorria desde o início de sua quarta — e, esperava, última — temporada social, não tinha obtido nenhum convite para dançar.
De fato, se fosse sincera consigo mesma, nem sequer tinha sido olhada com interesse por algum cavalheiro, tornando-se invisível por vários momentos.
Depois de quatro anos exibindo-se como um cavalo bem treinado na
feira, sem conseguir uma só proposta de matrimônio, não entendia o que esperava sua mãe que acontecesse. Estavam gastando um dinheiro que não tinham, ao manter um nível de vida que não ia contribuir-lhes em nada.
Deteve seus pensamentos antes que estes deslizassem naquela direção. Uma dama jamais pensava em dinheiro. Claro que uma dama, supunha Annabelle, tinha tanto dinheiro que não sentia a necessidade de pensar nisso, além de um pai, um irmão ou um marido que se encarregasse de lutar com aquela questão tão mundana.
O que demonstrava que havia muito pouco de verdadeira dama nela.