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21 de fevereiro de 2012

Divino Tormento

Lorde Adrian, conde de Shropshire, sabia que lady Meriel de Vere o estava enganando. 

Majestosa na floresta real, com seu falcão pousado no braço, ela corajosamente proclamava ser uma plebeia galesa, e não uma nobre normanda. 
Adrian, contudo, contemplou extasiado os cabelos negros como as asas de um corvo e os desafiadores olhos azuis, ouviu suas mentiras, e sentiu uma paixão intensa e primitiva roubar-lhe todo o bom-senso... 
Em um irrevogável lance do destino, 
Adrian deu ordens para que aquela beldade fosse trancafiada na torre de seu castelo, jurando que iria seduzi-la até que ela lhe contasse a verdade e se entregasse a ele, com beijos tão sequiosos quanto os seus... 
Meriel, porém, jamais cederia. 
Morreria se preciso fosse... Esse foi o seu juramento... 
Até que um inesperado arroubo de impetuosidade envolve Adrian e Meriel numa rede de tormentos que poderá pôr em risco o mais sublime dos amores... 

Capítulo Um 

Convent o de Lambourn, Wiltshire. Julho, 1143 

Era um magnífico dia de verão. Meriel de Vere parou no alto da montanha, tirou o capuz do francelho e em seguida lançou-o ao vento, observando, encantada, o pequeno falcão alçar voo. Igualmente encantada, retirou o véu e a touca de freira, e fechou os olhos em contentamento, sentindo o vento soprar por entre seus cabelos lisos e escuros. 
Ela apressara-se na primeira parte de sua tarefa para poder demorar-se na volta, e pretendia aproveitar cada momento de liberdade. 
Não que madre Rohese fosse repreendê-la pela demora; a superiora era sempre incrivelmente tolerante com sua caprichosa noviça. Meriel suspirou, lembrando-se mais uma vez de como o tempo estava passando rápido. 
Havia chegado ao Convento de Lambourn como aluna aos dez anos, e nos cinco anos transcorridos desde então passara mais tempo com as irmãs beneditinas que com sua própria família em Beaulaine. 
Sir William de Vere mandara a filha para o convento com a ideia de que um dia usasse o véu, e no ano anterior Meriel iniciara seu noviciado. 
Lambourn era uma pequena casa, motivo pelo qual era um convento, e não uma abadia, mas era um lugar feliz, e Meriel adorava as irmãs e o estilo de vida. Apesar disso, quanto mais de aproximava o dia de fazer os votos finais, mais difícil se tornava imaginar passar o resto de sua vida dentro dos limites do claustro. 
Era sufocante só de pensar.
Exatamente por esse motivo a madre Rohese frequentemente encarregava Meriel de tarefas no povoado, como forma de aliviar sua inquietude. 
Mas será que ela estaria tão inquieta se seus votos finais não estivessem tão próximos? Percebendo que os pensamentos começavam a girar em círculos, 
Meriel os colocou de lado, evitando estragar com preocupações aquele dia perfeito. 
Suspendeu a saia do hábito preto e sentou-se de pernas cruzadas para observar a ave. 
Batizara o pequeno falcão de Rouge, por causa das listras castanho-avermelhadas na parte superior do corpo, mas não treinara a ave para caçar. 
Além do fato de não ter tempo para o demorado trabalho de treinamento, a falcoaria seria uma atividade muito inapropriada para uma freira. 
Ter o prazer da companhia de Rouge, tanto no convento como nas ocasionais viagens para ao campo, era suficiente. 
Meriel adorava animais: cavalos, pássaros, cachorros, até mesmo gatos. 
Lamentavelmente, não tinha sabedoria para apreciar as aranhas, mas talvez quando fosse mais velha e mais devota aprendesse a amá-las também.