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13 de setembro de 2011

Alana, A Bruxa



Inglaterra, 1066

A bruxa e o guerreiro...

Filha ilegítima do lorde da Fortaleza de Brynwald, Alana foi criada na floresta, reverenciada e temida como a curandeira do vilarejo.
Alana resiste como pode aos brutais invasores normandos e corajosamente enfrenta seu líder, Merrick de Normandia, porém logo se vê à mercê do poderoso guerreiro, que faz dela sua prisioneira...
Orgulhoso e possessivo, Merrick reluta em reconhecer a crescente atração que sente pela atrevida Alana, mas por mais que ela tente escapar ou o desafie com palavras cortantes e um comportamento indiferente, ele sempre consegue trazê-la de volta aos seus braços.
Pouco a pouco, a disputa e o rancor se transformam em uma paixão incontrolável, e quando a traição e a intriga levam Alana a ser capturada por malvados saqueadores dinamarqueses, Merrick sabe que fará o possível e o impossível para salvar e resgatar a dona do seu coração...

Capítulo Um

Tudo ao redor havia enegrecido. Parecia ainda mais negro que as profundezas do inferno. Sombras disformes se moviam a esmo e tentavam agarrá-la com longos dedos agourentos.
Ela sentiu... alguma coisa. Algo demoníaco.
Uma nítida sensação de perigo, tão pesada e espessa quanto as sombras, pairava no ar.
O vento soprava sua fúria.
Raios cruzavam o céu, labaredas de luzes avermelhadas.
O trovão reverberou, fazendo o solo estremecer sob os pés dela.
Gigantescas poças de sangue emergiam na terra. O ar estava empestado com o forte odor de sangue coagulado e destruição.
Desesperada, ela corria. Seu coração batia freneticamente.
Passos a perseguiam.
Corria às cegas, cercada pela escuridão, dominada pelo perigo.
Sombras monstruosas a espreitavam. O espectro da morte perscrutava. Aproximava-se tanto que ela mal conse¬guia respirar...
Mas de repente emergiu um vulto.
Das sombras eles vieram... Homem e animal. Cavaleiro e corcel.
De espada em punho e coberto pela armadura, ele galopava sobre o grande cavalo negro. Não tinha rosto, uma vez que seus traços se escondiam atrás do elmo.
No céu, os raios luminosos maculavam a negritude; era como se o homem se fundisse à prata.
Lentamente ele ergueu o elmo.
Em choque, ela prendeu a respiração.
A pálida expressão do cavaleiro mostrou-se tão fria quanto gelo.
Atingiu-a tal qual uma punhalada. Então, vagarosamente ele ergueu a espada.
A arma, apontada para o céu, rasgou o ar em direção ao peito dela...
— Alana! Por Deus, menina, o que você tem? Se não parar de gritar, certamente vai despertar sua falecida mãe!
A voz masculina soou familiar. Agoniada, Alana de Brynwald, ao emergir da escuridão, virou-se para aquele som.
Acordou trêmula, engolindo a vontade de emitir mais um berro de pavor.
Por um instante, viu-se desorientada, com o rosto sobre a enxerga de palha e a manta fina de lã cobrindo-lhe o corpo até o queixo.
Aos poucos, percebeu os sons e as imagens de seu entorno.
A realidade se instalava. Somente então o terror começou a dissipar.
Lá estava ela na pequena cabana onde passara a infância e se tornara mulher.
A luz tépida penetrava pela única janela, permitindo-lhe enxergar o rosto do homem de barba gri¬salha a seu lado.
Alana soltou um suspiro trêmulo. Nenhuma espada lhe cravava o peito.
Nenhum cavaleiro negro pretendia matá-la. Estava viva... viva.
Mas o sonho pavoroso havia se repetido.
Aubrey mudou de posição e gemeu ao sentir dor.
Sob a lã puída de sua túnica, os ombros ossudos arqueavam.
Os cabelos eram tão cinzentos quanto a barba.
As linhas profundas que definiam o rosto envelhecido condiziam com o olhar preocupado.
— Você me assustou, menina. Escutei seus berros de minha cabana.
Alana nada disse.
Jogou a manta de lado e se ajoelhou sobre a terra úmida.
Ainda especulativo, Aubrey a observava.
Alana jogou para trás os cabelos longos e tão dourados quanto ouro.
Havia aprendido a não mencionar esses sonhos estranhos que a assombravam na calada da noite.
Ela se tornara motivo de escárnio e chacotas dos aldeões, que não perdiam oportunidade de ridicularizá-la.
Mas Aubrey não era como os outros aldeões.
Mesmo agora, apesar da idade avançada, todos o consideravam o melhor curtidor de peles do sul de Humber.
E, de fato, com a morte de sua mãe, Edwyna, Alana amava o bom homem mais que a própria irmã.
Tal qual Edwyna, Aubrey não escarnecia as estranhas visões que a perseguiam desde a infância.
Quase tudo havia acontecido.
Porém, algo a impedia de falar livremente a respeito. Como poderia contar a ele?
Ciente de que Aubrey ainda a observava, Alana abaixou o olhar.
Já havia tido sonhos tanto durante o dia quanto à noite.
Com desconhecidos. Com os aldeões.
Mas nunca sonhara consigo mesma. E sabia que jamais temera pela própria vida...

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