Seu ódio lhe levará ao castelo de seu inimigo onde conhecerá sua filha, María, por quem sentirá uma grande atração desde o primeiro momento e a quem decidirá sequestrar e fazê-la sua para acalmar assim sua ânsia de vingança.
Quando se dispõe a levar a jovem, ela já não está no castelo. Henric iniciará então sua partida entrando na rota de peregrinação para Compostela com um único objetivo: encontrar a filha de Eurico.
No caminho conhecerá uma moça que esconde sua verdadeira identidade.
Uma jovem que resultará ser María, a qual leva uma relíquia sagrada que deve proteger com sua vida.
Ela acabará conquistando o coração do guerreiro, o qual, em seu empenho por protegê-la, a levará até seu castelo no Cork, sem ser consciente de que com essa decisão colocará em perigo a vida de sua amada.
Capitulo Um
A fuga
Naquela manhã despertei muito cedo, era meu décimo nono aniversário e intuía que não seria o melhor dia de minha vida. Meu pai me tinha adiantado na tarde anterior suas intenções de anunciar, durante o baile que teria lugar essa noite, meu compromisso com o Almirante português Acurcio, grande amigo deste, companheiro inseparável de batalhas e possuidor de riquezas e prestígio frente à coroa da Castilla em Portugal. A notícia provocou que me revelasse contra ele.
— Não penso em me casar! — Disse-lhe zangada.
— Sim, María! Você vai casar com o homem que eu ordenar! —Olhou-me furioso.
— Mamãe nunca teria permitido! — Respondi-lhe enquanto me escorriam as lágrimas.
— Sua mãe sempre obedeceu ao seu pai, igual a você tem que fazê-lo. — Houve uma pausa. — Amanhã anunciarei seu compromisso no baile. O prometi. Devo-lhe um favor. Além disso, isso beneficia a sua família, fortalece-nos. — Dito isto partiu.
Não podia dar crédito a tudo o que estava me acontecendo, minha vida desmoronava da noite para o dia. Esse homem, com o que meu pai queria me casar, era seu fiel reflexo: mulherengo, agressivo, dominante e da mesma idade que ele, não podia suportar a ideia de ter que passar uma noite com aquele ser desprezível.
Meu pai nunca tinha sido um bom marido, eu tinha escutado muitas noites minha mãe chorar em silêncio por culpa dele, tinha-lhe visto agredi-la físicamente e verbalmente.
Capitulo Um
A fuga
Naquela manhã despertei muito cedo, era meu décimo nono aniversário e intuía que não seria o melhor dia de minha vida. Meu pai me tinha adiantado na tarde anterior suas intenções de anunciar, durante o baile que teria lugar essa noite, meu compromisso com o Almirante português Acurcio, grande amigo deste, companheiro inseparável de batalhas e possuidor de riquezas e prestígio frente à coroa da Castilla em Portugal. A notícia provocou que me revelasse contra ele.
— Não penso em me casar! — Disse-lhe zangada.
— Sim, María! Você vai casar com o homem que eu ordenar! —Olhou-me furioso.
— Mamãe nunca teria permitido! — Respondi-lhe enquanto me escorriam as lágrimas.
— Sua mãe sempre obedeceu ao seu pai, igual a você tem que fazê-lo. — Houve uma pausa. — Amanhã anunciarei seu compromisso no baile. O prometi. Devo-lhe um favor. Além disso, isso beneficia a sua família, fortalece-nos. — Dito isto partiu.
Não podia dar crédito a tudo o que estava me acontecendo, minha vida desmoronava da noite para o dia. Esse homem, com o que meu pai queria me casar, era seu fiel reflexo: mulherengo, agressivo, dominante e da mesma idade que ele, não podia suportar a ideia de ter que passar uma noite com aquele ser desprezível.
Meu pai nunca tinha sido um bom marido, eu tinha escutado muitas noites minha mãe chorar em silêncio por culpa dele, tinha-lhe visto agredi-la físicamente e verbalmente.
Quando ela morreu, meu irmão Juan e eu sentimos um grande vazio em nossas vidas, meu pai nunca se interessou por nós, e mais, fomos um obstáculo para ele, já que cada vez que passava a noite em cama alheia tinha que nos olhar no dia seguinte e justificar sua ausência. Juan e eu nos refugiamos no carinho de nossa babá Ana, ela sempre tinha estado ao nosso lado e, nesses momentos tão tristes, deu-nos todo seu amor.
Ainda não tinha podido contar a Ana nem ao meu irmão, logo que tinha dormido aquela noite. Olhei-me no espelho e me assustei ao ver refletido neste um rosto gasto, com a presença marcada dos sinais do cansaço. As lágrimas começaram a percorrer minhas bochechas, “esse não pode ser meu destino”, pensei.
Ainda não tinha podido contar a Ana nem ao meu irmão, logo que tinha dormido aquela noite. Olhei-me no espelho e me assustei ao ver refletido neste um rosto gasto, com a presença marcada dos sinais do cansaço. As lágrimas começaram a percorrer minhas bochechas, “esse não pode ser meu destino”, pensei.
Dirigi-me para a varanda e saí para tomar ar, afogava-me, respirei fundo e fixei meu olhar nos grandes canhões que protegiam o rio Lobos, apesar da lonjura, distinguia-se sua fortaleza e a imponência daquela natureza soriana.
Numerosos peregrinos percorriam estas terras para chegar aos canhões e, assim, poder avançar para a Compostela, Fisterra, para posteriormente, muitos deles, embarcar às cruzadas em direção a Jerusalém.
Levantei minha vista ao céu e ali estava ela, a águia imperial que sulcava os vales, ladeiras, montes de minha terra, “assim quero ser eu, livre como você, proprietária de minha própria vida”, pensei.
Levantei minha vista ao céu e ali estava ela, a águia imperial que sulcava os vales, ladeiras, montes de minha terra, “assim quero ser eu, livre como você, proprietária de minha própria vida”, pensei.
Naquele pequeno instante tomei uma decisão, fugiria, não estava disposta que forçassem meu próprio destino, minha mãe sempre me repetiu que nunca devia deixar que um homem tomasse as decisões por mim, e assim o faria. Recordei aquela noite antes que ela morresse, estava muito pálida, deitada na cama, apenas pode se erguer ao ver-me, levava algo na mão, guardava-o nesse momento em seu punho ante meu olhar curioso.
— María! — Disse com voz débil, — Me prometa que sempre protegerá sua honra, suas raízes.
— Por que me diz isso, mamãe? — A voz me entrecortava e as lágrimas começaram a percorrer meu rosto.
— Prometa-me isso — insistiu.
— Lhe prometo — respondi.
Sorriu. Seu olhar estava perdido, sabia que queria me dizer algo que para ela era de suma importância.
— Vem! Aproxime-se! — Assinalou-me com sua mão um oco em sua cama muito próximo a ela.
— O que te passa, mamãe? Está muito estranha — lhe perguntei.
— Você sabe que eu vivia em Leão, na casa onde reside tia Isabel. — Assenti. Muitos verões tínhamos ido, meu irmão e eu, com minha mãe ver minha tia e passar os três meses estivais com ela. — Você lembra quando viu, faz muito tempo, o vovô com uma capa branca e um estandarte que levavam impressos uma insígnia?
— Sim, recordo-o, primeiro vi o vovô e logo outros muitos cavalheiros que se reuniam ali, até você tinha uma capa igual. Eu queria ter uma, lembra como eu gostava. — Ambas rimos.
— Pois essa capa representa as origens de sua família. Essa insígnia é uma cruz, simula uma espada com forma de flor de lis no punho e nos braços. A flor representa a honra, a espada o caráter cavalheiresco do apóstolo Santiago, já que foi decapitado com uma adaga.
— O que está querendo me dizer, mamãe? Não entendo nada. —Não compreendia o porquê daquelas explicações.
— Seus antepassados estiveram no lugar e momento exato em que tirou o chapéuda tumba do apóstolo Santiago. Seu avô me contou que seu pai lhe relatou mil e uma vezes o momento em que nosso familiar, junto com outras pessoas, viu uma enorme estrela no bosque Libredón, que brilhava tanto que machucava os olhos. Tiveram muito medo.
— María! — Disse com voz débil, — Me prometa que sempre protegerá sua honra, suas raízes.
— Por que me diz isso, mamãe? — A voz me entrecortava e as lágrimas começaram a percorrer meu rosto.
— Prometa-me isso — insistiu.
— Lhe prometo — respondi.
Sorriu. Seu olhar estava perdido, sabia que queria me dizer algo que para ela era de suma importância.
— Vem! Aproxime-se! — Assinalou-me com sua mão um oco em sua cama muito próximo a ela.
— O que te passa, mamãe? Está muito estranha — lhe perguntei.
— Você sabe que eu vivia em Leão, na casa onde reside tia Isabel. — Assenti. Muitos verões tínhamos ido, meu irmão e eu, com minha mãe ver minha tia e passar os três meses estivais com ela. — Você lembra quando viu, faz muito tempo, o vovô com uma capa branca e um estandarte que levavam impressos uma insígnia?
— Sim, recordo-o, primeiro vi o vovô e logo outros muitos cavalheiros que se reuniam ali, até você tinha uma capa igual. Eu queria ter uma, lembra como eu gostava. — Ambas rimos.
— Pois essa capa representa as origens de sua família. Essa insígnia é uma cruz, simula uma espada com forma de flor de lis no punho e nos braços. A flor representa a honra, a espada o caráter cavalheiresco do apóstolo Santiago, já que foi decapitado com uma adaga.
— O que está querendo me dizer, mamãe? Não entendo nada. —Não compreendia o porquê daquelas explicações.
— Seus antepassados estiveram no lugar e momento exato em que tirou o chapéuda tumba do apóstolo Santiago. Seu avô me contou que seu pai lhe relatou mil e uma vezes o momento em que nosso familiar, junto com outras pessoas, viu uma enorme estrela no bosque Libredón, que brilhava tanto que machucava os olhos. Tiveram muito medo.
Dirigiram-se para aquele lugar, tinham curiosidade para ver o que produzia esse resplendor e, quando chegaram àquele lugar, observaram um ermitão chamado Pelayo prostrado ante uma tumba, chorava e dava graças à Deus.
Eles notaram como uma força estranha lhes forçava a dobrar seus joelhos ante aqueles restos. Seu antepassado agarrou algo nesse momento, estava na mão do apóstolo, envolto em um pequeno pano de veludo vermelho, era um espinho que estava obscurecido em sua ponta. Conforme me disse meu pai, se tratava de um dos espinhos da coroa que puseram em Jesus Cristo durante sua paixão e, aquela mancha, era seu sangue.
— Não entendo nada, mamãe!
— Não entendo nada, mamãe!