Série The L'Eau Clair Chronicles
Os Dons Daquela Mulher Isolavam-na Do Mundo Dos Homens...
Fronteira da Inglaterra com o País de Gales, 1215.
Swen Siwardson jurara manter Anna de Limoges a salvo. Ainda assim, o decreto da Igreja de que ela deveria permanecer inocente parecia um pecado contra a natureza, pois a bela artesã era uma mulher feita para ser amada.
Particularmente por ele!
Anna de Limoges nunca conhecera alguém como Swen Siwardson. Guerreiro forte e sincero, ali estava um homem de paixões e segredos que pedia apenas para ser seu amigo. Mas será que não percebia que Anna pagaria qualquer preço para se tornar mais do que uma amiga para o honrado Swen?
Prólogo
Ele permanecera naquele lugar por tempo demais.
Com o coração pulsando violentamente no peito, a respiração ofegante, Swen despertara de repente em sua cama. Agora, deitado de costas, mantinha o olhar fixo no teto obscurecido pela noite.
Não conseguia, porém, apagar as imagens evocadas em seu sonho por sua mente traiçoeira.
Passado, presente...
Futuro?
Ele fechou os olhos com força, mas, ainda assim, as visões que tivera continuaram a atormentá-lo.
Ficou deitado ali, os olhos abertos, enquanto as horríveis cenas se repetiam em sua mente contra sua vontade. Como as odiava... e a si mesmo... por não conseguir fazê-las desaparecer para sempre, por ser incapaz de intervir na crueldade do destino.
Teria conquistado uma nova vida para si mesmo... encontrado um lugar onde era respeitado, amigos a quem estimava mais do que sua própria família... apenas para perder tudo o que valorizava mais uma vez? As imagens se desvaneceram. Apesar do cansaço e do opressivo senso de perda que o dominavam, Swen levantou-se da cama e começou a se vestir.
A única maneira de escapar daquela maldição era fugir para mais longe, mais depressa, nunca permitindo que suas emoções o alcançassem.
Com os olhos ardendo, fitou a escuridão.
Sozinho. Fugindo a vida toda...
Por que acreditara que algum dia conseguiria parar?
Capítulo Um
Fronteira da Inglaterra com o País de Gales - Outono de 1215
Anna aceitou a ajuda do membro da guarda e montou de lado no cavalo castanho, dirigindo um sorriso agradecido ao solícito rapaz, apesar de seu próprio desconforto. Afinal, não era o culpado por ela ter passado a odiar o animal arisco que haviam lhe dado para a jornada. Aliás, teria sido a mesma coisa se a houvessem montado no mais dócil cavalo. Ao longo dos anos, costumara deixar vários animais agitados com a sua simples presença. Era algo que tornava aquelas ocasionais viagens um transtorno.
Se ao menos sua oficina ficasse mais próxima à abadia, poderia ter ido caminhando quando padre Michael mandara chamá-la, em vez de ter enfrentado um dia inteiro de viagem rodeada por uma guarda montada. Era tanto tempo perdido, longe de seu trabalho... um tempo que mal podia desperdiçar. Ainda assim, o abade lhe pedia mais, sempre mais, em suas vãs tentativas de satisfazer o patrono mais eminente da abadia, o rei João.
Do alto da montaria, Anna lançou um último olhar por sobre o ombro para a abadia que começava a ficar para trás. O sol brilhante da manhã fazia com que as pedras cinzentas da abadia de Santo Estevão de Murat cintilassem, como se estivessem envoltas por uma aura celestial.
Embora ela apreciasse a beleza do lugar, também sabia que aquele era exatamente o efeito desejado pela ordem religiosa.
O Paraíso na terra... Com Sua Eminência, o Papa Inocêncio, como seu rei.
E Anna de Limoges como a leal serva da Igreja.
Seus lábios curvaram-se num sorriso irônico, enquanto instigava ligeiramente o cavalo a prosseguir. Sabia melhor do que ninguém quão calculista até mesmo padre Michael, o mais gentil dos homens, podia ser.
Não era diferente de nenhum outro clérigo nesse aspecto.
Ainda assim, como ela podia reclamar, quando eles lhe permitiam que praticasse sua arte?
Uma vez que haviam seguido pela estrada que conduzia de volta para casa por algum tempo, Anna e sua montaria chegaram a um entendimento razoável, o que permitiu a ela concentrar-se em coisas mais importantes. A forma que imaginou para a pequena caixa de ouro que o abade acabara de lhe encomendar, para servir de recipiente à última aquisição dele... uma genuína lasca da Cruz Sagrada, segundo afirmara... ainda não parecia totalmente adequada, embora ela ainda não tivesse descoberto o que a incomodava a esse respeito. Havia criado muitas relíquias ao longo dos anos, mas aquela... Teria que fazê-la diferente das demais, algo único, especial... o receptáculo perfeito para um objeto tão sagrado.
O presente perfeito para o rei João.
Se ao menos padre Michael tivesse lhe permitido tocar a lasca da Santa Cruz...
Série The L'Eau Clair Chronicles
1 - Amor Secreto
2 - Coração de Guerreiro
3 - O Coração do Dragão
4 - A Sombra do Pecado
5 - Amor Predestinado
6 - Noiva da Torre
7 - A Honra de uma Dama
Série Concluída