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23 de fevereiro de 2014

Corações em Guerra





O capitão Pierre Dammartin é um homem honrado.

Ainda que sua prisioneira, Josephine Mallington, seja tentadora, ela é a filha de seu inimigo.
Ele teria que odiá-la, no entanto, a inocência de Josie enche de esperança seu debilitado coração.
Pela arrogância com que a trata, ela percebe que Pierre a despreza ao mesmo tempo em que a deseja. 
Josie sabe que deveria temê-lo, mas está decidida a ignorar a guerra entre seus mundos e se render somente à atração poderosa e proibida que comanda seus corações…
Decidida a provar que pode ser útil dentro e fora do campo de batalha.

Capítulo Um

Portugal — 31 de outubro de 1810
No topo do vilarejo deserto de Telemos, nas montanhas ao norte de Punhete, Josephine Mallington estava tentando desesperadamente estancar o sangue do soldado ferido, quando os franceses começaram seu ataque. Ela ficou onde estava, ajoelhada perto do soldado, no piso empoeirado de pedra do velho mosteiro, no qual seu pai e os homens dele haviam se refugiado. 
A chuva de balas, através dos buracos onde janelas haviam estado uma vez, continuou, enquanto as tropas de soldados franceses começavam a se aproximar, o som de seus pas de charge alto até mesmo sobre o barulho dos tiros.
— En avant! En avant! Vive la République! — Ela ouviu os gritos.
Tudo o que havia ao redor era o cheiro forte de pólvora e sangue fresco derramado. Pedras que tinham abrigado monges e padres por trezentos anos agora testemunhavam a matança. A maioria dos homens de seu pai estavam mortos… Sarah e Mary também. Os homens que restavam começaram a fugir.
A mão do soldado na sua estremeceu, então se tornou frouxa. Josie olhou para baixo e viu que a vida o abandonara, e, apesar de todo o caos ao redor, o horror daquilo a chocou tanto que, por um momento, ela não conseguia desviar o olhar do rosto do homem sem vida.
— Josie, pelo amor de Deus, venha aqui, garota!
A voz do seu pai a tirou do estado de entorpecimento, e ela ouviu o som abafado dos machados dos franceses, enquanto eles batiam contra a madeira pesada da porta da frente do mosteiro. Josie soltou a mão do soldado morto e, removendo o xale de seus ombros, usou-o para cobrir o rosto dele.
— Papai? — Ela olhou para as ruínas ensanguentadas.
Corpos sem vida, e outros morrendo, estavam deitados ao longo do saguão. Homens que Josie conhecera em vida... homens de seu pai, homens do Quinto Batalhão do 60º Regimento da Infantaria Britânica. Josie vira morte antes, mais mortes do que qualquer mulher jovem deveria ver, mas nunca mortes como aquelas.
Sobre as mãos e os joelhos, ela engatinhou para onde seu pai e um pequeno grupo de homens estavam agachados. Poeira e sangue sujavam seus rostos, enquanto manchas escuras eram reveladas contra suas jaquetas verde-escuras e calças azuis.
Josie sentiu os braços de seu pai a rodeando, puxando-a para junto dos homens.
— Você está ferida?
— Eu estou bem — disse ela, embora “bem” dificilmente fosse a palavra certa para definir como estava se sentindo.
Ele assentiu e tirou o braço de seu redor. Josie ouviu seu pai falar novamente, mas, dessa vez, não com ela.
— A porta não irá contê-los por muito mais tempo. Nós devemos fugir pelo piso superior. Sigam-me.
Josie agiu de acordo com a instrução, respondendo à força e à autoridade na voz de seu pai como qualquer dos homens dele, pausando apenas para coletar o rifle, cartuchos e um pequeno container com pólvoras de um soldado morto e esforçando-se para evitar olhar para o ferimento aberto no peito dele. Pegando a arma e munição para si mesma, ela correu com os homens, seguindo seu pai para fora do saguão, passando pela porta que os machados franceses tinham quase derrubado e subindo uma larga escadaria de pedra.
Eles subiram dois lances de escada e entraram numa sala na frente do prédio. 
Miraculosamente, a chave ainda estava na fechadura da porta. No momento em que seu pai virou a chave, Josie ouviu a pancada ressonante da porta da frente sendo aberta, então soube que os franceses haviam entrado. Eles ouviram o som dos franceses correndo no grande pátio abaixo e, em seguida, passos de botas começaram a subir a escada que os levaria à sala que abrigava os soldados remanescentes.
Havia pouca coisa para diferenciar o tenente-coronel Mallington de seus soldados, exceto sua atitude de comando e a autoridade inata que ele emanava.