O valente Lorde Bannor de Elsinore necessitava com urgência de uma mulher sensata que cuidasse de seus filhos órfãos e o mantivesse afastado da tentação carnal.
Enquanto isso, a jovem Willow sonhava com um príncipe encantado que a libertasse de sua mesquinha família. Ambos contraem matrimônio, mas nenhum dos dois encontra o que procurava.
Willow se sente como uma intrusa no castelo, com um aprumado marido que não a quer em seu leito.
Logo descobrirá que não é a indiferença o que está no coração do impetuoso guerreiro, a não ser um desejo tão real que acabará por derrubar todos os muros, uma paixão tão ardente que nada poderia apagá-la.
Entre o ardor da batalha
Aceitar uma oferta de matrimônio era a única maneira que tinha Willow de escapar de sua detestável família.
Como ia adivinhar que lorde Bannor, seu bonito marido, já era duas vezes viúvo e pai de uma penca de meninos, legítimos e naturais, dos quais ela teria que cuidar?
Decepcionada e ferida, convencida de que não tinha nenhum atrativo para seu marido, Willow se rebela.
Com feliz assombro, descobrirá que seu inimigo conta com armas secretas e é capaz de converter a rendição no maior dos prazeres.
Capítulo Um
Inglaterra, 1360
Sir Bannor o Audaz corria precipitadamente pelos escuros corredores de pedra do castelo.
O suor lhe escorria sobrancelhas abaixo e o coração pulsava desbocado no peito como um tambor de guerra.
Dobrou a esquina a toda pressa e se escondeu no oco de uma janela afundada no muro, lutando por acalmar a rouca respiração que não o permitia escutar se aproximavam seus perseguidores.
Durante um instante bendito, houve silêncio.
Depois ouviu o implacável golpear de seus pés contra o chão, seguido dos gritos selvagens que pressagiavam sua sorte.
A mão tremente dirigiu-se instintivamente ao punho da espada, antes que recordasse que a arma seria inútil contra eles.
Estava indefeso.
Se qualquer dos homens que tinham brigado a seu lado contra os franceses durante os últimos quatorze anos tivesse visto o calafrio de terror que percorreu seu volumoso corpo naquele momento, teria duvidado de seus próprios sentidos.
Tinham-lhe visto escalar a parede de um castelo sem mais ajuda que suas mãos, se esquivando do azeite que caía ardendo do céu como se tratasse de fogo do inferno. Tinham-lhe visto descer de um salto de seu cavalo e correr em meio de uma chuva mortal de flechas, para recolher a um homem cansado em combate sobre seu ombro e levá-lo a um lugar seguro.
Tinham visto romper a folha de uma espada francesa contra sua própria coxa, sem indício de vacilação a causa da dor, e depois usar essa mesma espada para acabar com o homem que o tinha atacado.
Para deleite do rei Edward, sabia-se que alguns de seus inimigos tinham deposto as armas e se renderam somente ante o rumor de que Sir Bannor se achava no campo de batalha.
Mas nunca antes enfrentou a um adversário tão formidável, tão carente de piedade e de compaixão cristã.
Enquanto passavam em correria diante de seu esconderijo, encolheu-se contra a parede, enquanto movia os lábios silenciosamente em uma oração, para que Deus, que sempre tinha estado ao seu lado nas batalhas, o resgatasse.
Série Contos de Fadas
1 - Duelo de Paixões
2 - A Maldição do Castelo
Série Concluída