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7 de fevereiro de 2017

Coração de Templário

Inglaterra, ano do Senhor de 1191.

Catherine Rumsfield, filha do Conde de Rumsfield recebe a terrível notícia da morte de seu irmão mais velho, Michael, na Terra Santa.
Muitos habitantes da Europa Ocidental haviam partido para as Cruzadas, desejosos de conquistar Jerusalém e provar com sangue e fogo seu fervor religioso, e Michael, um mais nas centenas de nobres que atenderam a uma chamada do Rei Ricardo Coração de Leão, caiu em Limassol, deixando a sua família uma dívida milionária contraída com a Ordem do Templo...
Catherine deve se tornar responsável pelos tremendos problemas que sufocam sua família, e em meio de uma Inglaterra assolada pelo príncipe João, parte para a Terra Santa à procura de uma solução para os seus e no caminho vive a maior aventura de sua vida.
Aventura que a levará diretamente a Jerusalém, e também a percorrer a Europa e voltar à Inglaterra com uma salvação para sua família, ainda que o mais importante seja conhecer o grande amor de sua vida, Lorde Evrard de Clerc, Cavaleiro Templário, militar de alta categoria, primo do rei Ricardo, e o homem que mudará sua vida para sempre.

Prólogo

Terra Santa, ano de 1187.
As moedas de ouro pesavam e dificultavam o avanço, mas Zara não queria abandoná-las. Em um dos recantos do bairro dos comerciantes, Michael parou e se apoiou contra a parede de estuque para respirar e recuperar o fôlego; o peito explodindo, as pernas apenas lhe respondendo, mas deviam continuar fugindo; virou a cabeça e viu Zara, completamente vestida de negro, os cabelos e o rosto ocultos sob o hiyab1, decidida a cruzar o bairro muçulmano para sair da cidade. Ajustou o lenço e lhe fez um gesto com a cabeça para que continuassem; era de madrugada e eles deveriam sair de Jaffa2 antes do sol despontar.
Uma hora depois continuavam correndo pela paisagem do deserto a caminho de Raruim, sem conversar, somente fugindo para Jerusalém, com a intenção de escapar para o Egito e não se deixarem ver no porto de Jaffa onde certamente os estariam procurando nesse momento.
— Você está bem? — lhe perguntou em francês.
— E você meu amor? — respondeu ela dando-lhe um formoso sorriso com seus lindos olhos dourados — Se estamos juntos, nada pode ser ruim...
Chegar a Terra Santa, recentemente reconquistada pelo sultão Saladino, não sendo o lugar certo para um cruzado inglês como ele, mas precisamente por isso lhe parecendo ser uma opção certa, porque ninguém o procuraria ali. Entraram na cidade ocultos entre as centenas de árabes que se encontravam pelas ruas aglomeradas de comerciantes, militares, mercenários e aventureiros vários... com os alforges cheios de ouro e pedras preciosas, juntos, mas sem se tocar, até que encontraram o antigo templo de Salomão, e ao seu lado, a casa certa que seu contato conseguira para ele e sua jovem esposa.
— Conseguimos meu amor... — disse tirando o turbante e deixando a vista seus cabelos ruivos e longos, os olhos verdes faiscantes e o coração cheio de amor por ela. Havia chegado à Terra Santa para lutar pelos lugares santos, mas encontrara algo muito mais valioso, o amor nessa bela, misteriosa e única mulher de olhos ambarinos que não somente lhe salvara a vida, como agora fugia com ele dando as costas a sua família, suas crenças e seu país... somente para estar ao seu lado — Zara?
— Ainda não conseguimos nada, Michael... — deixou os alforges no chão e apareceu a janela com a angústia ainda colada ao peito — meu pai nos perseguirá até o fim do mundo se for preciso... ainda nos resta muito caminho...
— Sim, saímos de Jaffa e o pior já passou.
— Não acredito...
A bela Zara não acabou a frase, se virou para seu novo marido e tentou gritar, mas foi impossível. Michael Rumsfield conseguiu ver o brilho da adaga cruzando diante de seus olhos sem poder fazer nada para detê-la; a arma voou para sua mulher e cravou no seu peito de forma limpa. Deu um grito de terror e imediatamente desembainhou a espada em direção do agressor, um muçulmano enorme e de pele muito escura, que se deixou ver por um segundo antes de lançar-se contra ele gritando.
O jovem inglês se moveu para a esquerda e o esperou em guarda; o sarraceno avançou rápido demais e se pôs à frente com a direita desprotegida; Michael levantou com calma a espada e a cravou-lhe no pescoço, tirando-lhe a vida de forma instantânea; o sarraceno caiu de joelhos sangrando e então ele pode correr para atender sua esposa.
— Vai embora Michael! Saia daqui virão mais dois... vá embora!
— Não a deixarei, meu amor, não a deixarei... — as lágrimas apenas o deixavam ver o rosto pálido de sua amada — não a deixarei, você vai ficar bem...
— Estou morrendo... pegue as jóias e vá embora, volte à Inglaterra, fuja de meu pai... se me ama, vá embora! Pelo amor de Deus... Michael olhe-me... — ele vislumbrou seus olhos que perdiam o brilho pouco a pouco — deve fugir, quero morrer sabendo que se salvou. Prometa-me e leve nosso tesouro, leve-o, meu amado esposo, prometa-me!
— Prometo...