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29 de agosto de 2015

Falsa Inocência




Sophie Haversahm daria qualquer coisa para não ter o dom de ver o futuro, pois sempre a tomaram por louca e por culpa desse "talento" já tinha perdido seu prometido.

Além disso, convencer a Scotland Yard de que vai se cometer um assassinato é muito mais difícil do que ela pensava; sobre tudo porque a futura vítima é nada mais, nada menos que o atraente detetive Mick Dunbar. 
Mick não acredita em visões e está convencido de que na realidade Sophie está protegendo o possível assassino. Entretanto, quando a vida de Sophie corre perigo, Mick se dá conta de que se apaixonou por essa preciosa e incomparável mulher capaz de lhe ler a mente e o coração. 
Será muito tarde para salvá-la?

Capítulo Um

Londres, 1897
Quando Mick Dunbar despertou essa manhã de 28 de maio não era um homem feliz. Fazia trinta e seis anos, e tinha que encarar o amargo fato de que já não era tão jovem.
Esse dia em concreto, inclusive se sentia mais velho. Doía-lhe o ombro por causa da ferida de bala que tinha recebido dez anos atrás, estava convencido de que tinha mais cãs que a noite anterior e nem sequer ter barbeado o bigode o fazia aparentar menos idade. Mick soube que esse dia ia ser muito, muito longo.
Logo que pôs os pés na Scotland Yard, viu que as brincadeiras relacionadas com seu aniversário já tinham começado. Seu escritório estava vazio. Sua mesa, suas cadeiras, as pastas de seus casos tinham desaparecido. Levaram inclusive as condecorações que ao longo de sua carreira tinha pendurado na parede.
-Thacker! - gritou e viu como o sargento saía correndo da sala que no departamento de investigação criminal utilizavam como sala de reuniões -. Pode-se saber o que está acontecendo aqui?
A careta que desenhou o ruivo bigode do sargento indicou a Mick que Thacker estava ciente do acontecido.
-O inspetor chefe DeWitt decidiu que hoje era o dia perfeito para pintar seu escritório.
-Com certeza - resmungou Mick entre dentes. Nem sequer seu chefe tinha podido resistir às brincadeiras -. E onde estão minhas coisas? No necrotério?
-Não, senhor. Estão no piso abaixo. Siga-me.
Mick desceu a escada junto com o sargento. Além do necrotério, era o pior lugar que podiam ter escolhido os meninos. Qualquer um que ia
dar parte de um delito tinha que passar primeiro por ali. Era um lugar caótico, ruidoso e cheio de gente.
Thacker o levou até o centro da sala. Sua mesa estava ali coberta por um montão de arquivos, e as pastas dos casos abertos estavam no chão, rodeando-a por completo. Mick, que era sem dúvida o oficial mais obcecado com a ordem de toda a Polícia Metropolitana, olhou todo esse caos e amaldiçoou tão forte que o ouviram por toda a sala.
Todos os policiais puseram-se a rir olhando-o divertidos. Mas à medida que se aproximava da mesa se deu conta de que a brincadeira ainda não tinha chegado ao seu fim. Apoiado no respaldo de sua cadeira havia uma bengala.
Mick olhou esse símbolo da terceira idade e franziu o cenho. Fazer brincadeiras quando era o aniversário de um deles era o pão de cada dia, e ele estava acostumado a rir tanto quanto qualquer um, inclusive quando era a vítima. Mas esse ano não.
Agarrou a bengala e, sem nenhuma delicadeza, a deu a Thacker.
-Jogue isto no lixo.
-Feliz aniversário, senhor. -Thacker lhe deu uma sincera palmada nas costas que só fez com que lhe doesse ainda mais o ombro-. Já imaginava algo como isto, verdade?
-Sim, imaginava.
-Anime-se, senhor.