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29 de julho de 2012

Canção Ardente



Aquela não era a noiva prometida!

Para o audaz Roland St. Sebastian, o decreto do rei que o obrigava a casar-se com a dócil filha de seu inimigo já era ruim o suficiente... mas quando a tímida noiva acabou sendo Elayne, a irmã indomável de sua prometida, a fúria de Roland se tornou ilimitada. 
E embora os beijos da ruiva temperamental quase o deixassem louco de desejo, ele se perguntava se algum dia aprenderia a confiar nela... Ou se Elayne um dia aprenderia a amá-lo!

Capítulo Um

Inglaterra
Roland St. Sebastian, barão de Kirkland, inclinou-se para frente no primeiro ban­co da capela de Penacre. Não estava com a menor disposição de apreciar o rico jogo de luz e cores projetadas pelo enorme vitral, logo atrás do altar, sobre o chão de pedras imaculadamente limpo. Preocupava-se mais com a lenta passagem do tempo.
Esforçando-se para conter a irritação crescente, apoiou o queixo sobre as mãos cruzadas. Entretanto, ao fitar as outras duas figuras, imóveis e silenciosas, seus olhos azuis não foram capazes de disfarçar por completo a impaciência e o desagrado.
Onde estava sua noiva?
Hugh Chalmers, pai da noiva e barão de Penacre, mantinha uma expressão impenetrável enquanto aguardava a chegada da filha junto ao altar ricamente ornamentado. Ao seu lado, o sacerdote, paramentado de acordo com a ocasião festiva, mostrava-se bastante desconfortável.
Quando o padre murmurou algo junto ao ouvido de Hugh, o cavalheiro alto e grisalho mal respondeu, o corpo rígido revelando grande tensão. Todavia Roland o viu lançar um olhar rápido na direção da porta da capela.
Não havia sinal de ninguém.
Obviamente Penacre estava ficando impaciente com a demora da filha. Roland sabia que o velho barão tampouco desejara aquela união, porém a espera pro­longada de nada servia.
John, rei da Inglaterra, decretara que tal casamento fosse realizado com o objetivo de colocar um ponto final nas disputas e discórdias entre as linhagens de Pena­cre e Kirkland.
O rei decidira que a situação chegara ao limite má­ximo quando uma das pequenas propriedades de Ro­land fora invadida e todos os suprimentos armazena­dos destruídos. As provisões eram extremamente ne­cessárias para a sobrevivência dos aldeões durante esse período de carestia que enfrentavam, logo depois do término das guerras, na Terra Santa.
Ele passou as mãos pelos cabelos negros, desejando poder mudar o rumo dos pensamentos. Fora numa das muitas batalhas na Terra Santa que morrera seu irmão, Geoffrey, aquele que deveria ter herdado o título de barão após o falecimento do pai de ambos, no ano anterior.
Roland ainda não se sentia confortável com o fato de ter se tornado o herdeiro do título e das propriedades, embora houvesse assumido a administração das terras antes mesmo da morte de Albert St. Sebastian, em 1200, vitimado pela bebida e pela tristeza, um ano depois do rei Richard haver encontrado seu próprio fim em Châlus-Chabrol. Se não fosse por essa série de eventos trá­gicos, hoje ele não ostentaria título nenhum a não ser o de filho mais novo de um cavaleiro leal ao reino.
Melhor esquecer o que não podia ser mudado e con­centrar-se nas núpcias com Celeste Chalmers. Apesar de ser filha de um inimigo e não a noiva que teria escolhido para si, tratava-se de uma mulher extrema­mente bonita. Vira-a apenas uma vez, durante a audiência com o rei. E quando John anunciara que um casamento seria a melhor solução para as dificuldades atuais, Roland acatara a decisão.
Celeste Chalmers era somente um meio de se atingir um fim. Ele queria paz e prosperidade para suas ter­ras. O rico dote da noiva o ajudaria bastante em seus esforços para reconduzir as propriedades sob seus cui­dados à época de fartura e abundância conhecida antes de o pai haver sucumbido ao inferno da bebida. Além disso, tal casamento pouco mudaria sua vida. O papel de uma esposa resumia-se a manter a cama aquecida para o marido e produzir um herdeiro legítimo. Celeste também emprestaria beleza e graça à sua mesa e aten­deria às suas necessidades sempre que solicitada.
Jamais cometeria o terrível engano de depositar fé e confiança na esposa, como seu pai fizera. Isso se revelara a razão de sua queda.
O amor costumava ser valorizado em excesso, o que era um erro. Por causa do amor, seu pai fora lançado ao chão quando a esposa o abandonara e outra vez, quando permitira que o mesmo sentimento se inter­pusesse entre si e o filho mais velho.
Roland balançou a cabeça e endireitou os ombros, afastando os pensamentos sombrios. Depois tornou a olhar para a porta da capela, impaciente.
Onde estava a mulher com quem iria se casar e por que se julgava no direito de fazê-los esperar daquela maneira aviltante? Sua grande beleza não iria impe­di-la de se curvar à vontade do marido tão logo esti­vessem legalmente unidos.
Irritado, Roland lançou um olhar firme na direção do futuro sogro, observando a expressão frustrada do rosto marcado pelas rugas. Pensaria melhor de um homem que não se deixasse manipular por uma criatura de cabeça oca. Assim que partissem para Kirkland, na manhã seguinte, Celeste Chalmers aprenderia a reconhecer o próprio lugar.
Ele havia chegado ao castelo de Penacre poucas ho­ras atrás, na companhia de apenas quatro de seus cavaleiros mais fiéis. Estivera certo ao presumir que não seria recebido com ódio, porém tampouco encon­trara calorosas boas-vindas.
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