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28 de setembro de 2014

Amor Renegado

Série MacLerie
O primo de Robert Matheson sequestrou Lilidh MacLerie a fim de torná-la sua refém e assim usá-la como moeda de troca. 

Mas a mulher que já fora dona do coração de Rob estava longe de ser uma prisioneira qualquer... ainda que ele tivesse sido obrigado a renegá-la. 
Com o toque de Rob ainda vivido em suas lembranças, e alheia ao fato de que não fora escolha dele rejeitá-la, Lilidh jamais pudera esquecer o homem que lhe mostrara face dura do amor.
Agora, frente a frente com seu algoz, para Lilidh aquele temível líder não passa de um estranho. 
No entanto, algo em Rob a excita na mesma medida em que a aflige.

Capítulo Um

Lilidh Maclerie, filha mais velha do laird MacLerie e conde de Douran, olhou para fora de sua janela e tentou analisar suas opções. Esse horário silencioso entre o fim do dia e o começo da noite era o seu favorito, quando ela precisava tomar decisões e fazer escolhas. 
Lembrar agora que tomara a decisão que a levara para esse tempo e lugar a fez refletir. Talvez devesse esperar até de manhã, em vez disso.
Virando-se da janela e olhando ao redor da câmara grande e bem mobiliada, soube que tinha pouco tempo ou opção… novamente. O pergaminho permanecia onde ela deixara, e Lilidh ergueu-o, inclinando-o, de modo que a luz de diversas velas possibilitasse a leitura. Pelo que parecia a centésima vez, falou as palavras e não conseguiu decidir o que mais escrever, quando tão mais era necessário.
Para o conde e a condessa de Douran, começava a carta, usando os títulos formais deles, primeiro. Pai e mãe, em seguida.
E então, as palavras desapareciam.
Como Lilidh poderia explicar o sofrimento particular por trás da morte muito pública de seu marido, apenas dois meses atrás? A morte de MacGregor fora mantida em segredo, até que o herdeiro dele, o irmão mais novo, fosse aprovado, pelos mais velhos do clã, como chefe. 
O propósito de Lilidh com o casamento — unir ambos os clãs e produzir um herdeiro para os MacGregors — fracassara. Todavia, mesmo como uma jovem inocente entrando naquele matrimônio, ela entendia que as coisas não eram o que deveriam ter sido entre ela e Iain MacGregor.
O pergaminho em sua mão moveu-se na corrente de ar quente, criada pelo calor das velas, e relembrou-a que essa tarefa também não estava terminada. 
Sentando-se à mesa, ergueu a pena, bateu-a de leve no tinteiro, de modo que não respingasse, e escreveu as palavras que tanto a embaraçariam quanto a humilhariam aos olhos de seus pais e do clã.
Eu me encontro precisando de seu conselho em relação à situação de minha posição aqui na casa de Iain MacGregor, com a família dele. Como sua viúva, embora sem esperança de produzir um herdeiro, eu sei…
O que ela sabia? Casara-se com ele sob um contrato negociado por seu tio e assinado por seu pai. Sua parte do dote de noiva estava protegida para seu uso, e ela tivera a escolha de permanecer ali, como parte do clã de seu marido, ou retornar para seu próprio clã. 
Seu tio se certificara de protegê-la no contrato, mas dar-lhe tal opção tornava as coisas mais difíceis do que se ela tivesse simplesmente recebido ordens do que fazer.
Se Lilidh permanecesse, haveria outro casamento arranjado para ela, com um homem elegível, a fim de manter os elos fortes entre os clãs. Se voltasse para casa, outro enlace se daria, mas ela também enfrentaria o desapontamento de sua família por seu fracasso. E sem ter como explicar, e sem ter com quem falar sinceramente sobre aquilo, o que poderia dizer?
Lilidh mergulhou a pena na tinta fresca e posicionou sua ponta sobre o pergaminho.
Estava sendo tola. Seus pais a amavam e a aceitariam de volta, com ou sem explicação. Sua mãe era a única com quem Lilidh podia conversar sobre assuntos pessoais. Como fizera antes de seu casamento, mesmo se aquela conversa não explicasse o que tinha acontecido, ou, mais precisamente, o que não tinha acontecido entre marido e esposa.
Olhando para a chama da vela, ela repirou fundo e exalou, e fez a única coisa sensata que poderia: pediu permissão para voltar para casa.
Encontro poucos motivos para permanecer aqui, e peço a permissão de vocês para retornar a Lairig Dubh assim que uma escolta puder ser arranjada. Eu lhes pediria conselho em outros assuntos importantes, mas hesito em colocá-los nesta carta.
Pai, por favor, envie uma resposta, dizendo se isso é de seu gosto.
Mãe, por favor, mantenha-me em suas orações, e peça ao Todo-Poderoso para olhar por mim durante este período de teste.
A carta era curta, mas direta, e não havia muito mais a dizer. Lilidh esperou que a tinta secasse, e então enrolou a carta, selando-a com o anel que seu pai lhe dera no seu aniversário, um ano antes. 
Ela a enviaria no dia seguinte, por um dos servos dos MacLeries que a acompanhara para lá. Esperava em breve ter uma resposta de seus pais, e então saberia o que o futuro lhe reservava.
Mas como podia explicar que, embora fosse noiva e viúva, nunca havia sido esposa?