Lois Greiman
Um tesouro mais valioso que ouro...
Keelan despertou de um sono profundo numa outra era, em outro lugar, e ainda assombrado pelos demônios do passado.
Determinado a recuperar o tesouro que causou a ruína de sua família, ele chega ao magnífico cenário do interior da Escócia, e fica conhecendo uma jovem encantadora, que desperta uma paixão ardente em seu coração...
A misteriosa chegada do guerreiro escocês quase faz com que Charity abandone seus planos, mas ela já representou por tempo demais o papel de criadinha dedicada para desistir a esta altura dos acontecimentos e permitir que outra pessoa se apodere do tesouro, mesmo sendo Keelan uma tentação tão grande quanto o tesouro em si.
No entanto, quando os dois são forçados a fugir, Charity descobre que o escocês é mais irresistível do que ela imaginou a princípio, e que negar o desejo entre ambos é impossível... pois uma gloriosa promessa de amor espera por ela nos braços fortes e nos beijos sensuais de Keelan...
Escócia 1653
— Era eu quem deveria estar aqui — Keelan disse por entre os dentes. Tentou ser forte, mas sua voz soou fraca e estranha em meio aos lamentos dos habitantes escondidos na prisão de Old Bailey.
Sua mãe estendeu a mão através das barras da cela no calabouço. Os braços estavam magros, pálidos e manchados de sujeira.
Ele tomou-lhe as mãos e sentiu os ossos, finos e salientes por baixo da pele fria e ressequida.
— Você não tinha como saber dos nossos problemas, Ange.
E era verdade. Ninguém o havia informado ou enviado qualquer tipo de mensagem ou correspondência.
O único aviso que tivera foram os sonhos repetitivos que sugeriam problemas em casa. Somente os sonhos...
— Quem fez isso com a senhora? — perguntou ele, agora com a voz mais firme. Era a voz do homem que sua família tinha contribuído para que se tornasse.
— Não importa — respondeu lona.
Keelan cerrou os dentes, sentindo na língua o gosto da morte, o gosto amargo da bile se revolvendo em seu estômago.
— Eu soube... Me contaram que... — A voz dele falhou. — Eles mataram papai.
Iona apertou as mãos, segurando com mais firmeza as de Keelan, fincando as unhas quebradas na pele dele.
— Não... Não, filho, eles não o mataram — assegurou, mas havia medo em sua voz e lágrimas em seus olhos fundos. — Ele morreu por causa dos ferimentos, meu amor. Não foi culpa de ninguém...
A raiva se misturou às inúmeras emoções que borbulhavam no peito de Keelan, fazendo com que sua pele ficasse úmida e a cabeça zonza.
— Onde está o Sr. Kirksted? Por que não está aqui, defendendo a senhora? — Keelan quis saber.
— Ele esteve aqui, claro, mas como imediato de seu pai, também ficou muito doente enquanto estava no mar — informou lona. — Mesmo assim, tentou convencê-los de minha inocência.
— Inocência! — A voz de Keelan soou esganiçada como a de um adolescente. — Isso é loucura! A senhora não é uma... — Não conseguiu fazer a palavra passar por seus lábios congelados.
— Não se preocupe com isso, tudo há de ficar bem. Volte para Paris, volte para seus estudos!
— Voltar?! — Teria aquele lugar hediondo deixado sua mãe tão perturbada a ponto de perder o juízo? — Não posso deixá-la aqui, neste... nesta...
Keelan calou-se, com medo de começar a chorar.
Chorar e soluçar, como a criatura aterrorizada que sentia ser naquele momento.
— Sim, é uma loucura, exatamente como disse. — As mãos de lona se apertaram, assim como sua voz. — Por isso mesmo, tenho certeza de que vão me libertar.
— Mamãe, eles a acusaram de bruxaria... — Keelan sussurrou, como se pudesse manter aquilo em segredo, como se tudo o que ouvira tivessem sido mentiras horríveis —...quando tudo que a senhora fez foi tentar salvá-lo.
— Eu sei, meu filho, eu sei. Tudo não passou de um grande engano. Eles vão me libertar, com certeza.
Keelan desejava desesperadamente acreditar naquilo, mas o tremor na voz e o terror nos olhos da mãe abalaram sua determinação.
— Eu vou libertá-la, mamãe. — Suas palavras eram uma promessa solene, feita em voz baixa. Vou falar com o sr. Kirksted. Ele ainda tem influência com o...
— Não! — A voz de lona ficou estridente de repente.
— Não faça isso. Volte para a universidade. Volte!
— Mas Kirksted...
— Fique longe dele! — ordenou lona, desesperada.
— Ouviu o que eu disse? Longe!
Keelan balançou a cabeça, tentando enxergar a verdade por trás de todo aquele medo que via em sua mãe.
— Mamãe, por acaso ele foi responsável por...
— Não! Claro que não — afirmou ela, veemente.
— Mas se você criar problemas, eles vão pensar que estamos agindo em conluio, você e eu. — Lágrimas grossas rolaram por sobre o rosto sujo, deixando duas trilhas cintilantes.
— A senhora não é uma bruxa!
— Não, não sou... Mas isso não importa para eles.
— Por que, então, estão fazendo isso? — perguntou Keelan, enquanto a mãe apenas balançava a cabeça.
— O que esperam ganhar? Dinheiro? Acham que papai saqueou o grande tesouro do qual falava? Acham que o tesouro não estava perdido de volta ao mar como...
— Filho, isso não importa...
Keelan se ergueu. O medo ainda estava lá, embora controlado.
— De fato, não importa, pois vou detê-los, eu juro.
— Não! Por favor... — implorou lona. Parecia tão pequena, tão pálida e frágil atrás daquelas barras.
— Prometa que não irá fazer isso!
Keelan apertou a mão da mãe e fitou-a nos olhos.
— A senhora acha que sou covarde a ponto de não fazer nada?
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