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27 de julho de 2014

Ela é Minha






Ela é minha! 

Era isso o que Anthony McKlain desejara gritar, mas deve ocultar no coração aquele amor. 

Os segredos e as mentiras conspiram contra ele, fazendo-o acreditar que é impossível ama-la, e, mesmo assim, Anthony está disposto a dar a vida por ela, porque prefere morrer por amor a viver sem tê-la.
Uma história de amor cheia de segredos, laços de sangue, intriga e paixão, enfeitada com a magia das terras escocesas.         

Comentário revisora Hija de La Luna: Gostei dessa autora, – apesar de nunca ter ouvido falar dela - pois ela escreve bem, não deixa pontas soltas e trata do assunto magia com muita leveza. Foi um verdadeiro prazer traduzir e revisar este livrinho... Aliás, o Anthony é uma graça... Um TDB de primeira! E aqueles votos, o que foi aquilo?! Meu Deus... Só lendo para saber do que se trata. Recomendo a leitura, pois este é mais um histórico de qualidade. Beijos.

Capítulo Um

O sol começava a descer no horizonte e o vento não mexia o capim das pradarias porque não havia capim, não havia pasto. O inverno ainda não havia chegado ao fim. 
Aquele ano parecia ter se demorado nas highlands um pouco mais. O vento frio e as nuvens que ameaçavam tormenta não queriam abandonar aquelas terras. 
Algo continuava retendo-as um pouco mais, e Anthony McKlain sabia o que era esse algo, quem era esse algo, no entanto, o que não sabia, e isso o preocupava, era o por quê.
Durante os últimos dias, enquanto atravessava a cavalo as aldeias do clã, ouvira os aldeões se lamentando sobre o longo inverno. Fazia semanas que o tempo já devia ter mudado, quase não sobrara pasto para o gado e os víveres armazenados para o inverno estavam quase no fim. A situação estava começando a ficar preocupante. 
O mau tempo da Escócia era bem conhecido por todos, mas aquilo já estava estranho demais.
O jovem McKlain e doze dos seus melhores guerreiros estavam passando pela última aldeia antes de ir para casa quando uma menina, vestida com roupas maltrapilhas e mal-cheirosas, abordou-lhe o cavalo. A montaria nem se mexeu quando a criança se agarrou à pata, e mal alcançava a bota de Anthony, que estava pendurada na sela.
— O jovem McKlain voltou, ele vai trazer boa sorte — gritou a garota, sem soltar a pata do cavalo.
Imediatamente, uma mulher, um pouco mais bem vestida, aproximou-se da menina e, de cabeça baixa, falou.
— Perdão, meu senhor, — a mulher quis tirar a menina, que continuava agarrada à montaria, e ela se aferrava a esta como se fosse sua salvação — mas é que a comida começa a escassear.
— Você não prestou atenção, mas sempre que ele volta o sol sai — insistia a menina, falando com o rosto pregado à enorme pata do corcel de guerra. — Senhor, não vá embora de novo. Não nos abandone mais.
— Não diga essas coisas, ele não pode fazer nada. Ninguém manda no tempo — a mulher repreendeu a menina. Virou a cabeça para Anthony e, sem olhar para ele, desculpou-se. — Perdoe a insolência da minha filha, ela será castigada, se assim o desejar.
— Deixe-a...
“Por quê castigar alguém que dizia a verdade”, pensou Anthony.
Ninguém mandava no tempo, ninguém mandava no tempo...
— Onde você está? — perguntava-se Anthony cada vez mais preocupado.
Fazia meses que estava fora de casa. Meses nos quais as contendas com os ingleses não lhe deixaram muito tempo para pensar nela. Faltava-lhes ainda uma noite para chegarem à fortaleza do clã, a casa dele. Então iria averiguar o que estava acontecendo.
Porém, uma estranha sensação estava lhe percorrendo o corpo. A preocupação estava começando a lhe martelar a cabeça. Já não era uma inquietude normal, cada poro da pele dele desprendia ansiedade.
Desmontaram quando saíram do povoado. Ele e os homens passariam a noite ali, debaixo do teto de um estábulo. 
O céu estava prometendo tormenta, e os homens não mereciam dormir sob a intempérie de novo. As noites no campo de batalha tinham terminado, e os poucos guerreiros que ainda o acompanhavam o seguiriam até Stongcore. O resto fora ficando nas aldeias por onde foram passando.
Como filho do senhor daquelas terras tinha o dever de deixar, nas respectivas aldeias, os guerreiros que o acompanharam nas batalhas e arriscado a vida sob o estandarte dos McKlain.
Entre os deveres do filho e herdeiro do laird, um deles era comunicar as baixas entre suas fileiras. Nesse caso devia se certificar de que a família do falecido teria meios suficientes para continuar vivendo. Como filho do chefe do clã devia garantir o bem-estar do povo e, ainda mais, das famílias dos soldados que combatiam ao lado dele.
Os homens haviam esticado no chão, sobre a palha, o manto dos MacKlain e estavam aguardando, estendidos sobre ele, que as mulheres da aldeia lhes trouxessem comida. Minutos mais tarde apareceram várias mulheres carregando pratos com carne assada, fatias de pão e vinho.
— Lamento que não seja muita coisa, mas mal nos sobra comida, senhor — desculpou-se a mulher. As demais continuaram afastadas, de cabeça baixa e sem levantar o olhar.
— É o suficiente. Não se aflija, mulher. Obrigado por compartilhá-la conosco.
— Obrigada pela sua benevolência. Estamos muito contentes com o seu retorno.
As mulheres saíram do estábulo e os homens começaram a comer e a beber com ânsia.
Anthony ficou de pé junto à janela, olhando o céu.
“Tem alguma coisa errada, o inverno não vai embora e as aldeias estão sofrendo penalidades. Onde você está...?”