A filha de um duque em fuga.
Um ferreiro incrivelmente bonito. Um segredo incandescente. Fugindo para trabalhar como preceptora, Lady Arabella não conta com a possibilidade de ser contratada por uma jovem precoce de 14 anos que administra a casa … ou de ser enxotada por seu pai lindíssimo. Quando as brigas se transformam em faíscas, Arabella descobre que Philip guarda um segredo devastador… que ameaça colocar tudo em risco.
Capítulo Um
Rosethistle Cottage, Cornualha, 1819Lady Arabella Astley, irmã do duque de Ashmore, desejava saber mentir. Em seus vinte e dois anos completos, Arabella nunca mentiu. Ultimamente, ela recorria à mentira como se fosse sua segunda pele. Era muito exaustivo.
O nome dela, que ela mudou para simplesmente Srta. Arabella Weston, demoraria um pouco para se acostumar. Sua nova identidade como preceptora ainda mais. Exausta da viagem de carruagem e empoeirada da caminhada até o chalé, ela não conseguia afastar a sensação de que vir à Cornualha em resposta ao anúncio do cargo de preceptora tinha sido uma empreitada temerária. Para piorar, ela estava sendo entrevistada simplesmente por uma garota.
— O que você quer dizer com não tem referências? — A testa da Srta. Katy Merivale se enrugou. Arabella a olhou com fascinação. Fiapos de cabelo escuro escapavam das tranças grossas e bagunçadas da garota, e seu vestido de algodão xadrez azul parecia um pouco curto demais e tinha manchas no cotovelo. Quantos anos ela poderia ter? Dezesseis? Mais jovem?
— Srta. Weston? — A voz da garota arrancou Arabella de seus pensamentos.
— Referências? Arabella se contorceu na cadeira frágil da cozinha. Claro que ela não tinha referências. A filha de um duque não precisava de nenhuma. Mas as preceptoras eram um assunto completamente diferente. Arabella reprimiu um gemido. Por que ela não pensou nisso? Ela procurou na pequena e apertada cozinha em busca de inspiração.
Que lugar estranho para uma entrevista de emprego. Mas como a sala de estar era inabitável, a Srta. Katy explicou, a cozinha era o único outro lugar disponível. Ela a trouxe ali como se fosse a coisa mais natural do mundo. Arabella estava muito atordoada para sequer piscar. Era a primeira vez que ela colocava os pés em uma cozinha. Ela fixou-se nas louças lascadas, na cobertura fuliginosa da lareira como se elas pudessem fornecer referências. O suor se acumulava em suas axilas. O vestido de linho áspero de sua criada era muito quente e apertado demais em torno de seu peito.
Ela umedeceu os lábios e decidiu que a verdade era sempre o melhor.
— Esta seria a minha primeira posição como preceptora.
— Isso não é bom. Não podemos contratá-la sem referências. — A Srta. Katy apoiou os dois cotovelos na mesa e mordeu o lábio inferior. Arabella se mexeu na cadeira.
— Mas eu tenho meus boletins aqui, do Internato de Moças da Srta. Hilversham em Bath. — Ela puxou vários feixes de papel. — Desculpe pela mancha. Um pouco de chá derramou sobre ele.
— Convenientemente em cima do seu nome verdadeiro, tornando-o ilegível. Foi preciso alguma destreza para derrubar a xícara de chá de uma maneira que não encharcasse todo o documento. Os olhos verdes da Srta. Katy ficaram enormes por trás dos óculos.
— Você estudou música, aritmética, ciência, literatura, línguas, comportamento, dança, arte, teatro e história. — Uma nota de admiração entrou em sua voz. —E você se destacou em todas as matérias.
— Eu gostava de estudar lá.
— Qual era a sua matéria favorita?
02- Arabella e o Duque Relutante