Sequestrada erroneamente por um bando, a vida da tímida e isolada lady Amber Kinsberly se vê desestabilizada.
Cedric, o Chefe, sente-se atraído e exasperado desde o primeiro momento por aquela jovem de alto berço que chegou às suas mãos pelo mais delicioso mal-entendido.
O abismo entre suas personalidades parece estreitar-se quando ela se empenha em converter-se em alguém como ele entrando em seu mundo, algo que Cedric acaba não considerando uma boa ideia.
Capítulo Um
1813, Londres.
Capítulo Um
1813, Londres.
Quando a última das criadas se encerrou em seu quarto, Amber reapareceu dentre as sombras da escada. Titubeou antes de fazê-lo, tudo estava muito escuro e podia tropeçar com algo a qualquer momento, produzindo um ruído que despertasse a qualquer um no silêncio da noite. Mas o certo é que conhecia cada centímetro de seu lar melhor que a si mesma e, embora aquela noite houvesse mais pessoas na casa, confiava em que tudo sairia bem.
Com passos firmes, mas silenciosos, encaminhou-se até a cozinha, aquele universo que nenhum membro de sua família pisava nunca, a menos que fosse para dar alguma ordem ou revisar o banquete de uma festa. Mas Amber sim ia muito a esse lugar, no mínimo uma vez por semana. Ali, escondida de todos, já perdidos no sono, saía à escuridão e perigos da noite londrina para interpretar o que ela considerava um ato de valentia e loucura.
Possivelmente o segundo mais que o primeiro. Na penumbra, desenhou um mapa em sua mente até recordar onde o pessoal da cozinha guardava as cestas. À sua direita havia todo um desfile de móveis de madeira, com ganchos grossos que seguravam todo tipo de cargas: toalhas, panelas, vasos… e em um daqueles ganchos estavam delicadamente ordenadas quatro cestas de vime que estavam acostumados a dispor-se para os passeios das damas da casa.
Não perdeu tempo e agarrou uma delas, de tamanho médio, e começou a introduzir algumas frutas que tinha espalhadas pela mesa. Também pegou pão, embora estivesse duro e certamente com algum indício de mofo, a cozinheira devia tê-lo para a elaboração de um pudim. Queria pegar mais coisas, mas não era sensato fazer desaparecer tanta comida.
Cobriu os mantimentos com um grosso guardanapo que pegou sobre uma cadeira e fechou a cesta, não era suficiente para todos, mas eles sabiam compartilhar e sempre se arrumavam com o que fosse que lhes levasse. Amber ajustou a capa sobre seu estreito corpo e cobriu o cabelo.
Em suas intencionadas visitas à cozinha tinha descoberto onde guardavam a chave da porta que dava ao pátio traseiro, conduzindo-a ao exterior, por isso inclusive às escuras não lhe foi difícil ficar nas pontas dos pés e alcançar a roliça chave situada em um gancho sobre a porta. Ao sair para o frio gelado de princípios de abril, deu a volta na casa e cruzou a grade que isolava a mansão da empedrada rua londrina, deu uma última olhada às janelas procurando com medo algum rosto que a pudesse delatar.