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31 de julho de 2009

Amor Secreto

Série The L'Eau Clair Chronicles
Um amor para ser lembrado...

Inglaterra, 1213

Lady Gillian L’Eau Clair jamais esqueceria o amor compartilhado com Rannulf FitzClifford apesar de ele ter desaparecido repentinamente, deixando apenas uma mensagem enigmática, rabiscada no contrato de noivado.
Mas, quatro anos depois, Rannulf voltou, fingindo que o passado não existira. Gillian não queria se envolver novamente com aquele homem. 
E não devia lhe revelar um segredo, havia muito tempo guardado.Porém, seu coração batia mais forte cada vez que olhava para ele.Uma coisa não podia negar a si mesma: apesar do que lhe havia feito, Rannulf FitzClifford teria sempre seu coração.

Capítulo Um

Rannulf caminhava pelas ruas escuras de Londres, tomando cuidado para não pi­sar nas repulsivas poças de água, reconhecidas mais facilmente pelo mau cheiro exalado do que vistas sob o luar fraco.
Teria preferido esperar até o amanhecer para atender o chamado de seu senhor feudal, mas a julgar pela mensagem recebida tão logo chegara à ci­dade, Lorde Nicholas não estava disposto a aguardá-lo por mais tempo.
Ele havia conseguido esquivar-se de encontros com Nicholas Talbot durante quase dois anos, mandando seus homens, sob o comando de seu tenente, todas as vezes que Talbot havia lhe requisitado a ajuda. Servira ao tio de Talbot, o anterior Lorde de Ashby, tempo suficiente para descobrir que não desejava lidar com outro membro da família caso pudesse evitar.
Passou as mãos nos cabelos ainda úmidos ao parar diante da casa mercantil, de aspecto próspero, que Talbot tinha alugado para acomodar sua tropa. Não havia che­gado tarde demais, Rannulf percebeu, pois ainda se viam luzes nas frestas das venezianas. Já era mais do que tempo para descobrir se esse Talbot pertencia ao mesmo ramo da árvore retorcida do qual o tio fizera parte.
O criado que lhe abriu a porta, levou-o por entre os alojamentos, instalados no andar térreo, onde homens jogavam dados e bebiam cerveja, até uma escada no fundo do aposento. Após subirem um lance, o lacaio afas­tou uma cortina, revelando a passagem para um salão.
Enquanto fazia um gesto para Rannulf entrar, anunciou:
– Lorde Rannulf FitzClifford, meu senhor.
O homem alto que se levantou de uma cadeira de braços entalhados, diante da lareira, e virou-se para ele, tinha aparência tanto de guerreiro quanto de cortesão, combinação perigosa vista com freqüência na corte do Rei John. Rannulf reprimiu um gemido e ig­norou o cansaço provocado pela viagem. Parecia que Lorde William Marshal, o conde de Pembroke, estava certo ao recomendar-lhe precaução na presença de seu senhor feudal. Nicholas Talbot precisava ser vigiado.
Rannulf entrou no aposento e curvou-se.
– Meu senhor.
– FitzClifford. – Talbot apontou-lhe uma cadeira em frente da lareira.
– É um prazer conhecê-lo final­mente. 


Série The L'Eau Clair Chronicles
1 - Amor Secreto
2 - Coração de Guerreiro
3 - O Coração do Dragão
4 - A Sombra do Pecado
5 - Amor Predestinado
6 - A Noiva da Torre
7 - A Honra de uma Dama
Série Concluída

Coração de Guerreiro

Série The L'Eau Clair Chronicles

Aquele fascinante cavaleiro era sua única salvação!

Inglaterra, 1214.

Para lady Catrin, só havia um jeito de escapar de seus impiedosos inimigos: refugiar-se nos braços fortes de Nicholas Talbot, homem cuja simples presença lhe provocava sensações que ela julgara enterradas para sempre.
Mas por trás da bela e nobre figura do lorde Nicholas havia um passado misterioso e uma arrebatadora paixão pela adorável Catrin, mulher que jamais poderia ser sua...

Capítulo Um

Pântanos de Gales
Os cascos dos cavalos chocavam-se contra a trilha pedregosa, o som reverberando na mata envolta em névoa. Catrin ajeitou-se melhor na sela, e o arrepio que lhe percorreu a espinha nada tinha a ver com a umidade fria que a cercava.
Nunca a viagem até L'Eau Clair, o castelo de sua prima Gillian, lhe parecera tão longa ou tão agourenta. Num gesto instintivo, aconchegou o manto ao pescoço. Talvez fosse a impaciência em chegar a responsável por seu nervosismo e não a possibilidade de algum perigo oculto entre as árvores.
Dois soldados de seu irmão Ian cavalgavam a frente e mais dois a seguiam como escolta de proteção. Mas a inquietação deles era evidente e Catrin conseguia ouvir-lhes as preces sussurradas, à medida que avançavam em meio à espessa neblina.
Nunca deveria tê-Ios trazido como escolta, já que eram os menos hábeis dos homens de armas de Ian. Agora receava que a presença deles não fosse suficiente para protegê-la. Um leve ganido chamou-lhe então a atenção, levando-a a deter a égua que montava.
- Venha, Ídris - falou em tom de comando para o magnífico cão de caça que a acompanhava correndo a lado da estrada.
Enquanto ele encostava a cabeça maciça em sua perna Catrin escrutinou as árvores gotejantes.
- Há alguém ali? Vá ver, Ídris.
Depois de esfregar nela o focinho, o animal voltou para a beira da floresta, as orelhas em pé, a cabeça movendo-se de um lado para o outro.
Incitando a montaria, Catrin voltou-se para o garoto, que cavalgava a seu lado. O rosto magro de Padrig aparentava tranqüilidade, embora suas faces estivessem pálidas como cera. Seus olhos azuis examinavam a área em redor com a determinação do guerreiro que um dia esperava ser, servindo como escudeiro do marido de Gillian, lorde Ranulf FitzClifford.
- Talvez devêssemos ter aguardado a volta de Ian - falou Catrin, baixinho.
- Não, milady, não havia necessidade. - Padrig empertigou-se na sela. - Embora a companhia de lord Ian fosse muito bem-vinda, claro...
Apesar das palavras corajosas, a palidez de Padrig mostrava que estava com medo.
Com catorze anos, quase um homem, tinha levado uma vida protegida, até vir para o castelo de lorde Ian. Mas o garoto ansiava por aventuras e pela oportunidade de tornar-se escudeiro de Ranulf com o mesmo ardor do irmão de Catrin naquela idade.
Assim que entraram na floresta, ela tinha se dado conta do erro que cometera ao partir para L'Eau Clair sem a companhia de Ian.
Aos poucos sua preocupação fora aumentando, e só o medo de voltar sobre os próprios passos a fazia prosseguir.Deveria ter se sentido segura com a escolta dos homens de armas do irmão, porque ninguém ousaria desafiar o Dragão, nome pelo qual Ian, o mais valoroso dos cavaleiros do príncipe Llywelyn de Gales, era conhecido.
Mas agora tudo em que conseguia pensar era que não devia ter colocado em risco a segurança de Padrig, nem dos demais, devido à sua impaciência em atender ao chamado de Gillian.Esta daria à luz quando Deus quisesse, com a presença ou não de Catrin.
E provavelmente se sairia muito bem, apesar dos protestos em contrário.
- A senhora pode ficar tranqüila, milady. - Padrig lançou um olhar à espada presa em sua cintura, e depois ergueu os olhos para Catrin, o rosto enrubescido. - Há cinco de nós aqui, o suficiente para protegê-Ia. Não foi o que a senhora disse ao padre Marc, antes de partirmos de Gwal Draig?
Apesar do tato de Padrig, Catrin sentiu o rosto queimar de vergonha. Na verdade, ela havia praticamente gritado aquelas palavras ao sacerdote, que fazia a última e desesperada tentativa de convencê-Ia a esperar pelo irmão. Ian com certeza iria censurar de novo o pobre capelão, ao retornar e descobrir que ela partira sozinha.
Padrig pousou a mão no cabo da espada, dizendo:
- Estou às suas ordens, lady Catrin. Eu a defenderei com minha própria vida, juro.
Ela reprimiu um sorriso diante da bravata do garoto.


Série The L'Eau Clair Chronicles
1 - Amor Secreto
2 - Coração de Guerreiro
3 - O Coração do Dragão
4 - A Sombra do Pecado
5 - Amor Predestinado
6 - Noiva da Torre
7 - A Honra de uma Dama
Série Concluída

O Coração do Dragão

Série The L'Eau Clair Chronicles

Um encontro arrebatador, repleto de paixão e segredos!

Lily estava decidida a descobrir sua verdadeira origem, mas não imaginava que sua busca a levaria aos domínios de Ian ap Dafydd, um homem que a esperava com uma paixão tão selvagem quanto seu próprio nome.
Apelidado de Dragão, famoso por sua valentia quanto pela frieza com que agia, Ian viu sua vida se transformar quando conheceu o olhar enigmático da misteriosa Lily, mulher de passado desconhecido e futuro ainda mais misterioso. Ele sabia que não devia olhar duas vezes para ela... mas seus olhos teimavam em segui-la aonde quer que ela fosse!

Capítulo Um

Gales do Norte, Primavera de 1215
Lily deu um profundo suspirou quando viu o tamanho do obstáculo que se erguia à sua frente. Uma pedra bruta, terrivelmente ameaçadora sob o luar, a muralha que circundava o castelo de Dolwyddelan agigantava-se como uma visão do inferno.
Ela desamarrou o manto e soltou-o no chão. Escondeu-o enrolado ao pé da muralha, juntamente com o saco que continha seus parcos pertences. O vento colava sua túnica na pele arrepiada e a açoitava com a terra solta dos barrancos.
Mas não era o vento que a fazia tremer dentro daquelas roupas estranhas. Não, isso não era nada. Ao longo da maldita trilha encontrara o tempo tão inclemente quanto o humor da abadessa. Também não podia dizer que estava com medo. Era o desespero que a fazia tremer... mas também fora ele que lhe dera força para suportar as últimas semanas, depois que sua mãe morreu. Sem as esporas do desespero a impulsioná-la, jamais teria escapado de seu claustro e, sozinha, ter ido procurar Llywelyn.
E saber tudo o que ele lhe fez.
Lily levou os dedos gelados aos lábios numa tentativa inútil de soprar neles um pouco de vida. Expirando profundamente, empurrou as suas apreensões para o fundo da mente. Era inútil continuar pensando. Tinha de fazer alguma coisa e ponto final. Ela olhou as pedras pontiagudas e, procurando apoio para as mãos e os pés, começou a subir.
Ian estava encostado na parede de braços cruzados. Se ao menos pudesse parar o barulho com a mesma facilidade com que a pedra fria bania o calor do salão lotado... Uma grande festa estava acontecendo no salão de Llywelyn, invadindo a antecâmara e subindo as escadas para a galeria. Vinho, hidromel e cerveja corriam soltos. Sentia-se o cheiro de uísque irlandês nos foliões que passavam em suas trôpegas tentativas de dançar.
Mas Ian estava distante e solitário. Tanto fazia estar entre uma multidão ruidosa ou nas profundezas da floresta. Silencioso e vigilante, já não se espantava com algumas das cenas que presenciava. Em outras épocas estaria entre os foliões, bêbado como todos, mas essas tolices já não o atraíam mais.
Uma mulher cambaleou diante dele; com as saias enroladas nas mãos e erguidas acima dos joelhos, ela expunha suas pernas.
— Quer dançar, milorde? — insinuante, esfregou os seios abundantes nos braços de Ian. Deixando a saia cair, começou a alisar a sua túnica. — Venha, eu lhe ensino! — Seu olhar prometia muito mais do que uma dança.


Série The L'Eau Clair Chronicles
1 - Amor Secreto
2 - Coração de Guerreiro
3 - O Coração do Dragão
4 - A Sombra do Pecado
5 - Amor Predestinado
6 - Noiva da Torre
7 - A Honra de uma Dama
Série Concluída

A Sombra do Pecado

Série The L'Eau Clair Chronicles

Seu Passado à Condenava...

Irlanda, 1215

Ela estava grávida... Mas sua culpa ia bem além disso.
Embora lady Moira FitzGerald tivesse se sacrificado para garantir o bem-estar do seu povo, sabia que agora nenhum homem iria querê-la. Muito menos um nobre como sir Connor FitzClifford... Mesmo assim, seu coração ardia de paixão toda vez que ele se aproximava.
Tendo jurado proteger a Fortaleza Gerald e seus habitantes, Connor FitzClifford não imaginara que tal compromisso fosse redefinir os rumos da sua vida. Aquela promessa o unira não apenas à fortificação sitiada, mas também à enigmática lady Moira, cuja alma era o espelho da sua!

Capítulo Um

Aquele cenário em nada se parecia com o seu lar em FitzClifford.
Do alto do cabo constituído de rochas elevadas que formavam o promontório, Connor admirou a Fortaleza Gerald. Aninhado no topo de uma escarpa, o corpo volumoso da edificação erguia-se sombrio do solo verdejante do litoral da Irlanda, sua torre mais alta assemelhando-se a um punhal encravado no coração da terra.
A seus pés, Connor viu cabanas abandonadas a pontilhar a encosta da elevação, estruturas simples em pedras e turfa prestes a desmoronarem sobre o chão que as tinha gerado. Em pouco tempo, aquela paisagem desapareceria sem deixar traços. Recuando sobre cascalhos em direção à sua inquieta montaria, o nobre suspirou. Aquilo era típico dos normandos: conquistar, arruinar por ódio ou vingança, para depois sugar o sangue vital da população até fazê-la sumir das suas vistas.
Ou da memória do local.
Como sua mãe irlandesa fora aniquilada, sob a guarda do seu pai normando.
De costas para o casario em ruínas, ele baixou o olhar para o mar encapelado, deixando a força emanada daquele cenário natural varrer para longe os pensamentos desagradáveis. O universo real transcorria fora dos limites da sua mente. Pensar não aliviara suas penas, nem as dores daqueles que amava. Pensar não mudara a realidade infernal da vida em FitzClifford.
As atitudes, não os pensamentos, tinham modificado a sim existência.As ações haviam trazido luz à escuridão do seu mundo, mostrando-lhe uma outra maneira de viver.
A duras penas, aprendera muito com os erros do passado e não pretendia repeti-los. Nunca mais alguém iria se referir a Connor FitzClifford como um fraco.
Sacudindo a cabeça com força, encaminhou-se para junto dos seus homens.
O pequeno exército fizera uma pausa num ponto qualquer da estrada sinuosa, a fim de descansar os cavalos antes de completar a última etapa da viagem.
Os soldados colocaram-se em movimento ao avistá-lo, pondo-se a recolher aumentos e cantis de água. Sir Will, homem-em-armas recém-promovido a cavaleiro, enviado dos domínios da cunhada de Connor em l'Eau Clair, foi ao encontro dele e, com um sorriso maroto, entregou-lhe uma bojuda garrafa de barro.
— Tome, milorde. Quero que experimente uma bebida nova. Esta cerveja irlandesa é tão boa quanto... Não, é melhor do que qualquer outra que temos em casa.
Com certeza, vai tirar o cansaço da viagem dos seus ossos.
Connor apanhou o jarro e, levando-o aos lábios, deixou o fogo do usquebaugh escorregar da sua garganta até o seu estômago. Então sorriu ao perceber a expressão de espanto de Will: o jovem normando, na certa, esperava vê-lo em chamas após beber um líquido tão forte.
— Isto não apenas tira o cansaço, mas também esquenta o corpo inteiro. — Connor tomou mais um longo gole antes de lhe devolver a garrafa. — Além de proporcionar um prazer incrível. Obrigado, amigo.
— Ora! Pensei que fosse enganá-lo outra vez, milorde. — Decepcionado, Will guardou o jarro no alforje para depois montar à sela. — Preciso me esforçar mais na próxima oportunidade.


Série The L'Eau Clair Chronicles
1 - Amor Secreto
2 - Coração de Guerreiro
3 - O Coração do Dragão
4 - A Sombra do Pecado
5 - Amor Predestinado
6 - Noiva da Torre
7 - A Honra de uma Dama
Série Concluída

Amor Predestinado

Série The L'Eau Clair Chronicles

Os Dons Daquela Mulher Isolavam-na Do Mundo Dos Homens...

Fronteira da Inglaterra com o País de Gales, 1215.

Swen Siwardson jurara manter Anna de Limoges a salvo. Ainda assim, o decreto da Igreja de que ela deveria permanecer inocente parecia um pecado contra a natureza, pois a bela artesã era uma mulher feita para ser amada.
Particularmente por ele!
Anna de Limoges nunca conhecera alguém como Swen Siwardson. Guerreiro forte e sincero, ali estava um homem de paixões e segredos que pedia apenas para ser seu amigo. Mas será que não percebia que Anna pagaria qualquer preço para se tornar mais do que uma amiga para o honrado Swen?

Prólogo

Ele permanecera naquele lugar por tempo demais.
Com o coração pulsando violentamente no peito, a respiração ofegante, Swen despertara de repente em sua cama. Agora, deitado de costas, mantinha o olhar fixo no teto obscurecido pela noite.
Não conseguia, porém, apagar as imagens evocadas em seu sonho por sua mente traiçoeira.
Passado, presente...
Futuro?
Ele fechou os olhos com força, mas, ainda assim, as visões que tivera continuaram a atormentá-lo.
Ficou deitado ali, os olhos abertos, enquanto as horríveis cenas se repetiam em sua mente contra sua vontade. Como as odiava... e a si mesmo... por não conseguir fazê-las desaparecer para sempre, por ser incapaz de intervir na crueldade do destino.
Teria conquistado uma nova vida para si mesmo... encontrado um lugar onde era respeitado, amigos a quem estimava mais do que sua própria família... apenas para perder tudo o que valorizava mais uma vez? As imagens se desvaneceram. Apesar do cansaço e do opressivo senso de perda que o dominavam, Swen levantou-se da cama e começou a se vestir.
A única maneira de escapar daquela maldição era fugir para mais longe, mais depressa, nunca permitindo que suas emoções o alcançassem.
Com os olhos ardendo, fitou a escuridão.
Sozinho. Fugindo a vida toda...
Por que acreditara que algum dia conseguiria parar?

Capítulo Um

Fronteira da Inglaterra com o País de Gales - Outono de 1215

Anna aceitou a ajuda do membro da guarda e montou de lado no cavalo castanho, dirigindo um sorriso agradecido ao solícito rapaz, apesar de seu próprio desconforto. Afinal, não era o culpado por ela ter passado a odiar o animal arisco que haviam lhe dado para a jornada. Aliás, teria sido a mesma coisa se a houvessem montado no mais dócil cavalo. Ao longo dos anos, costumara deixar vários animais agitados com a sua simples presença. Era algo que tornava aquelas ocasionais viagens um transtorno.
Se ao menos sua oficina ficasse mais próxima à abadia, poderia ter ido caminhando quando padre Michael mandara chamá-la, em vez de ter enfrentado um dia inteiro de viagem rodeada por uma guarda montada. Era tanto tempo perdido, longe de seu trabalho... um tempo que mal podia desperdiçar. Ainda assim, o abade lhe pedia mais, sempre mais, em suas vãs tentativas de satisfazer o patrono mais eminente da abadia, o rei João.
Do alto da montaria, Anna lançou um último olhar por sobre o ombro para a abadia que começava a ficar para trás. O sol brilhante da manhã fazia com que as pedras cinzentas da abadia de Santo Estevão de Murat cintilassem, como se estivessem envoltas por uma aura celestial.
Embora ela apreciasse a beleza do lugar, também sabia que aquele era exatamente o efeito desejado pela ordem religiosa.
O Paraíso na terra... Com Sua Eminência, o Papa Inocêncio, como seu rei.
E Anna de Limoges como a leal serva da Igreja.
Seus lábios curvaram-se num sorriso irônico, enquanto instigava ligeiramente o cavalo a prosseguir. Sabia melhor do que ninguém quão calculista até mesmo padre Michael, o mais gentil dos homens, podia ser.
Não era diferente de nenhum outro clérigo nesse aspecto.
Ainda assim, como ela podia reclamar, quando eles lhe permitiam que praticasse sua arte?
Uma vez que haviam seguido pela estrada que conduzia de volta para casa por algum tempo, Anna e sua montaria chegaram a um entendimento razoável, o que permitiu a ela concentrar-se em coisas mais importantes. A forma que imaginou para a pequena caixa de ouro que o abade acabara de lhe encomendar, para servir de recipiente à última aquisição dele... uma genuína lasca da Cruz Sagrada, segundo afirmara... ainda não parecia totalmente adequada, embora ela ainda não tivesse descoberto o que a incomodava a esse respeito. Havia criado muitas relíquias ao longo dos anos, mas aquela... Teria que fazê-la diferente das demais, algo único, especial... o receptáculo perfeito para um objeto tão sagrado.
O presente perfeito para o rei João.
Se ao menos padre Michael tivesse lhe permitido tocar a lasca da Santa Cruz...


Série The L'Eau Clair Chronicles
1 - Amor Secreto
2 - Coração de Guerreiro
3 - O Coração do Dragão
4 - A Sombra do Pecado
5 - Amor Predestinado
6 - Noiva da Torre
7 - A Honra de uma Dama
Série Concluída

A Noiva da Torre

Série The L'Eau Clair Chronicles

Ela se renderia ao desejo que ardia em seu coração?

Inglaterra, 1217

Com modos mais próprios de uma guerreira do que de uma mulher, Julianna D'Arcy jurara defender seu lar de todos os inimigos que porventura cruzassem seu caminho. Ela não sabia se aquele inesperado hóspede era inocente ou se era um traidor, mas muito mais perigoso do que qualquer adversário era o efeito que a simples visão de sir William Bowman exercia sobre ela, aquecendo seu sangue e fazendo seu coração palpitar como nenhum outro homem que ela conhecera havia feito!
William Bowman fora vítima de um golpe contra o rei, e agora estava sob os cuidados de lady Julianna D'Arcy, que jurava ser a mais leal súdita do rei. Porém, uma dama vestida com trajes masculinos, mais precisamente com os paramentos de um guerreiro, não era algo comum; ao contrário, era um motivo mais do que justo para levantar suspeitas... Mesmo assim, não deixava de ser um enigma muito atraente para William... um enigma que ele estava disposto a fazer de tudo para desvendar!


Capítulo Um

Sherwood, Condado de Nottingham, 1217
Sir William Bowman voltou os olhos cansa­dos para a trilha já percorrida que se per­dia na escuridão do início da noite logo atrás de seus passos e sentiu o coração se apertar.
O sol desaparecia por detrás das árvores frondosas com espantosa rapidez, deixando atrás de si uma luminosida­de amarelada e sinistra, que transformava os galhos secos das árvores em espectros horripilantes, cruzando-lhes o caminho ameaçadoramente.
Bran, o animal carregado com seus pertences pessoais, dava mostras de cansaço desde que adentraram a floresta sombria e cheia de mistérios, todavia, William ainda não se sentia confiante o bastante para parar e providenciar o merecido descanso para ele e o cavalo.
Murmurava vez ou outra algumas palavras reconfor­tantes junto à orelha do animal, tentando convencê-lo a acelerar o ritmo, para logo em seguida puxar-lhe as ré­deas impacientemente.
Começava a preocupar-se de verdade com a chegada da noite. O que já estava difícil e cansativo poderia ficar ainda pior, pensava William assustado, observando a escuridão melancólica e cogitando a necessidade de começar a buscar um abrigo seguro enquanto ainda estivesse claro.
Como um tolo, permitira que o ódio que sentia por Richard Belleville o distraísse. Avançara por longos cami­nhos que desconhecia completamente e agora temia não conseguir encontrar a saída daquele enorme labirinto de árvores.
Bran e ele peregrinavam por aquelas terras a serviço de lorde Rannulf nas últimas semanas, e aquela viagem parecia-lhe interminável.
Sonhava com um grande barril de cerveja e uma agra­dável companhia feminina como prémio no final daquela jornada longa e cruel! Imaginava o retorno para casa en­quanto tentava reconhecer algum trecho do caminho e orientar-se melhor.
Mesmo depois de agradecer sir Richard Belleville pelas breves instruções sobre o caminho e a travessia mais se­gura da floresta antes da partida, William não poderia mentir para si mesmo.
Sentia-se um completo idiota. Deixara-se enganar pelo homem inescrupuloso e agora estava perdido em terras estranhas e desconhecidas.
A fria e escura Sherwood, retratada em toda a Ingla­terra como palco das aventuras de Robin Hood e seu ban­do, em nada se assemelhava com o confortável leito onde imaginara repousar a cabeça ao final daquele dia.
Maldito sir Richard! Mantivera-o tão ocupado com pe­quenas trivialidades antes da viagem que não tivera a chance de deixar Birkland, certamente o menos impor­tante condado da região, antes do almoço.
E quando manifestou a ideia de esperar até a manhã seguinte para seguir viagem sob a luz do sol, o homem, obviamente cheio de más intenções, fez questão de o di­rigir até os portões do condado o mais rápido possível.
Ao que tudo indicava, sir Richard e seus homens indi­caram-lhe o caminho errado, uma trilha aparentemente pouco usada e quase abandonada, que parecia levá-lo a lugar nenhum.
Àquela altura da noite, tudo o que tinha a fazer era torcer para conseguir encontrar um abrigo seguro para ele e seu cavalo, imaginou William cheio de raiva. O pri­meiro e mais sensato passo que devia tomar naquele mo­mento era assumir que estava totalmente desorientado e perdido.
Um riso nervoso escapuliu-lhe dos lábios e ecoou alto por toda a floresta. Nada parecia fazer-lhe muito sentido.
Ergueu os ombros e encheu os pulmões de ar, sentindo o forte cheiro das plantas e árvores, tentando afastar qual­quer vestígio de medo de seus pensamentos.
Era um dos melhores cavaleiros a serviço de lorde Ran­nulf, pelo menos um dos mais bem conceituados e tentava lembrar-se disso a todo instante.
Não havia razões lógicas para temer a escuridão que se avizinhava ou as sombras misteriosas que se forma­vam pelo caminho. Já enfrentara batalhas sangrentas e vira a morte de perto várias vezes, mas nada o assustava mais do que ver-se perdido em Sherwood.


Série The L'Eau Clair Chronicles
1 - Amor Secreto
2 - Coração de Guerreiro
3 - O Coração do Dragão
4 - A Sombra do Pecado
5 - Amor Predestinado
6 - A Noiva da Torre
7 - A Honra de uma Dama
Série Concluída

A Honra de uma Dama

Série The L'Eau Clair Chronicles
O destino das mulheres era encontrar-se a mercê dos homens…

Lady Alys Delamare desejava escolher seu próprio caminho na vida e seu rebelde coração exigia que o lindo cavalheiro sir Padrig ap Huw, formasse parte dessa vida…
Uma selvagem tempestade os tinha unido, o restante fez o desejo. Mas lady Alys estava destinada a algo mais importante que compartilhar sua vida com um cavalheiro sem terras. O único que ele podia lhe oferecer era seu amparo, sua honra… e sua paixão.

Capítulo Um

Marcha do exército Gales, 1222
Lady Alys Delamare deslizou a cabeça fora da manta e recebeu com alívio a claridade do céu azul. Depois de uma noite sem dormir, em que ela apenas se atreveu a mover-se por medo de que sua escolta notasse que não dormia, estava desejando sair da cama e ver-se uma vez mais a caminho.
Outro dia em viagem significava outro dia em companhia do sempre afetado Sir Padrig ap Huw. Embora também significasse outro dia a menos para lhe dizer adeus.
Era uma pena que aquela voz insistente que tinha dentro da cabeça lhe recordasse que uma parte oculta dela gostava do modo sedutor de Padrig, e se doía por sua inevitável partida. Ela tinha planos para sua vida, planos que não incluíam a nenhum jovem cavalheiro… Por mais atraente que fosse.
Alys olhou de esguelha o catre de Padrig. Estava vazio. Pela Virgem, teria jurado que tinha escutado cada movimento que tinha feito no chão durante a noite! Como ele fez para levantar-se sem que ela se desse conta?
Mas se tratava de um guerreiro experiente. Quem sabia do que era capaz aquele homem?
Alys saiu da cama e ficou de pé, esticando suas amassadas anáguas de linho e movendo-se um pouco para acomodá-la. Deixou a combinação e as botas no chão, onde estavam, e olhou para Marie, sua criada, que seguia roncando.
Uma vez sozinha, Alys concentrou-se na beleza da manhã. Uma grossa capa de capim cobria o chão, e o sentia suave e fresco sob os pés nus. Aquela sensação provocou nela um estremecimento de prazer. Não recordava quando foi à última vez que teve a oportunidade de sentir a terra contra a pele.
Com um sorriso nos lábios, Alys saiu caminhou, seguindo um estreito atalho entre as árvores, e entrou no bosque.
Tinha o cabelo revolto e preso num rabo de cavalo baixo. Soltou-o. O fresco aroma dos pinheiros se aderia a sua consciência do mundo que a rodeava e dela mesma. Sentia-se viva, consciente de seu corpo de um modo novo e estranho.
Com os sentidos em alerta, Alys escutou o barulho da água. Seguindo aquele som, percorreu rapidamente o rastro até que chegou a uma pequena lagoa rodeada de árvores e rochas.
Uma lagoa ocupada por um homem nu.
Estava de costas para ela. A água apenas lhe cobria as nádegas. As gotas brilhavam sobre sua pele bronzeada, lhe marcando os contornos dos poderosos braços e as largas costas. O homem se passou as mãos pelo cabelo molhado, permitindo que as ondas escuras lhe caíssem sobre os ombros.
Aquele cabelo era inconfundível. Tratava-se de Padrig.
Que a Virgem Maria a ajudasse! Ele sempre lhe tinha parecido bonito, mas nunca imaginou que tivesse aquele aspecto.
Com a boca seca e o olhar cravado em Padrig, Alys se aproximou mais da borda da lagoa. Não queria terminar com aquela deliciosa cena chamando sua atenção.
Ele esticou os braços por cima da cabeça. Os músculos das costas e os ombros lhe flexionaram, centrando a atenção do Alys nos escuros recantos de seus ombros e antebraços.
Aqueles músculos pareciam esculpidos na pele. Alys nunca tinha visto nada parecido. Como era possível?
Padrig começou a afastar-se lentamente dela e se dirigiu ao outro extremo da lagoa. Fascinada ante aquela visão, Alys sabia que devia fazer algo para lhe advertir de sua presença, mas se retirou para o bosque em silencio para saborear aquele inesperado prazer todo o tempo que fora possível.


Série The L'Eau Clair Chronicles
1 - Amor Secreto
2 - Coração de Guerreiro
3 - O Coração de Dragão
4 - A Sombra do Pecado
5 - Amor Predestinado
6 - A Noiva da Torre
7 - A Honra de uma Dama
Série Concluída

23 de fevereiro de 2009

Coração de Guerreiro


Aquele fascinante cavaleiro era sua única salvação! 

Inglaterra, 1214. 

Para lady Catrin, só havia um jeito de escapar de seus impiedosos inimigos: refugiar-se nos braços fortes de Nicholas Talbot, homem cuja simples presença lhe provocava sensações que ela julgara enterradas para sempre. 
Mas por trás da bela e nobre figura do lorde Nicholas havia um passado misterioso e uma arrebatadora paixão pela adorável 
Catrin, mulher que jamais poderia ser sua... 

Capítulo Um 

Pântanos de Gales Os cascos dos cavalos chocavam-se contra a trilha pedregosa, o som reverberando na mata envolta em névoa. 
Catrin ajeitou-se melhor na sela, e o arrepio que lhe percorreu a espinha nada tinha a ver com a umidade fria que a cercava. Nunca a viagem até L'Eau Clair, o castelo de sua prima Gillian, lhe parecera tão longa ou tão agourenta. Num gesto instintivo, aconchegou o manto ao pescoço.
 Talvez fosse a impaciência em chegar a responsável por seu nervosismo e não a possibilidade de algum perigo oculto entre as árvores. 
Dois soldados de seu irmão Ian cavalgavam a frente e mais dois a seguiam como escolta de proteção. Mas a inquietação deles era evidente e Catrin conseguia ouvir-lhes as preces sussurradas, à medida que avançavam em meio à espessa neblina. Nunca deveria tê-Ios trazido como escolta, já que eram os menos hábeis dos homens de armas de Ian. 
Agora receava que a presença deles não fosse suficiente para protegê-Ia. Um leve ganido chamou-lhe então a atenção, levando-a a deter a égua que montava. 
- Venha, Ídris - falou em tom de comando para o magnífico cão de caça que a acompanhava correndo a lado da estrada. Enquanto ele encostava a cabeça maciça em sua perna Catrin escrutinou as árvores gotejantes. 
- Há alguém ali? Vá ver, Ídris. Depois de esfregar nela o focinho, o animal voltou para a beira da floresta, as orelhas em pé, a cabeça movendo-se de um lado para o outro. Incitando a montaria, Catrin voltou-se para o garoto, que cavalgava a seu lado. 
O rosto magro de Padrig aparentava tranqüilidade, embora suas faces estivessem pálidas como cera. Seus olhos azuis examinavam a área em redor com a determinação do guerreiro que um dia esperava ser, servindo como escudeiro do marido de Gillian, lorde Ranulf FitzClifford. - Talvez devêssemos ter aguardado a volta de Ian - falou Catrin, baixinho. - Não, milady, não havia necessidade. - Padrig empertigou-se na sela. - Embora a companhia de lord Ian fosse muito bem-vinda, claro... Apesar das palavras corajosas, a palidez de Padrig mostrava que estava com medo. 
Com catorze anos, quase um homem, tinha levado uma vida protegida, até vir para o castelo de lorde Ian. Mas o garoto ansiava por aventuras e pela oportunidade de tornar-se escudeiro de Ranulf com o mesmo ardor do irmão de Catrin naquela idade. 
Assim que entraram na floresta, ela tinha se dado conta do erro que cometera ao partir para L'Eau Clair sem a companhia de Ian. Aos poucos sua preocupação fora aumentando, e só o medo de voltar sobre os próprios passos a fazia prosseguir. Deveria ter se sentido segura com a escolta dos homens de armas do irmão, porque ninguém ousaria desafiar o Dragão, nome pelo qual Ian, o mais valoroso dos cavaleiros do príncipe Llywelyn de Gales, era conhecido. Mas agora tudo em que conseguia pensar era que não devia ter colocado em risco a segurança de Padrig, nem dos demais, devido à sua impaciência em atender ao chamado de Gillian. Esta daria à luz quando Deus quisesse, com a presença ou não de Catrin. E provavelmente se sairia muito bem, apesar dos protestos em contrário. 
- A senhora pode ficar tranqüila, milady. - Padrig lançou um olhar à espada presa em sua cintura, e depois ergueu os olhos para Catrin, o rosto enrubescido. 
- Há cinco de nós aqui, o suficiente para protegê-Ia. Não foi o que a senhora disse ao padre Marc, antes de partirmos de Gwal Draig? Apesar do tato de Padrig, Catrin sentiu o rosto queimar de vergonha. 
Na verdade, ela havia praticamente gritado aquelas palavras ao sacerdote, que fazia a última e desesperada tentativa de convencê-Ia a esperar pelo irmão. 
Ian com certeza iria censurar de novo o pobre capelão, ao retornar e descobrir que ela partira sozinha. Padrig pousou a mão no cabo da espada, dizendo:
 - Estou às suas ordens, lady Catrin. Eu a defenderei com minha própria vida, juro. Ela reprimiu um sorriso diante da bravata do garoto.
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