Mostrando postagens com marcador Jóia Proibida da Índia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jóia Proibida da Índia. Mostrar todas as postagens

1 de fevereiro de 2015

Jóia Proibida da Índia


Anusha Laurens é um perigo. A filha de uma princesa indiana e de um nobre inglês é a pretendente perfeita na opulenta corte do Rajastão. 

Ainda assim, ela não retornará para o pai que a rejeitou. 
O arrogante major Nicholas Herriard é incumbido de levar a atraente princesa em segurança para sua nova vida em Calcutá. 
A missão dele é proteger e servir… mas sob o escaldante sol indiano nasce uma tentação proibida. 
A bela e impossível Anusha é um teste para a honra de Nick, especialmente quando resta apenas uma saída: casamento. Mas a forte correnteza do Ganges lhes reserva um destino diferente, e o dever pode separá-los para sempre…

Capítulo Um

Palácio de Kalatwah, Rajastão, Índia — março de 1788
Formas projetadas pela luz do sol e pelas sombras que incidiam dos orifícios das paredes de pedra sobre o chão de mármore provocavam o efeito de um bálsamo calmante nos olhos castigados por milhas de estradas empoeiradas. 
O estresse físico da longa jornada começava a se dissipar. Um banho, uma massagem, uma troca de roupas e ele se sentiria humano outra vez.
Passos apressados, o raspar indistinto e afiado de garras sobre o mármore. O cabo da faca que trazia na bota foi empunhado com a familiaridade adquirida pelos longos anos de prática enquanto ele girava de frente para uma passagem lateral e se acocorava antecipando o ataque.
Um mangusto se materializou na abertura, estacou de repente e chiou para ele. Todos os pelos do corpo eriçados diante da ameaça, a cauda empinada lembrava a floração da escova-de-garrafa.
— Animal idiota. — Nick disse em hindi, à medida que o som de passos apressados se tornava mais nítido e uma menina surgia no encalço do mangusto. A saia rodada escarlate girando em torno dela quando recobrou o equilíbrio e parou. 
Não era uma menina, mas, sim, uma jovem, sem a proteção do véu e desacompanhada. A parte do cérebro de Nick, que ainda se concentrava no ataque, analisou o som das passadas da jovem: ela havia mudado a direção duas vezes, antes de emergir na abertura, o que significava que aquela era uma das entradas alternativas para a zanana.
Aquela moça não deveria estar ali, fora dos aposentos femininos. Ele não deveria estar ali, observando-a enquanto todo o sangue do seu cérebro rumava para os pés, o corpo se posicionava para a violência e a mão empunhava uma faca.
— Pode guardar sua adaga — disse ela. Levou alguns instantes para Nick perceber que a jovem falava em um inglês com sotaque. — Tavi e eu estamos desarmados. Exceto pelos dentes — acrescentou, mostrando os dela, brancos e regulares, entre os lábios levemente curvados por um sorriso irônico. O que lhe mascarava o choque, Nick tinha certeza. O mangusto se enroscou nos pés descalços pintados com hena, ainda chiando consigo mesmo. O animal usava uma coleira cravejada de pedras preciosas.
Nick se recompôs e enfiou a faca de volta na bainha enquanto se erguia e unia as mãos.
— Namaste.
— Namaste. — Por sobre as mãos que ela também unira, os olhos cinza-escuros o estudavam. O choque parecia ter se dissolvido em uma desconfiança mesclada com hostilidade, e a jovem se esforçava para disfarçar os dois sentimentos.
Olhos cinza? E uma pele com a tonalidade dourada do mel. Mechas cor de mogno se alternavam nos cabelos castanho-escuros, presos em um trança grossa que lhe caía pelas costas. Ao que tudo indicava, sua caça o encontrara.
A jovem não parecia desconcertada por estar sozinha, sem a proteção do véu, na presença de um desconhecido. Apenas permanecia parada no mesmo lugar, observando-o. A saia ampla escarlate, pesada devido ao excessivo bordado prateado, chegava-lhe à altura dos tornozelos, permitindo um vislumbre da calça justa por baixo. A choli apertada revelava não apenas curvas deliciosas e braços elegantemente torneados, ornados com pulseiras de prata, como também uma desconcertante faixa do abdome aveludado e dourado.
— Devo me retirar. Desculpe-me por incomodá-la. — Nick disse em inglês, imaginando se talvez não fosse o mais desconcertado dos dois.
— Não deve — retrucou ela com uma simplicidade esmagadora no mesmo idioma. Em seguida, virou-se e transpôs a mesma abertura pela qual surgira. — Mere pichhe aye, Tavi — chamou enquanto a saia da lehenga desaparecia de vista. O mangusto a seguiu obediente.
O som das garras contra o assoalho fenecendo, juntamente com os passos leves da jovem.
— Diabos! — Nick disse diante da passagem vazia. — Essa é definitivamente a filha dele. De repente, um simples dever se tornou algo complemente diferente. Ele aprumou os ombros e marchou na direção de seus aposentos. Um homem não se tornava major da Companhia Britânica das Índias Orientais se deixando afetar por uma mulher de língua afiada, não importava o quanto fosse bela. Tinha de tomar um banho e procurar ter uma audiência com o rajá, o tio daquela jovem. Depois disso, tudo o que tinha a fazer era transportar a srta. Anusha Laurens em segurança para o outro lado da Índia, até o pai.
— Paravi! Rápido!
— Fale em hindi. — Paravi repreendeu quando Anusha entrou em seu quarto em uma revoada de saias e lenços.
— Maf kijiye. — Anusha se desculpou.
— Acabei de conversar com o homem inglês e minha mente ainda está traduzindo.
— Angrezi?