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7 de março de 2012
Inocência Revelada
Ele era um homem com segredos.
Ela, uma mulher cheia de mentiras. Lady Katrine de Gravere aceitou, a seu pesar, dar proteção àquele misterioso e sedutor comerciante.
Em troca receberia lã suficiente para encher seus teares. Dormindo sob o mesmo teto, sempre com a tentação de acariciar seu cabelo vermelho como o fogo, Renard se perguntava se aquela inocente tecelã suspeitaria quais eram os verdadeiros motivos pelos quais ele estava ali. Em uma cidade em que ninguém parecia ser quem era em realidade, Katrine o fazia desejar coisas proibidas para ele.
Mas, podia confiar que ela não o traísse?
Capítulo Um
Flandres, Países Baixos. Primavera de 1337
As sombras ocultavam o rosto do desconhecido, mas apesar dos fortes batimentos de seu coração, Katrine ouviu a ameaça que havia em sua voz.
—Você decide — disse ele. —Posso lhe conseguir a lã que necessitam, mas se deixar passar a oportunidade... — o ligeiro movimento de seus ombros tampou os raios de sol matutinos que penetravam na estadia.
—Há muitos outros compradores que estarão dispostos. —Todos os tecelões de Gante estarão dispostos.
Katrine tratou de ocultar o tremor de sua voz. Não era nenhum segredo.
Privada da lã que era seu sustento, aquela cidade, que se dedicava à fabricação de tecidos e roupa, morreria de fome.
Por isso, de um modo temerário, Katrine aceitou escutar aquele desconhecido que afirmava poder achar lã para seus teares.
Ele não a necessitava, mas ela sim necessitava de sua lã. Desesperadamente.
Com os braços cruzados, o contrabandista se apoiou contra a parede, invadindo o espaço como se lhe pertencesse.
—Decida senhora. Faça um trato comigo ou morra de fome.
Contra o tear, Katrine sentiu a madeira lhe apertando a coluna como as estacas da fogueira de um mártir. Acariciou os fios em busca de um pouco de força, estes estremeceram sob seus dedos.
Ao levantar o olhar, tentou interpretar o que via em seus olhos, mas o sol deixava o rosto dele na escuridão.
Não devia ceder muito cedo ou não poderia negociar com ele.
—Sua voz não tem acento de Gante — não sabia nada daquele homem, nem sequer como se chamava.
—De onde você é? Um raio de sol iluminou uma mecha de seu cabelo avermelhado.
A princípio não disse nada e Katrine começava a perguntar-se se a teria ouvido quando por fim respondeu:
—Nasci em Brabante. A resposta parecia confiável.
O ducado vizinho era um dos seis feudos que se agrupavam junto ao canal que afastava a Inglaterra da França.
Ao menos assim poderia descobrir que produtos ele oferecia.
Com os dedos escondidos entre as dobras da saia, Katrine beliscou o tecido, o qual lhe deu certo consolo.
—Minha marca aparece só em materiais de primeira qualidade. Compro com muito cuidado. Esse seu tecido é inglês ou espanhol? —Inglês.
—Muito bem — com as mãos entrelaçadas no colo, Katrine começou a caminhar de um lado para outro, enquanto considerava as diferentes opções que tinha ante si.
Era melhor não perguntar como tinha caído em suas mãos aquele tecido.
O rei inglês tinha requisitado todos os carregamentos que chegaram a Flandres nos últimos nove meses.
—De onde são as ovelhas? Prefiro os rebanhos cistercienses aos de Tintern Abbey, embora aceitaria lã de Yorkshire.
—Aceitaria?— Perguntou ele, com um irônico sorriso desenhado nos lábios.
— Aceitaria algo que eu lhes ofereça. Não têm outra escolha.
"Santa Catalina, o que devo fazer?"
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