Manter segredos e contar mentiras não ajudavam o início de um casamento... Porém, o que mais poderia fazer uma mulher que fugia de um escândalo, Jenna Winslow indagou-se: Quem haveria de querer uma virgem inexperiente acompanhada por um bebê órfão? Com certeza não seria Rowe Mercer, um fazendeiro austero, um homem de padrões inflexíveis... e atrativos irresistíveis!
Ex-caçador de recompensas, Rome Mercer tinha passado boa parte da vida enfrentando o perigo. Agora, ansiava por dedicar-se a atividades mais tranquilas. Porém, quando Jenna Winslow, a noiva encomendada pelo correio chegou, ele se perguntou se suas orações tinham sido realmente respondidas. Afinal, poderia haver um futuro para uma jovem refinada do Leste e um homem com um passado sombrio que merecia ser esquecido?
Capítulo Um
Setembro de 1876
Prezada Sra. Winslow,
Fiquei satisfeito ao receber sua segunda carta hoje. Em resposta a suas perguntas, informo-a que moro numa propriedade rural há uma hora, a cavalo, de Saddler Creek. A cidade tem um armazém, uma escola e um hotel. Mas carece da presença de mulheres para amenizar suas arestas.
Sra. Winslow, prefiro agir em vez de falar, por isso, vou direto ao ponto. Gostei do que escreveu em sua carta e acredito que temos pontos em comum em relação a nosso casamento. Não pretendo enganá-la com promessas de amor, mas ofereço-lhe meu respeito e um lar onde poderá criar sua filha e, se Deus permitir, nossos filhos. Juntos, poderemos construir uma vida satisfatória. Aguardo sua resposta.
Rowe Mercer
Com o máximo cuidado, Jenna Winslow dobrou a carta de Rowe Mercer e, mais uma vez, rezou pedindo um sinal que lhe confirmasse ter tomado a decisão certa de se casar. Olhou para o céu cinzento, meio esperançosa de ver um relâmpago ou as nuvens caindo em forma de chuva. Naturalmente, nada aconteceu.
Aborrecida com a própria tolice, enfiou a carta entre as páginas da nova edição do livro de Beeton, intitulado A Administração do Lar. Passou a mão enluvada pela saia do vestido de lã verde-escura e, pela terceira vez, arrumou as dobras da capa de veludo.
— Não preciso de um sinal. Tudo vai dar certo. Esta mudança será ótima para nós duas — murmurou.
Jenna olhou para a cesta branca, a seu lado no banco da estação ferroviária, onde Kate, a sobrinha de cinco meses, dormia. A pele da criança era tão macia e os cabelos não passavam de uma penugem quase branca. Os lábios formavam um biquinho. Achava linda.
A estação ferroviária de Alexandria, Virgínia, fervilhava de pessoas. Cavalheiros, com elegantes ternos de lã e sobretudos pretos, acompanhavam senhoras/que exibiam vestidos da famosa loja Worth e capas com guarnições de seda. Todos pareciam impacientes e aconchegavam-se uns ao outros na tentativa de suportar o frio úmido da manhã. Esperavam pelo trem das nove horas que já estava vinte minutos atrasado.
A temperatura baixa anunciava a chegada prematura do inverno.
Jenna friccionou as mãos geladas, apesar da proteção das luvas. Lamentava não estar ali para ver, pela última vez, as ruas e as casas lindas de Alexandria brancas de neve. Havia crescido nâ cidade e, apesar das dificuldades enfrentadas nos últimos meses, as boas lembranças tornavam a partida mais triste do que havia imaginado.