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26 de maio de 2013

Bela Sedutora





Inglaterra, 1695 


A revelação foi recebida com alegria e perplexidade por Eden Berenger: ela, uma humilde camponesa, era filha de um conde! Uma vida de riqueza e felicidade poderia aguardá-la na corte, se o pai não fosse subitamente preso sob a terrível acusação de traição. 
Para salvá-lo, ela precisava conquistar a simpatia do rei William... Tinha de se tornar sua amante! 
Princípios morais e religiosos afligiam a alma atormentada de Eden. 
Mas a pior provação era conviver com o enigmático e atraente nobre Maximilian de Nassau-Dillenburg. 
Encarregado de prepará-la para entrar na corte, acaba conquistando seu coração. 
Cheia de amor e ousadia, Eden iria surpreender Maximilian e o inflexível rei da Inglaterra. 

Capítulo Um 

Kent, 1695
Gerard tinha voltado da batalha em Namur com uma das pernas entrevada e em estado de espírito melancólico. 
A época natalina havia passado sem grandes alegrias e comemorações no lar dos Berenger. 
Embora tropas inglesas e holandesas tivessem conseguido recapturar uma importante fortaleza em Brabant, a vitória custara um preço alto ao filho mais velho da família.
Eden fazia o possível para melhorar o ânimo de Gerard. Acabava de sugerir que fossem passear de trenó pelo pomar, ou deslizar encosta abaixo das colinas à volta da vila. 
Ele recusou a idéia, porém Eden estava determinada a arrancá-lo para fora não só da casa como de dentro dele mesmo.
— Estou precisando de outra companhia além da dos carneiros — argumentou ela, puxando-o pela manga. — Podemos ir até Romney Marsh. Você sempre gostou de pescar na restinga em Dungeness.
Cético, Gerard sorriu.
— Isso foi antes de ficar ferido. Quanto a você, duvido que se sinta solitária na vila. Os rapazes de Smarden mostram-se bem entusiasmados com você.
Eden arqueou as sobrancelhas.
— Prefiro os carneiros. Os moços daqui são sombrios e sem um pingo de senso de humor e, muito menos, de inteligência. 
A maioria é mais capenga do que você, apesar de todos contarem com duas pernas boas — declarou, disposta a não ignorar o problema físico de Gerard e recusando-se a mimá-lo como o resto da família o fazia.
Prestes há completar dezenove anos, Eden havia aprendido a enfrentar a vida com firmeza, exceto por aquela parte secreta do coração que jamais deixara de chorar pela perda do pai ocorrida há tanto tempo.
— Está muito frio — protestou Gerard irritado. — Esse tempo provoca dor na minha perna.
Eden levantou-se da cadeira à mesa e foi até a lareira onde revirou as achas crepitantes com um espeto de ferro.
— O sói vai acabar saindo. Aposto como não vai nevar hoje. Gerard pensava numa outra desculpa quando Cybele e Etienne, com os rostos vermelhos de frio, irromperam porta adentro. Viúva há pouco tempo e com dois filhos, Cybele tinha se tornado gorducha e adquirido constante mau humor.
— Onde estão nossos pais? — perguntou Etienne com expressão preocupada nas feições irregulares.
— Saíram — respondeu Eden em tom seco e ao puxar Gerard pelas costas da camisa. — Nós também estamos indo. Vamos mano, dar uma chegadinha na vila como planejamos.
— Espere Gerard — determinou Etienne com um gesto nervoso das mãos. — Umas visitas estão chegando aí. Deve ser negócio importante, garanto. Você também, Eden, não saia — ordenou fitando a irmã adotiva com olhar malévolo.
— Etienne tem razão — aparteou Cybele enquanto pendurava o pesado xale preto num cabide ao lado da porta.
Como sempre, ela se sentia afrontada com a aparência de Eden. 
Os cabelos avermelhados caíam-lhe 'fartos e ondulados pelas costas, a boca bem delineada iluminava-se sorridente ao menor indício de algo engraçado e os olhos enormes, escuros, assentados em distância perfeita um do outro, eram ornados por cílios densos e ficavam sob sobrancelhas bem arqueadas. 
Eden também tinha um corpo delgado e pele acetinada, cor de creme. Sua estatura era média, porém a silhueta esguia provocava a ilusão de ser mais alta. Movia-se com leveza e vivacidade. 
“Nem um pouco sóbria”, Cybele costumava criticar com aspereza. 
O comentário contava sempre com a aprovação de Etienne e Genevieve que gostavam de repeti-lo quando achavam a exuberância de Eden exagerada. 
Aliás, era essa alegria e amor à vida do membro adotivo da família que mais a irritava. Até Gerard não mais considerava a personalidade aberta e expansiva de Eden tão atraente como lhe parecera antes da batalha de Namur.